Servidor municipal Cláudio Guadalupe toma posse na Academia Divinopolitana de Letras

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Na última sexta-feira (17/12) o servidor Cláudio Guadalupe foi empossado como o mais novo membro da Academia Divinopolitana de Letras – ADL. Cláudio – que é autor de dois livros, “Cantos de Meu Tempo” e “Poesia Hereditária” e esteve no Sintram para divulgar suas obras – assume a cadeira de número dois da ADL, a qual tem como patrono o escritor, poeta, musicista e jornalista, Bento Ernesto Júnior, natural Itapecerica /MG, falecido em 10/01/1943.

Cláudio Guadalupe iniciou seu discurso de posse recitando o poema de sua autoria, “Não me Rendo”, para agradecer a eleição e para definir sua atuação e essência como poeta. Disse que sente muito orgulho de estar ao lado de gerações de grandes escritores, intelectuais e artistas de Divinópolis, mas justificou que esse orgulho não é por vaidade, mas pela ideia que tem a respeito da poesia, arte que ele vê como forma de resistência cultural e ferramenta de transformação do homem.  “Para mim, a poesia se enquadra no campo de resistência cultural transformadora do homem, em seu meio social. O discurso poético, para mim, tem a mesma substância da utopia: quanto mais se caminha, mais ela está no horizonte, nos chamando!”, disse.

Cláudio que atuou como educador por mais de 30 anos, esteve a frente de movimentos sindicais do Sintemmd e Sintram, tem autuação na área da música, com lançamentos de CDs e participação em concursos na área e agora se destaca no campo da poesia se definiu como um lutador social. “O poema inicial é para definir quem eu sou: Letrista de músicas, compositor e poeta mais recentemente, escrevo com a mão ardente pela justiça, pelo bem coletivo e pela voz cultural de todos os povos! Não dá para negar o que sou: poeta e lutador social”, disse.

Dentro desse contexto, Cláudio disse que segue exemplos e que de fato, é “devedor de uma produção literária, chamada de libertária, a poesia de cunho social”. E citou diversos autores brasileiros, os quais têm como inspiração e referência: Carlos Drumonnd de Andrade, Thiago de Mello, Ferreira Gullar, Moacyr Félix, João Cabral de Mello Neto, Félix de Athaíde e Affonso Romano de Sant`Anna.  Em Divinópolis, fez referência aos poetas Júlio Régis Fuscaldi e Hugo de Lara. E no cenário da poesia social mundial  citou como influência em seus trabalhos poéticos mestres como: Bertold Brechet, Pablo Neruda, Garcia Lorca, Walt Whitman e Mia Couto.

ARTEFERIA

Além de agradecer a seus familiares, colegas de trabalho e amigos, Cláudio citou e agradeceu o apoio do movimento sindical, Sintram, Sinpro e Sintemmd, a suas obras. Destacou que tem uma dívida de origem  com os coletivos artísticos de Divinópolis como o “Oficina de Rima”, onde ele aprendeu a riqueza dos rappers,  citou os amigos da música – Grillo, Hugo Rods, Rogério, Libério Alves, Bianca Damas, Flávia Simão, Drino David, Fellipe Prada, Felipe Cassimiro, Bembem, Luna, Bauxita e outros tantos artistas, que o possibilitaram a produção de seus CDs.

E destacou por fim e principalmente o COLETIVO ARTEFERIA, o qual ele atribui seu crescimento como poeta, irmãos de objetivos comuns na defesa da poesia para periferia.  “Cito alguns dos poetas desse coletivo, em extensão a todos que fazem parte do movimento: Raul Luar, Luis Mingau, José Heleno, Regina de Morais, Mauro Oliveira, Sílvio Novais, Marcelo de Martins, Letícia, Ana Laura, Fabiana, Dina, Guilherme, Luan, Taciana, Rosely, Silvano Alves, Maria José – a Maju, kellen Miranda, Sandro Colares, Jennifer, João Pedro, Lara Ordones, Júnia Paixão. Peço que se levantem e recebam o aplauso nesta noite”, disse Cláudio.

Também em seu discurso de posse,  Cláudio prestou homenagens ao escritor, poeta, musicista e jornalista, Patrono da Cadeira nº2,  Bento Ernesto Júnior . “Devo aqui referenciar o encontro com este escritor, patrono da minha cadeira, e de agora em diante, meu irmão na poesia e na música”, disse Cláudio. Na seqüência prestou homenagens a sua antecessora a poetisa Neusa Almeida Labossière Carvalho, e encerrou seu discurso expressando a satisfação de estar tomando posse ao lado de Paulo Wangner de Miranda, o qual ele qualificou como “escritor mordaz e leve em sua prosa e poesia” e  agradeceu e destacou o trabalho do servidor, Marcos  Alves de Almeida, artista plástico e ator, que assina as ilustração dos dois livros de Cláudio Guadalupe.

