Prefeito de Divinópolis vai às redes sociais e mente sobre contratação de show de pastor por R$ 50 mil

Compartilhe essa reportagem:

A apresentação do Padre Reginaldo Manzotti, que não cobrou cachê, reuniu milhares de fiéis e teve, inclusive a participação do prefeito de Divinópolis, Gleidson Azevedo (Fotos: Divulgação)

O prefeito de Divinópolis Gleidson Azevedo (Novo) mentiu mais uma vez ao tentar justificar a contratação de um show do pastor David Quinlan por R$ 50 mil. Contratado sem licitação, conforme mostra reportagem do Portal do Sintram publicada na sexta-feira (7), o pastor se apresentará no dia 15 de junho no Divifest, evento voltado para o público evangélico.

No ano passado, para apresentações no Celebra Divinópolis, evento equivalente ao Divifest, a Prefeitura pagou R$ 80 mil pelo show do cantor gospel Isaías Saad e mais R$ 45 mil para apresentação do grupo evangélico Três Palavrinhas. Todos esses contratos foram efetuados sem licitação. Tanto o show de David Quilan, quanto para os shows do ano passado, a Prefeitura ainda foi responsável pela locação de palco, iluminação, camarins, mão de obra, entre outras despesas.

Irritado com a revelação feita pela reportagem sobre o contrato com o pastor David Quinlan, Gleidson Azevedo usou o Instagram para dizer que a reportagem é mentirosa. “O Sindicato tá falando aqui que a Prefeitura tá contratando sem licitação. Isso é mentira. Na verdade, a Prefeitura, na legalidade, tá contratando um artista para um evento cultural cristão”.

O prefeito de Divinópolis mentiu. A reportagem do Portal do Sintram NÃO. Ao contrário do que Gleidson Azevedo insinuou em seu videoshow no Instagram, a reportagem postada na sexta-feira em nenhum momento afirmou que a contratação de David Quinlan era ilegal. A reportagem informou que a contratação foi feita sem licitação, porém dentro das regras da Lei 14.133/2021, a nova lei das licitações. Veja o extrato da contratação extraído do Portal Transparência, no qual indica a modalidade de contratação: “Inexigibilidade de licitação”.

DIVINAEXPÔ

Ainda em sua autodefesa, o prefeito de Divinópolis disse que houve um pagamento de R$ 350 mil para a Divinaexpô esse ano e “ninguém falou nada”. Na verdade o pagamento foi de R$ 343 mil para permitir a entrada franca da população em um dos dias do evento, uma vez que o Sindicato Rural, embora seja empresa privada com fins lucrativos, nunca ofereceu um dia sequer na Divinaexpô com portões abertos ao povo. Isso só acontece mediante o pagamento ao Sindicato Rural de uma alta quantia financeira bancada por verba pública. Em anos anteriores, o dia com portões abertos era bancado diretamente pelos cofres da Prefeitura. Esse ano, o dinheiro, que também saiu dos cofres públicos, foi destinado ao Sindicato Rural através de uma emenda do vereador Eduardo Print Júnior (PSDB). E, como se sabe, os vereadores têm direitos, dados a eles por eles mesmos, a emendas impositivas. O destino desse dinheiro é de responsabilidade única dos parlamentares, que o envia para onde quiser, mesmo que seja para o Sindicato Rural.

Prefeito usa o Instagram e mente ao acusar o Portal do Sintram de fake news (Foto: Reprodução)

O prefeito continuou mentindo em seu vídeoshow, ao falar que ninguém falou nada sobre o evento Evangelizar é Preciso, destinado ao público católico, insinuando perseguição aos eventos destinados ao público evangélico. Realizado em março, Evangelizar é Preciso reuniu milhares de fiéis em frente ao Centro Administrativo. Na verdade, a Prefeitura não pagou nenhum cachê ao Padre Reginaldo Manzotti, que foi a estrela do evento. De acordo com informações da Assessoria, Manzotti não cobra para fazer shows em paróquias ou entidades sociais. No caso de Divinópolis, a apresentação com missa, seguida de show, teve a participação direta da Diocese. No Portal Tansparência da Prefeitura, também não há nenhum contrato de pagamento de cachê ao Padre Reginaldo Manzotti. Como não houve pagamento ao Padre, não havia denúncia a ser feita de eventual gastança de dinheiro público.

O que chamou a atenção nesse evento foi o alto valor do palco, esse sim, bancado pelos cofres públicos. A Prefeitura pagou R$ 150 mil à empresa MKDS Eventos, Marketing e Divertimentos para a locação de palco, sistema de som, gerador de energia e camarins utilizados no evento Evangelizar é Preciso. É preciso esclarecer que essa contratação foi discricionária da Prefeitura.

No mínimo, é curiosa a contratação de uma empresa de Brasília para prestar esse serviço. A empresa, contratada na modalidade pregão eletrônico, tem como sede ST SIG Conjunto B – lote 14, sala 201, S/N – Taguatinga Norte – Brasília. Esse é o endereço que consta no contrato da prestação do serviço. Veja a íntegra do contrato.

O prefeito de Divinópolis continuará utilizando a mentira como sua estratégia de defesa, porém não tem argumentos que sobreponham a verdade. As reportagens publicadas pelo Portal do Sintram são baseadas em documentos, todos disponibilizados publicamente pela Prefeitura de Divinópolis no Portal Transparência. Portanto, o prefeito terá que continuar defendo a tese de que as reportagens compõem uma estratégia de perseguição, para justificar a gastança do dinheiro público em sua autopromoção, principalmente quando se trata de ano eleitoral.

Em nota solicitada pelo Portal do Sintram, a Diretoria de Comunicação da Prefeitura disse que o Divifest desse ano conta com emenda parlamentar do deputado estadual Eduardo Azevedo (PL), porém não informou o valor. Sobre a contratação sem licitação, a nota repetiu o que foi publicado pela reportagem postada na sexta-feira e que o prefeito classificou como mentira. “A Lei de Licitações e Contratos Administrativos 14.133/21 em seu Art 74 Inciso II diz: É permitido a contratação de profissionais do setor artístico, diretamente ou por meio de empresário exclusivo desde que consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública”.

Reportagem: Jotha Lee
Comunicação Sintram


Compartilhe essa reportagem: