Leia análise para Divinópolis, Araújos, Carmo do Cajuru, Cláudio, Itapecerica, Perdigão, São Gonçalo do Pará e São Sebastião do Oeste

SETEMBRO AMARELO: O mês de setembro é dedicado à conscientização sobre a prevenção do suicídio, uma campanha conhecida como Setembro Amarelo. Desde sua criação em 2015, a campanha incentiva o diálogo sobre saúde mental e oferece suporte às pessoas que enfrentam crises emocionais.
ESTUDO: SUÍCIDIOS EM MIINAS
Entre 2018 e 2023, o número de mortes por suicídio em Minas Gerais cresceu 25%, passando de uma taxa de 7,37 para 9,23 óbitos por 100 mil habitantes. Em todo o país, a taxa em 2023 foi de 8,05. Cerca de 77% dos casos são de homens. Se em 2018 a maior concentração de suicídios estava entre pessoas de 40 a 49 anos (11,48 por 100 mil habitantes), em 2023 o cenário mudou. O grupo com maior taxa foi o de 30 a 39 anos, com 13,92, seguido pelos jovens de 20 a 29 anos, que atingiram 12,66.
Os dados foram revelados no relatório “Setembro Amarelo: Um panorama sobre a saúde mental nas microrregiões de Minas Gerais”, divulgado nesta quinta-feira (11) pelo Tribunal de Contas de Minas Gerais (TCE).
O TCE informa que o levantamento teve por objetivo conhecer a realidade da saúde mental nos municípios mineiros e entender como eles encaram esse desafio. “Os órgãos de controle, como os Tribunais de Contas, podem desempenhar papel crucial na prevenção do suicídio ao avaliar e monitorar a eficácia das políticas públicas relacionadas à saúde mental. Por meio da análise de indicadores e da fiscalização das ações governamentais, esses órgãos garantem que as iniciativas de prevenção sejam implementadas de forma adequada e eficiente, assegurando que recursos financeiros sejam direcionados para ações dessa natureza”, aponta o estudo.
Entre 2018 e 2023, foram 10.753 mortes por suicídio em Minas. Em todos os anos analisados, os homens representaram a maior parte das mortes por suicídio. A discrepância mais acentuada ocorreu em 2019, quando 79,27% dos casos foram atribuídos a indivíduos do sexo masculino. Na média do período, 77% das vítimas foram homens e 23% mulheres — apesar de o Censo 2022 indicar que a população mineira é majoritariamente feminina (51,2%).
“Alinhado a evidências empíricas e à própria percepção social de que as mulheres são mais abertas à expressão emocional, os dados analisados sugerem que os homens podem estar enfrentando doenças mentais de forma silenciosa. Tal fenômeno é frequentemente impulsionado por expectativas sociais que os pressionam a demonstrar força, independência e resiliência emocional, resultando na repressão de sentimentos e na relutância em buscar ajuda profissional diante de problemas psicológicos” explica o relatório.
JOVENS MAIS VULNERÁVEIS
Se em 2018 a maior concentração de suicídios estava entre pessoas de 40 a 49 anos (11,48 por 100 mil habitantes), em 2023 o cenário mudou. O grupo com maior taxa foi o de 30 a 39 anos, com 13,92 por 100 mil habitantes. Outro dado relevante é o crescimento entre idosos com 80 anos ou mais. A taxa passou de 6,61 em 2018 para 9,64 em 2023. Segundo especialistas, isolamento social, perda de autonomia, doenças crônicas e luto estão entre os fatores de risco.
Já entre adolescentes de 10 a 14 anos, embora os números absolutos sejam menores, os casos não deixam de alarmar. Em 2018, a taxa foi de 0,98 por 100 mil habitantes; em 2023, ficou em 0,91. Bullying escolar, pressão acadêmica, conflitos familiares e impactos das redes sociais aparecem entre os principais fatores de vulnerabilidade.
Ao longo dos próximos dias, divulgaremos matérias que mostram a realidade dos casos de suicídio por microrregiões do Estado. Além disso, o relatório ainda revela os investimentos em saúde mental, com a evolução das despesas, e o número de Centros de Atenção Psicossocial (Caps), de psiquiatras e de psicólogos por cidade.
DIVINÓPOLIS E MAIS SETE MUNICÍPIOS
O relatório revela dados importantes da Microrregião Oeste, que inclui os municípios de Araújos, Carmo do Cajuru, Cláudio, Divinópolis, Itapecerica, Perdigão, São Gonçalo do Pará e São Sebastião do Oeste. Juntas, essas cidades possuem uma população de 585.891 habitantes, de acordo com as estimativas oficiais do IBGE. Os dados a seguir representam os dados estatísticos do conjunto dos oito municípios.
Embora os dados sejam preocupantes, a Microrregião, segundo o TCE, é uma das que apresenta o menor risco relativo de suicídios. O estudo mostra que na região, o risco de suicídio para homens de 30 a 39 anos é de 1,67 por 100 mil habitantes. Já para mulheres na mesma faixa etária, o risco sobe para 2,07. O estudo aponta, ainda, que nesses municípios, o risco relativo de suicídios cai para 1,60 por cada 100 mil habitantes para homens na faixa etária de 40 a 49 anos e sobe para 2,25 para mulheres na mesma faixa etária.