SINTRAM

O vice-presidente do Sintram, Wellington Silva, esteve presente na posse do servidor, Cláudio Guadalupe e parabenizou o colega e destacou o apoio do sindicato. “Parabenizamos o colega servidor municipal, Cláudio Guadalupe, pela trajetória bonita que vem construindo como poeta, autor de dois livros, destaque em concursos literários dentro e fora do estado e pela liderança no movimento de valorização da poesia em nossa cidade com o Coletivo Arteferia. Nós, da diretoria do Sintram, ficamos muito felizes com todo esse crescimento do Cláudio e reconhecimento ao ser eleito como  membro da Academia Divinopolitana de Letras. O Sintram sempre esteve de portas abertas para o Cláudio e  para todos os servidores, que queiram divulgar seus talentos, isso é fundamental, dar espaço para que nossos colegas, compartilhem e divulguem sua arte. Desejamos ainda mais sucesso ao Cláudio e que cada dia nossa cidade possa crescer na área literária, valorizando nossos artistas e nossa história”, disse.

PERFIL

Cláudio Guadalupe é servidor municipal da educação por mais de 30 anos, aposentado no primeiro cargo e trabalhando com ajustamento funcional, devido a saúde, na Biblioteca Municipal Ataliba Lago, na Secretaria Municipal de Cultura.

Como educador trabalhou na EM Professora Hermínia Corgozinho,  na Educação de Jovens e Adultos EJA, na qual coordenou a experiência da EJA municipal e na Semed, integrou o setor de inclusão da Secretaria.

Foi sindicalista com dois mandatos na ATEMD ( hoje Sintemmd ) e dois mandatos na diretoria do Sintram. Foi uma liderança combativa nas greves, manifestações e conquistas do piso salarial da prefeitura, na aprovação do PCCS etc.

Na vida cultural da cidade, nos anos 1980 participou do Grupo de música ENCANTO, que ganhou o I FECOM – Festival de Canção do Oeste de Minas, com a música Seis e meia, composição sua. Nos anos 2016 e 2018 lançou com o músico Grillo dois cds independentes, Herói das Ruas e Muito Humano.

Tornou-se poeta, após a experiência de ser letrista e de participar do Coletivo ARTEFERIA. Nos anos 2020 e 2021 lançou dois livros de poemas, Cantos de Meu Tempo e Poesia Hereditária, além de participar de vários concursos literários.

Na Biblioteca ajuda na organização da NOITE DE POESIA, atividade da agenda mensal da biblioteca, organizada pelo servidor Sérgio Rezende.

Confira abaixo o poema “Não me rendo”, o qual ele citou em sua posse:

NÃO ME RENDO

Eu não me rendo
Enquanto houver perigo na vida adentro
Eu não me calo
Enquanto houver caminhos rebeldes e
atalhos
Eu não me turvo
Enquanto houver luz no próprio escuro
Eu não me assombro
Enquanto houver reinício entre os
escombros
Eu não me apago
Enquanto houver copo e agasalho

E se vem a dor, a que me entranha
Enquanto haja a força
Nela habita a audácia tamanha
Eu não me vendo
Enquanto houver horizonte e o vento
Eu não me aprisiono
Enquanto houver o coletivo sem dono
Eu não me avexo
Enquanto houver palavras e qualquer
texto
Eu não me exílio
Enquanto houver raça de um fazer futuro
Eu não me esqueço
Enquanto houver revolução e o centeio


E se vem a dor, a que me ensandece
Enquanto haja a liberdade
Ela vibra e a luta prevalece.

Ao centro, Cláudio, com a esposa Geralda Maria de Castro (Didi) e Augusto Fidélis, ex-presidente da ADL.
Diogo Guadalupe, filho de Cláudio, e Augusto Fidélis no momento da posse do poeta na ADL.

Reportagem: Flávia Brandão
Comunicação Sintram
Foto chamada site:
Cláudio Guadalupe, ao lado do atual presidente da ADL, Flávio Ramos, e do ex-presidente Augusto Fidélis, após ser empossado (Divulgação)

 

 

 

 


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