Prefeito se reuniu com os 17 vereadores para discutir o empréstimo e nenhum deles teve coragem de questionar o chefe do Executivo sobre usar o dinheiro da Copasa
O prefeito de Divinópolis, Gleidson Azevedo (Novo) deve protocolar ainda nesta quinta-feira (16) na Câmara Municipal Projeto de Lei solicitando autorização para contrair um empréstimo de R$ 20 milhões. Segundo a Prefeitura, o dinheiro será usado para realização de obras urgentes nos pontos críticos de alagamento, afetados pelo temporal que atingiu a cidade na tarde da última terça-feira.
Ontem de manhã o prefeito e a vice-prefeita Janete Aparecida da Silva (Avante) se reuniram com os 17 vereadores para discutir o empréstimo. O presidente da Câmara, Israel da Farmácia (PP) se comprometeu em convocar uma reunião extraordinária para votar o pedido de empréstimo. Todos os vereadores concordaram com a medida e se comprometeram em votar a favor do pedido.
Causa estranheza o prefeito endividar ainda mais o município com um empréstimo de R$ 20 milhões para pagamento a longo prazo, uma vez que o município, em tese, tem dinheiro em caixa suficiente para bancar gastos fora da previsão orçamentária. No ano passado, na revisão do contrato de concessão do serviço de abastecimento de água e esgotamento sanitário, a Copasa pagou ao município R$ 70 milhões e, sem licitação, levou a concessão para abastecimento de água de 23 comunidades rurais que deverão começar a pagar a tarifa pelo consumo já esse ano.
Os R$ 70 milhões foram depositados na conta da Prefeitura no dia 14 de agosto do ano passado. Esses recursos deveriam ser utilizados exatamente para essa finalidade, ou seja, obras e melhorias no sistema pluvial da cidade. Entretanto, mesmo tendo esse dinheiro em caixa, o prefeito opta por pegar um empréstimo de R$ 20 milhões. Por outro lado, Gleidson Azevedo já anunciou que parte dos R$ 70 milhões será utilizada para bancar as empresas do transporte coletivo e manter a tarifa congelada.
Todos os 17 vereadores foram convidados e participaram da reunião com o prefeito na manhã desta quarta-feira. Nenhum deles teve coragem de colocar em discussão a hipótese de utilizar o dinheiro pago pela Copasa para recuperar os estragos da chuva, ao invés de fazer uma dívida de R$ 20 milhões.
EMERGÊNCIA
Na edição de hoje do Diário Oficial dos Municípios foi publicado o Decreto 16.441/25, que declara situação de emergência no município. Segundo a Prefeitura, “a medida busca garantir a segurança e o bem-estar da população, bem como preservar a integridade de bens públicos e privados diante dos danos ocasionados por desastres naturais”.
A justificativa do decreto considera que “as chuvas acima da média têm gerado situações de anormalidade, como alagamentos, desmoronamentos, enchentes e outros eventos que afetaram vias públicas, prédios escolares, unidades de saúde e bens particulares. Registra-se ainda a existência de famílias desalojadas e desabrigadas, além de prejuízos materiais significativos”.
A cidade continua se recuperando das chuvas e a última atualização divulgada pela Prefeitura foi na terça-feira, após a queda do temporal. De acordo com nota oficial desta quarta-feira (15) há famílias desalojadas e desabrigadas, que sofreram prejuízos materiais significativos. A Prefeitura não informou quantas pessoas tiveram que deixar suas casas por causa do temporal da última terça-feira.
Reportagem: Jotha Lee
Sintram Comunicação