Menos de três meses após a nova organização social assumir a administração da UPA 24h, a unidade passa por um enorme caos, com superlotação, deficiência no atendimento e muitas reclamações. A grave situação da principal unidade de atendimento de urgência e emergência da região exigiu uma reunião convocada pela Comissão de Saúde da Câmara Municipal, ocorrida nesta terça-feira (14).
Além dos vereadores membros da Comissão de Saúde, também estiveram presentes o secretário municipal de Saúde, Alan Rodrigo da Silva, os diretores da UPA Tarcisio de Freitas Júnior e César Augusto Tamoeiro. O Ministério Público, convidado para a reunião, enviou apenas um ofício informando que não poderia comparecer, em razão de “compromissos já agendados”. Através do ofício assinado pelos promotores Marcos Vinícius Moreira e Ubiratan Domingues, o MP informou que já pediu a realização de uma auditoria na UPA 24h.
Ao abrir uma reunião, o presidente da Comissão de Saúde, José Braz (PV), fez logo um alerta: “Não é possível alguém ficar de 10 a 12 horas na porta de uma UPA esperando atendimento, pois quem procura uma unidade de saúde, está sofrendo, não está ali para passeio”.
Ao abrir a reunião, o diretor técnico da UPA, Tarcísio de Freitas Júnior, afirmou que a “má fama” da unidade, na maioria das vezes, ocorre em razão de problemas externos que refletem diretamente em suas atividades. Ele afirmou que um dos problemas mais comuns é a permanência de pacientes internados na UPA. Segundo ele, pelo estatuto, o paciente deveria permanecer no máximo 24 horas na UPA, sendo encaminhado após esse período para internação em uma unidade hospitalar. “Mas essa não é nossa realidade. Esses pacientes têm permanecido na UPA. Esses pacientes têm superlotado a UPA”, afirmou.
Tarcísio de Freitas revelou, ainda, que a capacidade instalada da UPA é de 40 leitos, porém já houve situações em que 65 pessoas estavam internadas na unidade. O diretor disse ainda que, ao contrário dos hospitais, que ao atingir a capacidade máxima não aceita mais pacientes, a UPA é uma unidade de pronto atendimento porta-aberta, sendo obrigada a receber novos pacientes. Ele explicou ainda que, além dos pacientes internados, ainda há os atendimentos para outras pessoas. “Em dias de pico, pode chegar até a 100 pessoas dentro da UPA”, afirmou.
Tarcísio de Freitas revelou, ainda, que o número de atendimentos na UPA vem aumentando sucessivamente. Segundo ele, em janeiro, foram 7.640 pacientes. Esse número subiu para 8.788 atendimentos. De 1º de março até o meio dia de ontem (13), já foram 4.181 atendimentos.
SECRETÁRIO
O secretário de Saúde, Alan Rodrigo, disse que algumas medidas já foram tomadas, como a contratação de mais um médico para a UPA, a instalação do ambulatório para atendimento de pacientes com sintomas de dengue. Disse ainda que a Secretaria de Saúde dobrou o número de contratações [de médicos e enfermeiros] para a atenção primária. Ele acusou a administração de Galileu Machado de abandonar a Atenção Primária. “Quando assumimos, 15 unidades de saúde tinham médicos, todas as outras estavam sem médico”, afirmou. “A gente pegou um cenário caótico de saúde pública, estamos longe do ideal” e admitiu que a Atenção Primária não tem a confiança da população, confirmando ser esse um dos fatores para o excesso de pacientes que procuraram a UPA.
O secretário Alan Rodrigo reconheceu a importância da enfermagem na Atenção Primária, afirmando que 70% da demanda são resolvidos pelos enfermeiros.
INVESTIGAÇÃO
Um dia após a reunião para discutir a situação da UPA, o secretário de Saúde, Alan Rodrigo da Silva, oficializou a instituição de uma Comissão de Acompanhamento de Execução Assistencial e Financeira firmado entre o Município de Divinópolis e o Ibrapp – Instituto Brasileiro de Políticas Públicas, para a gestão da UPA. Foi publicada na edição desta quarta-feira (15) a Portaria Semusa 237, que nomeou os integrantes da Comissão, que vai investigar toda a execução do contrato, incluindo os indicadores e o cumprimento de metas.
Reportagem: Jotha Lee
Comunicação Sintram