Paralisação do transporte coletivo pega usuários de surpresa e engaveta o trânsito da cidade

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28/08 – 8h – Greve dos motoristas engavetou o trânsito no Centro da cidade (Fotos: Jotha Lee/Sintram)

Centenas de usuários do transporte coletivo urbano de Divinópolis foram surpreendidos na manhã desta segunda-feira (28) com a paralisação dos motoristas, que decidiram suspender suas atividades em protesto contra a aprovação do Projeto de Lei 20/2023 pela Câmara Municipal. O projeto redefine os valor das multas aplicadas às empresas e aos motoristas por eventuais descumprimento das regras contratuais. (Ver reportagem).

O Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário de Divinópolis (Sintrodiv), denuncia que as empresas repassam os valores das multas aos motoristas, que ainda são obrigados a pagar por eventuais defeitos nos veículos, como também por danos provocados por acidentes.

A paralisação foi definida numa assembleia ocorrida na garagem da Trancid no início da manhã de hoje. De acordo com o advogado do Sintrodiv, Wesley Adami, os motoristas se reuniram em assembleia na sexta-feira (25) e pretendiam paralisar as atividades já no final de semana. Aconselhados pelo sindicato, a classe deixou a decisão para hoje. Uma hora antes do início da circulação dos ônibus, as 4h, a categoria se reuniu em nova assembleia no garagem e definiu pela paralisação.

Por meio de nota, a Prefeitura disse que “foi surpreendida” e tomou conhecimento da paralisação “pela imprensa”. “A greve, no formato que está sendo feita, é ilegal. Em razão disso, o jurídico da prefeitura já está tomando todas as medidas cabíveis”, disse a Prefeitura.

Ao Portal do Sintram, o Sintrodiv admitiu que não houve comunicação da greve, já que a decisão pela paralisação foi tomada no início da manhã. Disse ainda que o Sindicato não está fazendo greve e que está apenas apoiou a “iniciativa dos motoristas”.

 

28/08 – 8h – Rua Pernambuco com Avenida Getúlio Vargas
28/08 – 8h – 1º de Junho – acesso ao viaduto do Bairro Esplanada, sentido Centro

SURPRESA

Centenas de usuários dos coletivos urbanos foram surpreendidos pela paralisação. Sem meio de transporte para se dirigir ao trabalho, a maioria apelou para os veículos por aplicativo. Entretanto, em razão do aumento inesperado da demanda, esse tipo de transporte estava levando até 40 minutos para atender aos usuários. “Já tem quase uma hora que eu estou tentando e não consigo”, contou Suelen do Carmo Pinto, auxiliar de contabilidade, que estava em um ponto de ônibus na Rua Bom Sucesso, próximo à UPA 24h. Centenas de pessoas passaram por essa situação e muitas revelaram que chegariam atrasadas ao trabalho.

TRÂNSITO

Outro reflexo da paralisação foi o trânsito totalmente complicado no início da manhã. Sem transporte urbano, quem tinha horário a ser cumprido teve que tirar o carro da garagem. Até as 9h, as principais vias de acesso ao Centro apresentavam enormes filas de veículos, com retenções e lentidão. Entre 7h e 8h, longas filas foram formadas do Centro Social Urbano, no Bairro Interlagos, até o Centro, deixando a Rua Goiás com trânsito quase totalmente parado no Bairro Porto Velho. Não houve problemas de acesso à UPA 24h, que é feito pela Rua Jesus Jota, e os transtornos no trânsito foram verificados, em sua maioria, em direção à Região Central.

No Centro, as ruas Pernambuco, Goiás, Minas Gerais e as avenidas Getúlio Vargas e 1º de Junho, que são as principais artérias de desafogo do tráfego, ficaram congestionadas durante boa parte da manhã.

INSATISFAÇÃO

A insatisfação dos trabalhadores do transporte urbano de Divinópolis já é antiga, já que sempre houve queixas da categoria sobre o relacionamento com as empresas. Essa insatisfação aumentou nos últimos anos, com a retirada dos cobradores na administração do então prefeito Vladimir Azevedo (PSDB). Coube ao motorista, sem que inicialmente houvesse compensação salarial, exercer a função de condução do veículo e também de cobrador. Hoje os motoristas trabalham sob enorme estresse, sendo obrigados a conduzir o veículo, cobrar a tarifa, já que cerca de 30% dos usuários não utilizam o cartão Divipass, controlar entrada e saída de passageiros e ainda trabalhar em veículos superlotados.

Em março desse ano os motoristas já haviam ameaçado uma greve por revisão salarial. De acordo com o Sindicato da classe, os salários estavam congelados há três anos. Sem reajuste nesse período, havia ambiente para uma greve. Pressionadas, as empresas fizeram um acordo coletivo em abril. Pelo acordo, que vale até fevereiro do ano que vem, o piso salarial dos motoristas ficou em R$ 2.365,00, com direito a 15% sobre esse valor para os profissionais que também exercem a função de cobrador. Para os cobradores,  é pago o salário mínimo, enquanto o fiscal despachante tem salário de R$ 1.887,00. A categoria ainda recebe R$ 448,00 a título de ajuda de custo e a empresa é obrigada a pagar até 40% do salário antecipadamente até o dia 20 de cada mês.

Reportagem: Jotha Lee
Comunicação Sintram

 

 

 


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