Sem planejamento, prefeito de Divinópolis reduz combustível para a frota e prejudica serviços essenciais, como saúde e fiscalização

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O prefeito de Divinópolis, Gleidson Azevedo (PSC), que copiou o modelo do presidente Jair Bolsonaro de usar redes sociais para comunicar medidas de governo e também para publicar vídeos onde costuma encenar atividades tais como limpeza de ambientes e poda de árvores, divulgou um vídeo na semana passada através do qual fala da “farra do consumo de combustível na Prefeitura”. Em mais uma encenação, o prefeito foi até o pátio da Prefeitura, onde simulou ser o frentista recebendo um dos veículos da Prefeitura para abastecimento. Um “auxiliar” que conduzia um veículo oficial, se dirige ao prefeito e pede para encher o tanque. “Agora não vai dar, agora são só 20 litros por semana”, responde o dublê do ator e prefeito.

Após a encenação, o prefeito faz um discurso populista dizendo que havia uma farra no consumo de combustível na Prefeitura, dando a entender que os servidores municipais que trabalham  como motoristas, estavam gastando combustível muito além do necessário. “São 17 mil litros de gasolina por mês. Agora a farra do combustível acabou, agora são só vinte litros por semana para cada veículo”, sentenciou o prefeito.

A decisão de Gleidson Azevedo, que não apresentou nenhum estudo para tomar a medida, entrou em prática na semana passada e os reflexos foram imediatos. Dezenas de cidadãos foram prejudicados com a suspensão de serviços, pois vários veículos da frota da Prefeitura ficaram parados por pane seca. A medida trouxe prejuízos principalmente para a fiscalização e o sistema de saúde. No caso da saúde, vários pacientes deixaram de ser atendidos  por falta de veículos para transportar os profissionais até as residências dos pacientes.

VEICULO PARADO

Um dos servidores que teve que suspender o trabalho na quarta-feira passada foi Antônio Leonardo Rosa, que presta serviços de motorista à Secretaria Municipal de Saúde, e é diretor jurídico do Sintram. Ele trabalha em um Pálio Weekend disponibilizado para o Serviço de Atenção Domiciliar (SAD). O serviço consiste em transporte profissionais da saúde que atendem cidadãos que recebem atendimento médico em suas residências. O SAD é oferecido em parceria com o governo federal, por meio do programa Melhor em Casa, e é composto por diversos profissionais da saúde, que realizam atendimento no domicílio das pessoas que necessitam de cuidados de saúde mais intensivos.

Na semana passada, diversos pacientes atendidos pelo SAD em Divinópolis ficaram sem assistência. O Pálio Weekend de Antônio Leonardo ficou parado em frente ao Caic por falta de combustível. Segundo Antônio Leonardo, são cerca de 100 atendimentos semanais, inclusive aos sábados e domingos. Explicou que a média semanal de consumo é de 50 litros de combustível, portanto, com apenas 20 litros liberados pelo prefeito, mais da metade dos atendimentos pode ficar prejudicada.

Antônio Leonardo Rosa explicou ainda que todos os veículos são controlados e que ninguém abastece sem autorização. “Os carros são monitorados por satélite, há um rigoroso controle da quilometragem e para abastecer é necessário apresentar uma autorização”, explicou, salientando que ninguém chega ao posto e abastece sem esse controle.

Vários outros veículos ficaram parados na semana passada por falta de combustível e na sessão da Câmara Municipal de quinta-feira (11) o vereador Roger Viegas criticou a atitude do Executivo. “O prefeito Gleidson tem que entender que a economia de combustível tem que se fazer valer, sim, mas lá nas regalias do carro do prefeito, como devolveu o Corolla, achei interessante e eu faria o mesmo”, destacou o vereador. E em seguida, Roger Viegas questionou: “Como cobrar mais na atuação dos fiscais se o prefeito me vem com um vídeo e fala que vai liberar apenas 20 litros de gasolina por semana? Hoje um carro dentro da cidade, por mais econômico que seja, gasta um litro de combustível na média de 11, 12 quilômetros. Quem é fiscal sabe, uma boa fiscalização você roda de 100 a 120 quilômetros por dia. Como você vai rodar uma semana com 20 litros?”, cobrou o vereador.

Reportagem: Jotha Lee
Comunicação Sintram

 

 


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