Prefeitura de Divinópolis diz que instabilidade no sistema foi provocada por ataque de hackers

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A maioria dos serviços oferecidos pelo Centro de Atendimento ao Cidadão foi paralisada durante a pane (Foto: Diretoria de Comunicação/PMD)

Em entrevista coletiva na manhã desta quarta-feira (25) secretários municipais de Divinópolis informaram que a pane no sistema de gestão integrada, que causou a paralisação de vários serviços na segunda e terça-feira, foi provocada por uma invasão no sistema. De acordo com o diretor de Infraestrutura e Desenvolvimento Tecnológico, Roberto Freitas, a empresa Sonner, prestadora do serviço, informou que sofreu um ataque de hackers, que provocou a paralisação do sistema. “No dia 23 nos deparamos com o sistema totalmente offline [fora do ar]. Imediatamente entramos em contato com a empresa [Sonner] que nos notificou sobre a invasão de hackers no sistema, que gerou problema nos municípios. A partir daí, foi feito todo um trabalho técnico com a nossa equipe para que o problema fosse solucionado o mais rápido possível”, disse ele.

A Prefeitura informou que a pane atingiu o Centro Administrativo e o Centro de Atendimento ao Cidadão (CAC) provocando a paralisação da emissão de Nota Fiscal Eletrônica de Serviços; emissão de ITBI; protocolo de requerimentos ou documentos; emissão de Certidão Negativa de Débitos; geração de 2º via de IPTU; emissão de taxas; baixa dos pagamentos realizados à Prefeitura; pagamento a fornecedores, dentre outros.

O secretário da Fazenda, Gabriel Vivas, garantiu que o pagamento a fornecedores não foi afetado. “Estamos realizando todos os procedimentos internos para não darmos descontinuidade na execução orçamentária do município. As rotinas serão realizadas normalmente por parte dos servidores e todos os dados serão restabelecidos, conforme feito anteriormente. Em relação ao pagamento de fornecedores, todos os serviços emergenciais foram realizados durante os dias de instabilidade e o sistema agora já foi restabelecido e a população poderá ser atendida”, salientou.

A vice-prefeita e secretária de Governo, Janete Aparecida, falou sobre o ocorrido no sistema e explicou a mudança para um novo sistema. “Estamos trabalhando agora um novo sistema, que é o Betha, mas ainda utilizamos o Sonner em alguns serviços. O ataque de hackers acabou causando instabilidade no sistema, o que gerou o atraso de procedimentos, mas que já foi normalizado. O atendimento à população foi normalizado e pedimos desculpas pelo transtorno!”, disse.

NOVO SISTEMA: R$ 4 MILHÕES

O novo sistema integrado de gestão da Prefeitura está sendo instalado a conta-gotas. O serviço foi iniciado há 90 dias e ainda não foi concluída a migração dos dados. A pane no sistema ocorre diante de uma situação incomum, já que a Sonner continua prestando o serviço por ordem judicial.

A relação entre a Prefeitura e a Sonner está desgastada desde que o Executivo decidiu não renovar o contrato da prestação de serviços com a empresa. Foi realizado um processo licitatório, vencido pela Betha, que não conseguiu implantar o seu sistema de gestão no prazo previsto, sendo necessário prorrogar o contrato com a Sonner.

Insatisfeita pela não renovação do vínculo contratual, em junho a Sonner se negou a prorrogar o contrato por mais seis meses até que o sistema Betha fosse implantado. Sob ameaça de paralisação do sistema de gestão, a Prefeitura impetrou um mandado de segurança, com pedido de antecipação de tutela, na Vara de Fazendas Públicas e Autarquias, para obrigar a Sonner a assinar a prorrogação do vínculo. A liminar foi concedida, obrigando a prorrogação contratual por 180 dias (ou até ser necessário, dentro deste prazo de 180 dias). Desde então, a Sonner vem prestando o serviço em cumprimento a uma ordem judicial.

A Sonner presta serviços de software em gestão integrada para a Prefeitura desde 2013. O último contrato foi assinado em 2018, ao custo mensal de R$ 1.733.299,00. Com os aditivos contratuais feitos até esse ano, o valor chega a R$ 12.456.381,04, pela prestação do serviço nos últimos cinco anos, o que dá pouco mais de R$ 2 milhões ao ano. A Betha, que antes mesmo de iniciar a prestação do serviço já mostrou sua incapacidade para atender ao volumoso tráfego de dados no sistema da Prefeitura, foi contratada por R$ 4 milhões ao ano. O contrato foi assinado no dia 4 de abril.

Reportagem: Jotha Lee
Comunicação Sintram

 

 


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