No dia 19 de agosto, a partir das 19h, no canal do Youtube, da Boutique do Livro, será realizado o lançamento do segundo livro do servidor de Divinópolis, Cláudio Guadalupe. A obra, “Poesia Hereditária”, vem após quase 12 meses do lançamento do primeiro livro, “Cantos de Meu Tempo”, que foi divulgado aqui no site do Sintram. O crescimento do servidor na área da poesia vem se evidenciando a cada dia, através de premiações em concursos e festivais literários*. Divinópolis, respeitada e reconhecida pelo talento poético de Adélia Prado e Júlio Régis, tem através de Cláudio, outros servidores e integrantes do Coletivo Arteferia, buscado resgatar essa tradição tão bonita na cidade e orgulho para os divinopolitanos, com a produção de poemas em fanzines, participação em lives com declamações e divulgação da grande arte da poesia em intervenções nas ruas da cidade.
Cláudio explica a escolha do título “Poesia Hereditária” por acreditar que a poesia é reminiscência de outros poetas e épocas anteriores. “Sinto que tenho pelas minhas leituras, vivências, toda uma influência de vários autores, sobretudo, os modernistas na década de 40 em diante, nas poesias com cunho social e político nas décadas de 1960/70/80 e na poesia marginal dos anos 1970/80”, explica.
O escritor cita autores nacionais como Moacir Felix, Thiago de Mello, Ferreira Gullar, Carlos Drummond de Andrade e internacionais, como Pablo Neruda e Walt Whitman, como influências em suas produções. “São poetas, que me influenciaram muito do ponto de vista de ter uma verve ligada a uma poesia de cunho social, por isso o nome “Poesia Hereditária”. Herdei essa forma de pensar, de denunciar e apresentar também saídas para este mundo”, justificou
O servidor fala também da vivência no movimento sindical, político e estudantil de Divinópolis, o que influencia hoje seus poemas e a forma de ver o mundo. “Como tive experiência com o movimento sindical, político e estudantil, isso reflete na minha visão de mundo, minha poesia é muito ligada às questões sociais e políticas, tanto do passado como do presente do país, daí também o nome “Poesia Hereditária”. É como se fosse uma capitania da nossa história da colonização, que até hoje influencia o modo de viver do brasileiro, que sofreu a escravidão por quatro séculos”, comentou.
Satisfação
Sobre a satisfação de estar já lançando seu segundo livro, Cláudio explica que ter espaço no mercado editorial é tarefa árdua, mas ver suas ideias e sentimentos expressos num livro motivam todo esforço na caminhada de uma produção literária independente. “É uma experiência frustrante neste sentido de não ter espaço, mas deliciosa do ponto de vista de ver aquilo que você batalha e pensa está expresso em um livro e ele ser publicado. É uma forma de dialogar com os leitores, que se aproximam da gente, eu gosto muito de escrever. A Roseana Muray, que é uma poetisa do Rio de Janeiro, que gosto muito, fala que escrever poesia é um exercício diário, em que temos que acordar e tomar conta das ideias, pegar as ideias do ar, do coração e escrever. Carlos Drummond de Andrade falava que escrever um poema é uma batalha de escolha de palavras, de sentimentos, então é uma luta. E essa é uma luta de um trabalhador, como todo trabalhador desse país. Uma luta diária, feroz, para ter direitos, para poder expressar aquilo, que acha e sente do país”, disse.
O servidor comenta que essa dificuldade de conquista de espaço no mercado editorial é visível também na trajetória de grandes nomes na Literatura Brasileira, por isso é importante não desanimar. Ele cita como exemplo Carlos Drummond, que lançou “Alguma Poesia” em 1930, com recursos próprios e somente em 1942 é que foi financiado por uma editora e Manuel Bandeira, que demorou décadas para ser financiado e se tornou depois um poeta popular em todo o país. “Esse percurso para colocar livros nas estantes das livrarias é um percurso muito dolorido. Não temos apoio, as editoras publicam poucos livros de novos autores e quando se abre para novos autores querem cobrar um preço muito alto para uma edição a nível nacional. É inviável, então fazemos o percurso inverso, vamos lançando os livros, com edições pequenas nas cidades para depois alcançar outras cidades e o país”, disse.
Lançamento
A live de lançamento do livro “Poesia Hereditária” contará com a participação da professora da UEMG, Regina Morais, do professor, Rodrigo Alves dos Santos, do CEFET Divinópolis, e do artista plástico e servidor municipal de Divinópolis, Marcos Alves de Almeida, que é o responsável pelas ilustrações de Poesia Hereditária. “Vamos fazer um diálogo sobre literatura, especificamente sobre o livro, que será lançado no dia e convido a todos os colegas a estarem conosco nesta noite especial”, conta Cláudio.
Livro
Para adquirir o livro, os interessados deverão procurar a Boutique do Livro, Av. Antônio Olímpio de Morais, 487 – Centro, Divinópolis, a partir do dia 19 de agosto, e no final do mês estará também disponível no site da Amazon. O exemplar poderá também ser adquirido diretamente com o servidor Cláudio Guadalupe pelo número (37)99807-5040. O valor será R$20 reais.
* Desde 2019, Cláudio Guadalupe tem participado de concursos literários, em Minas Gerais e outros estados. Entre os destaques das premiações estão: o 5º Lugar no Concurso Internacional de Poesia – Cecília Meireles, na Bahia, com o poema “Exorcismo”, que aborda a questão negra no Brasil; o 1º lugar no Concurso Literário, em Lagoa da Prata, com poema “Doce Prata”, que aborda a degradação ambiental no município devido aos canaviais; e a mais recente premiação em Concurso Literário em Sabará, no Projeto Borrachalioteca, que é uma borracharia, que tem a organização de uma biblioteca e publica poemas em sacos para pães. O projeto denominado “Pão e Poesia” selecionou poemas do autor, que falam da “Esperança” como forma de resistir e fazer história. Neste último concurso, além de poemas de Cláudio foram selecionadas produções literárias dos poetas, Mauro de Oliveira (servidor do SETTRANS) e Júnia Paixão (de Carmo da Mata), integrantes do Coletivo Arteferia, os poemas serão reproduzidos em mais de 40 mil embalagens de pães para as padarias de Sabará.
Confira abaixo um dos poemas de Cláudio Guadalupe selecionado no Concurso de Sabará:
PERMANÊNCIAS (fragmento)
Nisto insisto
A comunhão de bens
A frutificação da esperança
Palmares
Refúgios
Nisso acredito
Com este afinco
O terno como direito
O azul de um céu aberto
Passeatas
Juventudes
Neles prossigo
…
Permaneço incompleto
Mas com eles resisto!
Reportagem: Flávia Brandão
Comunicação Sintram