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Na primeira aparição pública que fez após retornar de Israel, Janete Aparecida participou de um evento da Secretaria de Educação e não tocou no assunto da viagem (Foto: Reprodução/Instagram)

A recente viagem de 41 prefeitos, vice-prefeitos, secretários municipais e outros políticos a Israel continua repercutindo no Brasil. A vice-prefeita de Divinópolis, Janete Aparecida da Silva (Avante), embarcou no dia 8 de junho para Israel, a convite do governo israelense, com todas as despesas pagas pela Agência Mashav, unidade do governo israelense de relações internacionais. A vice prefeitra integrou uma comitiva composta por 13 gestores brasileiros. De acordo com relatos oficias, a comitiva ficou baseada nas cidades de Kfar Saba e Haifa, região central de Israel. Segundo a Prefeitura de Divinóplis, a vice-prefeita teria participado de cursos “voltados para a tecnologia e segurança pública”, além de atividades acadêmicas.

A comitiva deveria permanecer em Israel até o dia 20, porém o retorno foi antecipado após a escalada do conflito entre Israel e Irã. A vice-prefeita chegou a Divinópolis no final da tarde da última quarta-feira (18).

DOUTRINAÇÃO

A viagem causou repercussão negativa em todos os municípios que enviaram representantes a Israel, principalmente porque as informações sobre as atividades dos políticos naquele país continuam limitadas. Esse final de semana surgiu uma nova informação sobre os motivos do convite do governo israelense para a visita de um grupo de políticos da direita brasileira.  Vídeos obtidos pelo Jornal O Potiguar, do Rio Grande do Norte, revelam que a comitiva brasileira que foi a Israel na semana passada recebeu ao menos uma palestra para defender no Brasil a política de guerra de Israel, principalmente os ataques sobre Gaza.

Nas imagens, publicadas por Daniel Menezes, professor de Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), o porta-voz das Formas Armadas de Israel, Rafael Rozenszajn, em português, orienta os prefeitos e políticos presentes a se tornarem “embaixadores da verdade” ao retornarem ao Brasil.

O porta-voz fez uma palestra para os políticos brasileiros e em uma longa explanação fez duras críticas às notícias veiculadas pela mídia sobre os ataques israelenses sobre Gaza. Informações divulgaas pela imprensa internacional indicam que os ataques de Israel sobre Gaza já mataram quase 70 mil pessoas, em 18 meses, sendo a maioria civis, principalmente crianças e idosos. Rafael Rozenszajn pede aos políticos brasileiros que relatem no Brasil que as notícias de genocídio são falsas e que Israel não está matando crianças em Gaza.

“Eu quero que quando vocês voltarem para o Brasil, vocês possam ser embaixadores, não de Israel, embaixadores da verdade”, disse o porta-voz durante a palestra.”Vocês andaram aqui por Israel, vocês chegaram a ver árabes, talvez vocês viram muçulmanos rezando na rua. Isso não pode ser um estado de apartheid”, acrescentou.

Durante a palestra Rafael Rozenszajn negou o número de mortes de civis em Gaza e defendeu que Israel fez “zonas humanitárias” no território. “Todos os nossos alvos são alvos militares”, afirmou Rozenszajn.

Em suas afirmações durante a palestra aos políticos brasileiros, o porta-voz atacou a Globo, SBT e outras emissoras e falou sobre a importância de os políticos brasileiros agirem pela verdade no Brasil. Por fim, ele deixou claro que as lideranças políticas na plateia seriam multiplicadoras da verdade contra as mentiras do Hamas. A manipulação dos políticos brasileiros para defesa da política de guerra de Israel, fez parte de todas as atividades exercidas enquanto durou a visita. 

VEJA O VÍDEO

O prefeito de Belo Horizonte Álvaro Damião (União) e a vice-prefeita de Divinópolis, Janete Aparecida, participaram das palestras proferidas pelo porta-voz do governo de Israel. O Portal do Sintram pediu um posicionamento da assessoria de imprensa do prefeito de Belo Horizonte, mas não obteve retorno. Também foi solicitada uma posição da Prefeitura de Divinópolis sobre a participação da vice-prefeita nas palestras e o pagamento de diárias no valor de R$ 3,5 mil, já que a viagem foi bancada integralmente pelo governo israelense, mas também não houve retorno.

Reportagem: Jotha Lee
Sintram Comunicação


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