O prefeito de Divinópolis Gleidson Azevedo (Novo) e seu chefe de Gabinete, Talles Duque Barbosa, estão sendo investigados em um processo criminal conduzido pela Procuradoria de Justiça de Minas Gerais por corrupção ativa. Eles foram incursos no artigo 317 do Código Penal. A investigação partiu de uma denúncia apresentada à Procuradoria de Justiça de Minas Gerais em julho do ano passado assinada pelos vereadores Flávio Marra, Ademir Silva, Edsom Sousa, Hilton de Aguiar, Israel da Farmácia, Ney Burguer, Eduardo Print Junior e Rodyson Kristinamurti.
A denúncia é um desdobramento da Operação Gola Alva, que em maio do ano passado estourou um esquema de propina na Câmara Municipal para aprovação e apresentação de projetos de alteração do zoneamento urbano. Os vereadores Eduardo Print Júnior e Rodrigo Kaboja foram afastados dos cargos acusados de recebimento de propina e já são réus em uma ação penal que tramita na 2ª Vara Criminal de Divinópolis.
A Operação Gola Alva apreendeu celulares de vereadores e empresários. Em um dos diálogos extraído de um dos celulares apreendido, há uma gravação na qual o prefeito admite que pede dinheiro a empresários. Além disso, o prefeito gravou um vídeo e postou em redes sociais onde admite publicamente que pede dinheiro. A gravação da conversa e o vídeo deram origem à denúncia formulada ao MP por Flávio Marra e mais sete vereadores em julho de 2023. Já Talles Duque Barbosa foi incluído na investigação do MP por ter recebido um Pix de um dos empresários envolvidos na Operação Gola Alva.
De acordo com o artigo 317 do Código Penal, configura crime de corrupção contra a administração pública “solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem”. A pena prevista é de dois a 12 anos de prisão.
ANDAMENTO DO PROCESSO
No dia 8 de março desse ano, o desembargador José Luiz Moura Faleiros, relator do processo na 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), determinou ao Ministério Público a conclusão das investigações. Essa semana, a procuradora de Justiça Iraídes de Oliveira Marques encaminhou ao primeiro vice-presidente do TJMG, Alberto Vilas Boas Vieira de Sousa, os autos da investigação para o encaminhamento do processo criminal contra o prefeito e seu ex-assessor.
A denúncia do Ministério Público contra o prefeito Gleidson Azevedo e Talles Duque Barbosa foi protocolada no TJMG no dia 22 de novembro do ano passado e distribuído para o desembargador José Luiz Faleiros, que após a conclusão das investigações decidirá se aceitará ou não a denúncia. Se a denúncia for aceita, o prefeito e Talles Duques passam a ser réus por corrupção passiva.
Na investigação criminal conduzida pelo Ministério Público, entre as provas foi anexado um vídeo no qual aparecem o prefeito e Talles Duque. O vídeo apresenta dois momentos: no primeiro, aparece o prefeito chorando durante entrevista a uma emissora de rádio ao falar de um dos pedidos de cassação do seu mandato; no segundo momento, aparece o prefeito ao lado de Talles Duque. O prefeito confessa no vídeo que pede dinheiro a empresários e chama Talles Duque de “meu anjo negro”. (O prefeito foi alvo de dois pedidos de cassação do mandato, ambos arquivados pela Câmara)
VEJA O VÍDEO
Qual é a relação de Talles Duque Barbosa com o poder político de Divinópolis a partir da posse de Gleidson Azevedo em janeiro de 2021? (Veja reportagem)
Reportagem: Jotha Lee
Comunicação Sintram