Pressionado pela paralisação dos servidores, prefeito de Divinópolis aceita reabrir negociações

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Os servidores municipais de Divinópolis realizaram uma manifestação pacífica nesta terça-feira (8) em protesto contra a decisão do prefeito Gleidson Azevedo (PSC), que se nega a conceder a reposição salarial reivindicada pela classe. A categoria pede 15,5%, considerando 5,3% referente a 2021, mais 9,63% correspondente a esse ano.

No ano passado o prefeito descumpriu a lei e não concedeu a revisão e, para esse ano, ofereceu apenas 9,63%, ainda assim de forma parcelada, sendo 5% em fevereiro, mais 4,63% em maio. Os servidores não só recusaram a proposta, como também definiram a realização de manifestações, como a que aconteceu nesta terça-feira em frente ao Centro Administrativo.

Os servidores, liderados pelo Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Divinópolis e Região Centro-Oeste (Sintram) e pelo Sindicato dos Trabalhadores da Educação Municipal (Sintemmd), começaram a se concentrar no portão de entrada do Centro Administrativo logo no início do dia.  Ao longo da manhã o movimento foi ganhando a adesão da categoria e pouco depois das 10h cerca de 200 servidores se concentravam no local mostrando seu descontentamento com o Executivo.

A paralisação não afetou todo o serviço público municipal, conforme orientação dos próprios sindicatos, que decidiram manter todos os servidores da saúde trabalhando para evitar que a população ficasse desassistida nesse momento de crescimento da pandemia. Já na educação a adesão atingiu a 100% de mais de 20 escolas da rede pública municipal, enquanto nas demais a adesão foi parcial, segundo informou ao Portal do Sintram o diretor do Sintemmd, Eduardo Parreira, o Toró.

PREFEITO

Em entrevista ao programa Bom Dia Divinópolis, da Rádio Minas e TV Candidés, no início da manhã, o prefeito Gleidson Azevedo repetiu a justificativa e disse que a prorrogação do pagamento do IPTU pelo município e do IPVA pelo Estado impediu a revisão integral. “É por isso que a gente não está dando os 9,63% agora. É por isso que é 5%.”, disse ele. Na entrevista, o prefeito estava acompanhado do presidente da Câmara, Eduardo Print Júnior (PSDB), seu fiel aliado, que também não quer pagar a revisão integral aos servidores da Câmara.

O prefeito não perdeu a oportunidade para alfinetar os sindicalistas, ao ser perguntado se aceitaria reabrir o diálogo. “Se eles [sindicalistas] partir para a baixaria como foi no ano passado eu tô fora, se for para ter um diálogo eu tô a disposição”, disse ele.

48 HORAS

Pouco antes das 15h, a presidente do Sintram, Luciana Santos, o diretor do Sintemmd, Rodrigo Rodrigues, e Rafaela Santos, representando os servidores, foram recebidos pelo chefe de Gabinete da vice-prefeita Janete Aparecida, Wastheyn Lopes. Ele informou que o prefeito não se encontrava na Prefeitura, mas estava disposto a reabrir o diálogo. Os sindicalistas deram um prazo de 48 horas para que a negociação seja reaberta.

Logo após o encontro com o chefe de gabinete da vice-prefeita, foi realizada uma assembleia em frente ao Centro Administrativo. Os servidores aprovaram o prazo de 48 horas para reabertura das negociações e a realização de uma nova assembleia geral na próxima quinta-feira (10), às 18h30, para definir os rumos do movimento. Os servidores também aprovaram a continuidade do estado de greve.

A presidente do Sintram avaliou positivamente o movimento. “A paralisação foi bastante positiva, com a adesão de centenas de servidores, mesmo com nossa orientação para manter todos os serviços essenciais para evitar prejuízos à população. Já temos a possibilidade de reabrir as negociações e isso, sem dúvida, foi fruto da pressão do servidor na paralisação realizada hoje”, disse Luciana Santos.

A presidente evitou responder a provocação do prefeito, mas disse que baixaria é não cumprir a palavra. “O prefeito tem esse dom de provocar, mesmo que seja em momentos tão sérios e importantes como esse. Entendemos que brigar em defesa dos direitos dos servidores é a nossa bandeira e também entendemos por baixaria as atitudes de quem não cumpre sua palavra e suas promessas. Nós nunca buscamos o conflito. Continuamos em busca do diálogo como a melhor solução para o impasse”, finalizou Luciana Santos.

O vice-presidente do Sintram, Wellington Silva, disse que o Sintram jamais defendeu qualquer tipo e “baixaria”. “Ao contrário do que diz o prefeito, nós sempre buscamos o diálogo, mesmo quando duramente atacados. Se houve algum incidente, não se pode atribuir somente ao sindicato, pois ambos os lados motivaram para isso. Mas, reafirmo que nossa forma de agir é sempre conversando, procurando o entendimento, pois nossa meta é única e exclusivamente defender os interesses da nossa classe”, afirmou o vice-presidente.

Reportagem: Jotha Lee
Comunicação Sintram
Fotos: Pollyanna Martins


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