Nova crise no sistema público de saúde de Divinópolis é atribuído ao abandono da Atenção Primária

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Não bastasse a interminável crise no abastecimento de água da cidade, Divinópolis tem pela frente o desafio de encontrar soluções imediatas para uma nova crise instalada no serviço público de saúde. A superlotação permanente da Unidade de Pronto Atendimento Padre Roberto (UPA 24h) foi o estopim para ações fiscalizadoras mais efetivas tanto da Comissão de Saúde da Câmara Municipal, quanto do Conselho Municipal de Saúde (CMS). A principal conclusão que se chegou até agora, é de que a falta de médicos para atendimento na Atenção Primária, tem sido o principal motivo para a superlotação da UPA. “Os postos de saúde não estão fazendo a atenção primária para que o usuário possa ter o primeiro atendimento e só seja encaminhado para a UPA em situações de maior gravidade”, denunciou o presidente da Câmara, Eduardo Print Júnior (PSDB). Ele disse ainda que, após visitas, vereadores constataram que não haviam médicos em vários postos de saúde.

O Conselho Municipal de Saúde está fazendo um mapeamento na Atenção Primária de Divinópolis e, mesmo antes do fim do trabalho, já concluiu que a precariedade do serviço é a principal causa da superlotação da Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Até agora já foram realizadas 18 visitas às unidades de saúde e o Conselho constatou falta de médicos e demanda acima da capacidade, exigindo uma carga de trabalho exaustiva para os servidores do sistema.

O Conselho cita problemas no Posto de Saúde Central e falta de médicos denunciada por usuários das unidades dos bairros Jardinópolis, Rancho Alegre e Campina Verde.

PROCESSO ADMINISTRATIVO

A situação na UPA 24h não se limita apenas à superlotação. Na semana passada, a morte de um homem acirrou ainda mais a crise na Unidade. Segundo depoimentos, o homem teria entrado na UPA andando e saiu de lá morto. A direção da unidade disse que o homem chegou morto à unidade, sendo veementemente desmentida por familiares.

Esse evento gerou cobranças ao governo municipal e a Secretaria Municipal de Saúde instaurou um Processo Administrativo contra o Ibrapp  – Instituto Brasileiro de Políticas Públicas, organização social que administra a UPA,  para apurar o descumprimento contratual.

A Comissão de Saúde da Câmara convocou o Ibrapp para prestar esclarecimentos sobre a superlotação da UPA, além de explicar a real situação da unidade, principalmente nas questões de capacidade física e técnica de atendimento à população. Além dos diretores Técnico e Administrativo da UPA, Tarcísio Teixeira de Freitas Júnior e César Augusto Tamoeiro, respectivamente, também foram convocados o secretário municipal de Saude, Alan Rodrigo da Silva, e o Diretor de Regulação em Saúde, Rafael Otaviano Ribeiro da Silva. A audiência está marcada para o próximo dia 13.

Por sua vez, o Ibrapp acusa a Prefeitura pela superlotação da UPA. Em um documento enviado à Câmara, o Instituto afirmou que a superlotação é derivada do grande fluxo de atendimentos que não são feitos na Atenção Primária.

SINTRAM

O presidente do Sintram – Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Divinópolis e Região Centro-Oeste, Marco Aurélio Gomes, disse que a preocupação da diretoria do Sindicato é com o desempenho das atividades por parte dos servidores municipais lotados no sistema de saúde. “A Prefeitura, através da Secretaria de Saúde, precisa solucionar essa crise antes que os servidores municipais comecem a sofrer consequências mais graves. Temos visto servidores da saúde sendo ameaçados e agredidos por usuários ante a precariedade do sistema e o crescimento dessa crise significa aumento da justa inconformidade dos usuários, fator principal que tem provocado conflitos bastante preocupantes nas unidade de saúde”, alertou o presidente.

Marco Aurélio Gomes disse ainda que a falta de médicos na Atenção Primária exige maior demanda de trabalho para enfermeiros, técnicos e auxiliares, que no seu entendimento já estão trabalhando no limite. “Os trabalhadores do sistema de saúde do município já estão no limite, com sobrecarga de trabalho, além da insegurança que gera intranquilidade a quem precisa de um bom ambiente para desempenhar suas atividade. Aguardamos que medidas sejam adotadas e que a Prefeitura dê uma resposta urgente para trazer a normalidade ao sistema de saúde e dar a devida segurança para os servidores que estão na linha de frente”, finalizou Marco Aurélio Gomes.

Reportagem: Jotha Lee
Comunicação Sintram

 

 

 


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