Em audiência pública da Comissão do Trabalho, da Previdência e da Assistência Social nesta quinta-feira (9), na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), representantes dos funcionários da Cemig cobraram valorização salarial e a revisão do modelo de gestão da companhia, diante de denúncias de falta de pessoal, desleixo com a saúde e segurança dos colaboradores, assédio moral e perseguição aos sindicatos. A estatal, uma das primeiras da lista de Zema para ser privatizada, também irrita consumidores, com a má prestação de serviços, cortes constantes de energia, demora no atendimento, entre outras reclamaões.
A reunião na Asembleia foi realizada a requerimento do presidente da Comissão, deputado Betão (PT), que expôs sua preocupação com a política do governador Romeu Zema para o serviço público em geral. Ele afirmou que a ALMG passa por um momento de pressão para aprovar a adesão do Estado ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF), que, conforme destacou, pode resultar no congelamento de salários por nove anos e privatizações de estatais como a Cemig.
Outra pauta do Executivo criticada pelo deputado foi a possibilidade de implantação de um teto de gastos, com o crescimento das despesas do governo limitado à inflação, medida que pode afetar diretamente serviços públicos essenciais.
O deputado Professor Cleiton (PV) também protestou contra a intenção do governo de abrir mão de parte de seu patrimônio, com o auxílio de proposta de emenda à Constituição do Estado (PEC) que retira a exigência de referendo popular para a venda de estatais mineiras.
Carlos Wagner Machado, De acordo com o economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Carlos Wagner Machado, os resultados da companhia permitem a concessão de aumento real aos trabalhadores, não limitados ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), um dos termômetros da inflação. O lucro líquido da empresa atingiu R$ 3,8 bilhões em 2022 e R$ 2,4 bilhões apenas no primeiro semestre deste ano. A última vez que houve um aumento real por produtividade, lembrou Carlos Machado, foi em 2012.
SAÚDE E SEGURANÇA
Maria Helena Barbosa, diretora do Sindicato dos Engenheiros de Minas Gerais, se mostrou apreensiva com a redução do quadro de pessoal da Cemig, que estaria colocando suas operações em risco. Ela citou o aumento crescente do número de consumidores, o que exige mais subestações e quilômetros de rede para supervisionar com segurança.
Emerson Adrada, coordenador-geral do Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores na Indústria de Minas Gerais (Sindieletro/MG), abordou a quantidade sucessiva de acidentes de trabalho, inclusive com mortes, ao cobrar melhores condições aos funcionários. O sindicalista ainda denunciou a prática de assédio moral sistemático na empresa, no seu entender, uma estratégia de gestão para afastar os trabalhadores das suas reivindicações.
De forma semelhante, Everson Tardeli, membro do Conselho Estadual de Direitos Humanos, relatou perseguições a dirigentes de sindicatos e medida antissindical prevista na proposta de acordo coletivo, com a limitação da liberação de funcionários para essas entidades, ainda sem a proteção da estabilidade para que possam atuar de forma independente. “Nunca a empresa foi tão aparelhada por indicações políticas e por contratações de pessoal ilegal”, concluiu.
O QUE DIZ A CEMIG
O superintendente de Gestão de Pessoas da Cemig, Brunno Santa’Anna, que participou da reunião na ALMG, defendeu o acordo coletivo proposto pelo governo, o qual, segundo ele, não retira nenhum benefício, como tíquete-alimentação, auxílio educação, auxílio creche e movimentações salariais.
Ele também garantiu a segurança de todas as instalações da empresa, “um valor inegociável”, e refutou a falta de pessoal ao citar a contratação de 270 eletricistas no último ano e abertura de 240 vagas em concurso público.
Fonte: ALMG