Explicação dada pela vice-prefeita foi resposta política e sem embasamento técnico
A Prefeitura de Divinópolis se negou a responder oficialmente ao questionamento feito pelo Portal do Sintram sobre o corte de uma árvore centenária na Praça da Catedral ocorrido na manhã desta terça-feira (24). Muita gente foi surpreendida pela ação de funcionários da Prefeitura, que em poucas horas derrubaram a centenária gameleira.
A árvore fazia parte do conjunto de arborização da praça e não se tem informações sobre a exatidão da sua idade. O corte causou comoção e reações contrárias e a favor. O Portal do Sintram buscou junto a Prefeitura um posicionamento técnico e oficial, com laudo da Secretaria do Meio Ambiente e outras informações que pudessem justificar o corte da gameleira. Entretanto, não houve resposta.
Tudo que se falou até agora nas redes sociais é especulação. Ao longo da manhã desta quarta-feira (25) apareceram os mais variados comentários e boa parte deles em defesa do corte da espécie. Por se tratar de período eleitoral, o corte da árvore pode ser usado politicamente, porém a gestão atual não tem um programa para cuidar da arborização urbana.
A supressão de árvores, inclusive, já foi motivo de multa aplicada à Prefeitura pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente. No início desse mês o município foi multado pelo crime ambiental que está sendo cometido na região do Complexo da Ferradura, no terreno que está sendo nivelado para receber o lixão regional. A Prefeitura foi multada pelo desaterramento e supressão de árvores, feitos sem licenciamento ambiental.
JANETE APARECIDA
A vice-prefeita Janete Aparecida da Silva (Avante), candidata à reeleição, através de vídeos em redes sociais, tentou fazer o papel do Secretário Municipal do Meio Ambiente. Aos pés do toco que restou da árvore, a vice-prefeita disse que há mais de 90 dias vem sendo feito o monitoramento da árvore, em razão das muitas reclamações recebidas pela Prefeitura de frequentadores do local.
Disse que os galhos já estavam caindo naturalmente e mostrou uma foto de uma galho que teria caído há 30 dias. Ela não disse se a queda foi de causas naturais. A vice-prefeita afirmou, ainda, que na madrugada da última segunda-feira, moradores da Praça ouviram um barulho e verificaram que novo galho havia se desprendido da árvore.
Janete Aparecida contrariou o óbvio e disse que não houve corte e sim uma poda. “Você ter que podar os galhos de uma árvore centenária é um momento de dor, mas seria muito pior colocar em risco a vida das pessoas”, disse. “Contra fatos não há argumentos. Na segunda-feira, caiu o último galho e se tivesse alguém aqui, tivesse crianças brincando, teria com certeza vindo a óbito ou se machucado muito”, assegurou. “Nós não destruímos uma árvore centenária. Nós retiramos os galhos que ofereciam riscos à vida das pessoas”, concluiu.
A explicação da vice-prefeita foi meramente política e com o objetivo de responder críticas ao corte da árvore. Não apresentou um laudo técnico, não fez nenhuma referência à Secretaria Municipal do Meio Ambiente e chamou para si uma responsabilidade que não cabia a ela, a não ser que o poder na Prefeitura esteja concentrado. O Portal do Sintram aguarda um posicionamento oficial, acompanhado de laudo técnico, conforme foi solicitado.
O Portal do Sintram conversou com um técnico ambiental do Estado e ele afirmou que é característica da gameleira, a medida que a idade avança, ficar com raízes expostas e perder galhos por falta de cuidados. Disse que a gameleira é uma espécie imponente e tamanho impressionante. Pode atingir alturas consideráveis, variando de acordo com a espécie específica. Suas copas densas e amplas oferecem sombra generosa em ambientes naturais e urbanos.
Para o técnico, que analisou por fotos, não houve poda, como disse a vice-prefeita. “A árvore foi dizimada e olhando de longe é possível dizer que se realmente houvesse uma poda orientada tecnicamente, seguida de cuidados básicos, talvez pudesse recuperar a árvore se é, que de fato, ela estava doente”, disse. “Podas na arborização urbana são necessárias por motivos de segurança e também para o fortalecimento da planta. Nesse caso específico, não houve poda. Todos os galhos foram suprimidos. Essa gameleira está definitivamente morta”, finalizou.
Reportagem: Jotha Lee
Comunicação Sintram