Rio Itapecerica volta a ser infestado pelos aguapés e longos trechos já estão cobertos pela planta

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O que dizem os planos de governo dos candidatos a prefeito sobre o Rio Itapecerica?

Essa era a situação do Rio em 2014 (Foto: Arquivo)
Essa é a situação do Rio hoje, quinta-feira, 29 de agosto de 2024 (Foto: Jotha Lee/Sintram)

O leito do Rio Itapecerica volta novamente a ser infestado pelos aguapés. A planta aquática, que prolifera em ambientes altamente poluídos, já cobre o leito do rio em longos trechos na área urbana. O que chama a atenção para o risco de um desastre ambiental como ocorreu em 2014, é a velocidade da proliferação da planta, que em 24 horas, expande a área coberta em aproximadamente 60 metros quadrados.

Os aguapés já cobrem grande parte da lâmina de água do Rio; o registro fotográfico foi feito nesta quinta-feira (29 de agosto), as 8h (Foto: Jotha Lee/Sintram)

Nessa quinta-feira (29), o Portal do Sintram fez um registro fotográfico da situação do Rio do ponto de vista da ponte que liga o Centro ao Bairro Porto  Velho. Em direção ao Bairro  Esplanada, os aguapés já cobrem praticamente todo o leito e o mesmo já está ocorrendo em direção ao Bairro Niterói.

Em 2014 os aguapés cobriram todo o leito do Rio na área urbana. Foi necessária a contratação de uma balsa equipada com uma máquina específica para a retirada da planta e a operação durou várias semanas. Naquele ano, os ambientalistas registraram grande mortandade de peixes provocada pela falta de oxigenação da água em decorrência do volume de poluição e da ação dos aguapés que impediam que o sol atingisse as águas.

Essa situação ocorreu pouco depois que o então prefeito Vladimir Azevedo (PSDB), entregou a concessão do tratamento do esgoto urbano para a Copasa, através de um contrato de 30 anos e que até hoje não foi cumprido pela companhia. O rio continua recebendo 90% do esgoto urbano sem tratamento.

A situação nesta quinta-feira mostra o tamanho do problema que virá, caso não sejam adotadas medidas para conter o avanço dos aguapés. A longa estiagem de mais de quatro meses, aliada à poluição das águas que continua fora de controle, gera uma situação altamente favorável para a proliferação dos aguapés. Junte-se a isso, o descaso que a atual administração vem tratando o Rio. Nos últimos oito anos, não houve nenhuma ação de limpeza das margens, como também não foi implementada nenhuma política ambiental específica para o Rio, sob o argumento de que o tratamento do esgoto vai solucionar todos os problemas. Isso não é verdade e o tratamento de todo o esgoto despejado no Rio ninguém sabe quando será iniciado efetivamente. .

De acordo com a Faculdade de Agronomia da Universidade Estadual de São Paulo, o aguapé se tornou um problema global pela sua enorme capacidade reprodutiva. Explica que a planta vive de água poluente, quanto mais poluída for a água, melhor para ele. Em água limpa, o aguapé espalha suas raízes em grande profundidade, dificultando a penetração de luz e impedindo que outras plantas se proliferem. Outro agravante, é que ele se torna berçário de mosquitos, colaborando com a proliferação dos insetos.

O QUE DIZEM OS PLANOS DE GOVERNO?

Ao longo dos últimos anos, o Rio Itapecerica, o maior bem hídrico de Divinópolis, tem sido um dos palanques políticos favoritos em épocas eleitorais. Entretanto, não houve medidas efetivas e a entrega do esgotamento sanitário para a Copasa foi parte de um jogo político do PSDB, cujo prefeito em 2014 era filiado ao partido e apoiava vigorosamente o então governador Antônio Anastasia. Era interesse do Estado manter a Copasa em Divinópolis, uma das cidade onde a companhia retira proporcionalmente uma de suas maiores receita por município. De acordo com reportagem publicada no dia 31 de julho pelo jornal Valor Econômico, Divinópolis representa 2,5% da receita liquida da Copasa.

 No primeiro semestre desse ano, depois de fracassar a tentativa da atual administração de rescindir o contrato de concessão com a Copasa, foi firmado um termo aditivo com a companhia. O aditivo alterou a forma de regulação dos serviços: a regulação, que anteriormente era discricionária pela Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e de Esgotamento Sanitário do Estado de Minas Gerais (Arsae-MG), passou a ser contratual, sob a responsabilidade da Agência Reguladora Intermunicipal de Saneamento de Minas Gerais (Arismig). Qual o resultado prático dessa mudança de agência reguladora?

O aditivo prevê redução nos valores das tarifas, mas isso ainda não foi sentido nas contas dos consumidores. A Copasa também já pagou uma indenização de R$ 70 milhões à Prefeitura, mas ninguém sabe onde está o dinheiro, uma vez que o Executivo não detalhou como pretende utilizar o recurso.

PLANOS DE GOVERNO

LAIZ SOARES – O plano de governo da candidata oposicionista à Prefeitura de Divinópolis, Laiz Soares (PSD), dedica duas páginas para tratar especificamente da Copasa e do Rio Itapecerica. O plano prevê a revisão e renegociação do contrato com a companhia. A candidata se compromete ainda a “contratar uma equipe de especialistas para revisar o contrato [com a Copasa] e identificar pontos críticos, com aplicação de multa nos casos necessários”.

Com relação ao Rio, o plano da candidata se compromete a despoluir o Rio Itapecerica “restaurando a qualidade da água e promoção da saúde ambiental”. Ainda de acordo com o plano, serão adotadas medidas de controle dos efluentes, plantio de vegetação nas margens do Rio e campanhas de conscientização.

Veja a íntegra do plano de governo de Laiz Soares

GLEIDSON AZEVEDO – O plano de governo do candidato à reeleição, Gleidson Azevedo (Novo) não faz nenhuma referência direta ao Rio Itapecerica. Em duas páginas, o plano trata de questões ambientais, mas não traça nenhuma estratégia direta para a preservação do Rio. Se refere a criação de “corredores ecológicos”, programa de reflorestamento e identificação e proteção de nascentes e cursos d’água.

O programa do atual prefeito que concorre ao segundo mandato se compromete em ações que já estão em vigor, porém ainda ineficientes por falta de maiores investimentos. De forma subjetiva, a proposta de Gleidson Azevedo revela que a Usina de Tratamento de Lixo deverá se tornar realidade em eventual segundo mandato. “Manter o diálogo com o Consórcio para buscar solução para o tratamento do RSU (Resíduo Sólido Urbano) de forma adequada, garantindo a vantajosidade para a cidade e os seus cidadãos”, diz a proposta.

Veja a íntegra do plano de governo de Gleidson Azevedo

Reportagem: Jotha Lee
Comunicação Sintram


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