Chama a atenção a elevação nos riscos à medida em que aumenta a faixa etária para pessoas do sexo masculino. Para homens de 60 a 69 anos, o risco é de 2,10 para cada 100 mil. Já para mulheres, o risco diminui para a mesma faixa etária, ficando em 1,73.
JOVENS
O estudo do TCE também apontou os riscos para a população mais jovem. Na Microrregião Oeste, o risco relativo para jovens na faixa de 15 a 19 anos é de 1,83 para casa 100 mil habitantes. “A detecção deste aglomerado, com um Risco Relativo (RR) de 1,83, indica que a população masculina jovem nas microrregiões abrangidas – Bom Despacho, Divinópolis, Pará de Minas, Uberaba, Patos de Minas, Poços de Caldas, entre outras – apresentou risco de suicídio quase duas vezes maior do que o esperado. Este dado é alarmante, pois incide sobre fase crucial de desenvolvimento, transições e formação de identidade”, alerta o estudo.
Para os jovens do sexo masculino de 20 a 29 anos da região, o risco, segundo o TCE, é de 1,65 para cada 100 mil habitantes. “O risco de 1,65 indica que, nessas microrregiões, o risco para homens de 20 a 29 anos é 65% maior do que o esperado. Isso aponta para fatores de risco sistêmicos que afetam essa população em fases cruciais da vida adulta”, aponta o estudo.
PSIQUIATRAS
De acordo com o estudo, na região de Divinópolis, a taxa de psiquiatras que atendem pelo SUS é de apenas 1,67 para cada 100 mil habitantes. Já a taxa de psicólogos sobe para 19,98.
VALORIZAÇÃO DA VIDA
O estudo do Tribunal de Contas foi publicado junto àss comemorações do Dia Nacional de Valorização da Vida, que transcorreu na última quarta-feira, 10 de setembro. A Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) informa que disponibiliza serviços gratuitos de apoio psicológico e social, assegurando atendimento digno e humano para quem precisa em Divinópolis.
De acordo com a Semusa, o apoio psicológico na cidade ocorre por meio da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), que reúne serviços especializados para diferentes públicos. Entre eles estão o CAPS III e o CAPS AD, voltados para casos graves de sofrimento mental e para pessoas com dependência de álcool e outras drogas. Existe ainda o Capsi Cidah Viana, que atende crianças e adolescentes; a Unidade de Acolhimento Adulto (UAA), destinada a adultos em situação de vulnerabilidade pelo uso de substâncias; e o Centro de Convivência e Cultura, que promove oficinas terapêuticas e artísticas, fortalecendo o acolhimento, a inclusão e a cidadania.
A Semusa afirma que a saúde mental continua sendo um dos maiores desafios do nosso tempo. O psicólogo do CAPS, Lucas Bernardo Faria da Silva, destacou que este cuidado é fundamental para a qualidade de vida, pois está diretamente relacionada à capacidade de lidar com os desafios do cotidiano e manter relações saudáveis. “Quando não cuidada, a saúde mental pode desencadear transtornos graves, que afetam tanto o indivíduo quanto sua interação com a sociedade”, afirmou. Ele ressaltou ainda que, em situações extremas, esses problemas podem levar a comportamentos autodestrutivos.
SERVIÇO
Veja a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) de Divinópolis
Unidade de Acolhimento Adulto (UAA) – Atendimento especializado para adultos em uso de álcool e outras drogas, com apoio terapêutico, moradia, alimentação e proteção aos direitos.
- Rua Guapé, 691, Bela Vista.
CAPS III – Atendimento para casos graves de sofrimento mental, oferecendo suporte psicológico intensivo e reintegração social.
- Rua Ottoni Olímpio Oliveira, 201, Manoel Valinhas. Telefone: (37) 3229-6050.
CAPS AD – Atendimento especializado a pessoas com dependência de álcool e outras drogas, com foco na reintegração social, autonomia e desenvolvimento pessoal.
- Rua Ottoni Olímpio Oliveira, 201, Manoel Valinhas. Telefone: (37) 3229-6050.
Capsi Cidah Viana – Atendimento voltado para crianças e adolescentes, com suporte também a escolas e comunidades. Horário: segunda a sexta, das 7h às 17h.
- Rua Afrânio Peixoto, 911, Catalão. Telefone: (37) 3229-6053.
Centro de Convivência e Cultura – Oficinas terapêuticas e artísticas para promoção da saúde mental, com foco em acolhimento, convivência, inclusão e cidadania, complementando os tratamentos realizados nas unidades de saúde.
- Rua Castro Alves, 1.831, bairro São José.
Caso você esteja passando por um momento difícil, ou conheça alguém, e precise de apoio emocional, procure ajuda especializada em uma das unidades do município. O CVV (Centro de Valorização da Vida) também oferece atendimento gratuito e sigiloso, 24 horas por dia. Ligue 188 ou acesse www.cvv.org.br – VOCÊ NÃO ESTÁ SOZINHO.
Reportagem: Jotha Lee
Sintram Comunicação