Sem mostrar relatório de sindicância, prefeitura diz que menina Thallya, que  morreu na UPA, foi vítima de chikungunya

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Com uma foto da criança, mãe de Thallya, Juliana Silva Pinto pediu ajuda na Tribuna da Câmara e, como era esperado, saiu de mãos vazias (Foto: Reprodução/TV Câmara)

A Prefeitura de Divinópolis lavou definitivamente as mãos no caso da morte da menina Thallya Beatriz, de três anos de idade, ao simplesmente informar que a criança foi a primeira vítima de chikungunya na cidade. A informação, divulgada essa semana, é o desfecho oficial de um caso que comoveu a cidade. A criança morreu no dia 26 de abril após atendimento na UPA 24h em circunstâncias que ainda são muito misteriosas. A Semusa encomendou uma sindicância para apurar as circunstâncias da morte e concluiu que não houve negligência no atendimento. Entretanto, o relatório da Comissão de Sindicância, até hoje não foi publicado no Diário Oficial, como deveria ocorrer, para atender ao princípio da transparência e da publicidade.

Segundo a Semusa, foram solicitados exames de sangue, urina e RX, “sem que os mesmos tenham sugerido a existência de patologias que demandassem o aprofundamento investigativo nas dependências da UPA”. Agora, a Semusa informa que a criança morreu vítima da febre chikungunya. É estranho que esse diagnóstico tenha sido divulgado só agora, uma vez que a Semusa informou que durante o atendimento na UPA foi realizado exames de sangue, urina e RX. A chikungunya é detectada através do exame de sangue, que a Semusa afirma ter sido feito na UPA, sem que a febre tenha sido detectada. O que houve de errado com o exame? Por que não foi feita autopsia?

São muitas perguntas sem respostas e, apesar de ter confirmado a morte da criança por chikungunya, a Semusa não informou quando o diagnóstico foi concluído, qual o exame permitiu chegar a essa conclusão e porque o exame de sangue realizado na UPA não deu esse resultado. Mais grave, ainda, é o fato de que diante das circunstâncias da morte, não foi feita a autopsia do corpo.

Ao Portal MPA a mãe de Thallya, Juliana Silva Pinto, disse que a família exige a exumação do corpo da criança. “Minha filha já teve cinco diagnósticos diferentes e por isso vamos esperar a exumação. Desta vez, falam que ela morreu por chikungunya? Primeiro, uma crise convulsiva, na sindicância, falaram que era por parada cardiorrespiratória, agora é chikungunya. Como nós vamos acreditar?”, questionou Juliana.

Thallya Beatriz da Silva Pinto Satiro deu entrada na UPA no dia 24 de abril e veio a falecer no dia 26. No dia 3 de maio a mãe ocupou a tribuna livre da Câmara e em um duro e comovente pronunciamento cobrou respostas. “Eu quero saber o que aconteceu com minha filha, porque até agora eu estou sem entender. Eu quero saber do que a minha filha morreu”, disse ela. A inexplicada morte da criança engrossa a trágica estatística de mortes sem explicações ocorridas na UPA Padre Roberto Cordeiro (UPA 24h) somente esse ano.

Reportagem: Jotha Lee
Comunicação Sintram


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