O presidente Jair Bolsonaro disse nesta terça-feira (5) que o Brasil quebrou e que ele não consegue fazer mais nada. Bolsonaro transferiu para a mídia a responsabilidade pela crise provocada pela covid-19, que matou quase 200 mil brasileiros.
“Chefe, o Brasil está quebrado, e eu não consigo fazer nada. Eu queria mexer na tabela do Imposto de Renda, teve esse vírus, potencializado por essa mídia que nós temos. Essa mídia sem caráter. É um trabalho incessante de tentar desgastar para tirar a gente daqui e atender interesses escusos da mídia”, afirmou para um grupo de apoiadores na parte externa do Palácio da Alvorada.
A declaração de Bolsonaro causou uma onda de críticas pelo país, pois ele foi eleito para governar e buscar soluções para as crises nacionais. Além disso, um país nunca está quebrado, pois ele tem uma série de mecanismos que permitem “fazer” dinheiro. Diante das críticas, o Ministro da Economia, Paulo Guedes, teve que entrar em cena para apagar o incêndio. Ele interrompeu suas férias para tentar amenizar a declaração dada por Bolsonaro de que o “Brasil está quebrado” e, por isso, ele não consegue fazer nada. Em entrevista ao jornal O Globo, Guedes disse que o presidente se referia ao setor público e que, ao afirmar a apoiadores que não poderia cumprir a promessa de corrigir a tabela do Imposto de Renda, demonstrava preocupação com o teto de gastos.
“Ele está se referindo, evidentemente, à situação do setor público, que está numa situação financeira difícil. Porque, depois dos excessos de gastos cometidos por governos anteriores, quando chegou o primeiro governo falando que vai cortar forte, foi fulminado pela pandemia. Nós estamos reconhecendo a dificuldade da situação, mas decididos a enfrentar. Nós vamos seguir com as reformas estruturais. Foi só isso”, declarou o ministro, acrescentando que compartilha do diagnóstico do presidente de que a situação do setor público é difícil.
Guedes disse que o governo fez um forte sacrifício para cortar gastos em 2019, mas foi surpreendido pelas despesas adicionais decorrentes do enfrentamento à pandemia. “É um governo que fez sacrifícios e de repente é fulminado por um raio, que foi essa doença, e gasta 10% do PIB. É tarefa de Sísifo, o cara que empurrava as pedras até lá em cima e os deuses derrubavam a pedra para o cara empurrar tudo outra vez. É evidente que o presidente está se referindo à situação do setor público”, acrescentou.
Segundo o ministro, os planos do governo para a retomada da economia são o controle dos gastos públicos e a aprovação de reformas estruturais como a administrativa e o Pacto Federativo. As férias do ministro da Economia acabam na próxima sexta-feira (8). A declaração do presidente de que o país está “quebrado” repercutiu negativamente. A oposição alega que Bolsonaro deu atestado de incompetência ao dizer que não consegue fazer nada e deveria renunciar ao mandato. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse ser inconcebível esse tipo de manifestação da parte de Bolsonaro.
Fonte: Congresso em Foco