Gleidson Azevedo muda o discurso e usa dinheiro do orçamento para bancar o transporte público
O prefeito de Divinópolis, Gleidson Azevedo (Novo), assinou o decreto 16.466/2025 que libera R$ 10,3 milhões para bancar o transporte coletivo urbano esse ano. De uma tacada só, esse mês serão liberados R$ 3.380.000,00 a ser distribuídos entre as empresas que compõem o Consórcio Transoeste. A maior parte do bolo, mais de 90%, será destinada à Transcid. O subsídio total de R$ 11.560.000,00 milhões a serem pagos até o final desse ano às empresas vai garantir a tarifa de R$ 4,15 paga na roleta pelo usuário.
O chamado complemento tarifário foi regulamentado pela Lei Municipal 9.009, sancionada em 2022, o que garantiu o congelamento da tarifa ao usuário durante o primeiro mandato de Gleidson Azevedo. Entretanto, embora não saia diretamente do bolso do usuário, na verdade o custo da tarifa passou a ser distribuído para toda a população, inclusive aquela que não utiliza o transporte público, já que o complemento sai do orçamento do município.
Com os valores definidos do subsídio para 2025, a Prefeitura de Divinópolis já desembolsou R$ 29.560.000,00 para bancar o congelamento da tarifa. Veja o histórico dos aportes feitos a partir de 2022:
DE ONDE VEM O DINHEIRO
No início do ano o Conselho Municipal de Trânsito (Comutran) recomendou um reajuste de 39,68%, o que elevaria o custo da tarifa dos atuais R$ 4,15 para R$ 5,40. O reajuste recomendado, muito acima da inflação, não considerou os complementos tarifários que a Prefeitura fez ao longo dos últimos três anos.
Ao conceder o complemento tarifário desse ano, o reajuste no valor pago às empresas foi muito além da recomendação feita pelo Comutran. O prefeito concedeu um reajuste de 43,29% no valor do complemento tarifário de 2025 em relação ao valor pago no ano passado.
No dia 7 de janeiro Gleidson Azevedo postou um vídeo em sua rede social para comunicar que não haveria aumento na tarifa para o usuário. “A passaginha não vai subir. Enquanto a prefeitura tiver condição para manter o vale transporte para não subir a gente vai continuar subsidiando”, afirmou na ocasião.
No mesmo vídeo, o prefeito disse que a Prefeitura utilizaria uma “pequena parte” dos R$ 70 milhões pagos no ano passado pela Copasa para bancar o complemento tarifário. Na verdade, o que o prefeito chama de “indenização paga pela Copasa” foi a contrapartida paga pela companhia pela concessão, sem licitação, do serviço de abastecimento de água em 23 comunidades rurais, que a partir desse ano passam a pagar a tarifa pelo consumo.
Ao contrário do que afirmou o prefeito, o dinheiro para bancar o transporte coletivo não virá dos R$ 70 milhões pagos pela Copasa. Será tirado do orçamento do município, da dotação de R$ 14,5 milhões destinada a implantação e manutenção do sistema de trânsito e transporte, conforme consta do artigo 2º do Decreto 16.466 assinado na quinta-feira (23) e publicado na edição desta segunda-feira (27) do Diário Oficial dos Municípios.
Reportagem: Jotha Lee
Sintram Comunicação
- Essa reportagem foi revisada as 15h50 para correção dos valores dos aportes repassados pela Prefeitura