Prefeitura diz estar “surpresa” com a greve e representantes do Consórcio saem da cidade

A população de Divinópolis foi surpreendida nesta segunda-feira (10) com a paralisação total do transporte coletivo urbano. Ao contrário do que anunciou o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Divinópolis (Sinttrodiv) na sexta-feira, a greve dos motoristas começou as 2h da madrugada desta segunda-feira (10). Na sexta-feira (7) uma reunião entre o prefeito Gleidson Azevedo (Novo), o presidente do Sinttrodiv, Erivaldo Adami, e representantes do Consórcio Transoeste, que representa as empresas concessionárias, foi feita uma contraproposta salarial aos motoristas. Logo após a reunião, o Sinttrodiv anunciou um acordo para evitar a greve, porém sem realizar uma assembleia para submeter a contraproposta à categoria. A Prefeitura também publicou nota oficial na sexta-feira, informando que a greve estava suspensa.
Todas essas decisões foram tomadas entre Prefeitura e Sindicato dos Motoristas, sem que a categoria tenha apreciado a contraproposta salarial. Na madrugada desta segunda-feira (10) os motoristas que deveriam iniciar as atividades a partir das 4h, decidiram não sair da garagem e a greve foi oficialmente deflagrada.
Inicialmente o Consórcio Transoeste ofereceu 4% de recomposição salarial. Essa proposta foi rejeitada na semana passada, quando os motoristas entraram em estado de greve. Na sexta-feira passada, o Consórcio ofereceu R$ 2.550,00 de piso salarial, o que representa um aumento de 10%, e aumento do vale alimentação de R$ 500 para R$ 700. Os motoristas querem piso salarial de R$ 4 mil, o que significa um reajuste de 56,86%.

CRONOGRAMA DA GREVE
26 DE FEVEREIRO DE 2025 – Após assembleia dos motoristas, quando a categoria rejeitou a primeira proposta de reajuste de 4%, o Sinttrodiv encaminhou comunicado ao Consórcio Transoeste, à Prefeitura e a Polícia Militar, informando que os motoristas haviam decidido pelo estado de greve. Comunicou, ainda, que a greve deveria ser iniciada nesta segunda-feira (10), caso não se chegasse a um acordo.
SEXTA-FEIRA, 7 DE MARÇO – Em reunião realizada na Prefeitura, da qual participaram o prefeito Gleidson Azevedo, representantes do Consórcio Transoeste e o presidente do Sinttrodiv, Erivaldo Adami, foi apresentada uma nova proposta aos motoristas. Logo após a reunião, sem levar a proposta para discussão em assembleia da categoria, o presidente do Sinttrodiv anunciou um acordo para evitar a greve.
No mesmo dia, As 17h10 a Prefeitura de Divinópolis divulgou nota oficial sob o título: “Prefeitura anuncia suspensão da greve dos motoristas após mediação do Prefeito” – Veja íntegra da nota divulgada na sexta-feira pela Prefeitura:
A Prefeitura de Divinópolis informa que, após a mediação do Prefeito entre o Sindicato dos Motoristas e o Consórcio Transoeste, a greve dos motoristas, que estava prevista para segunda-feira (10/03) foi suspensa. A proposta de reajuste salarial será levada à assembleia da categoria nesta segunda-feira, para deliberação e votação pelos trabalhadores.
Essa mediação teve como objetivo evitar a paralisação e garantir que as discussões sobre as condições de trabalho e o reajuste salarial seguissem de forma organizada e construtiva. O desfecho positivo possibilita que a greve seja suspensa e a negociação continue de maneira pacífica.

SEGUNDA-FEIRA, 10 DE MARÇO – As 2h da madrugada desta segunda-feira (10), os motoristas que chegaram à garagem da Trancid para o trabalho, ignoraram o acordo feito entre o prefeito e o presidente do Sinttrodiv e decidiram entrar em greve mesmo antes da assembleia que estava marcada para as 9h. A Trancid é a maior detentora da concessão do transporte coletivo urbano com 96% das linhas.
Nenhum dos motoristas do turno da manhã saiu da garagem e a paralisação atingiu a 100%. As 9h, aconteceu a assembleia, ocasião em que a greve por tempo indeterminado, que já havia começado na madrugada, foi aprovada por unanimidade.
A partir da realização da assembleia, várias viaturas da Polícia Militar se posicionaram nas ruas de acesso à garagem da Transcid, onde está concentrada a maioria dos motoristas. Cerca de 15 policiais militares acompanham a movimentação dos grevistas.
Enquanto a cidade está parada, o Consórcio Transoeste informou que não há ninguém para falar sobre a greve. Disse que todos os integrantes da diretoria estão em Belo Horizonte.
PREFEITURA: Com a decretação da greve, que segundo o prefeito estava suspensa depois do “acordo” de sexta-feira, a Prefeitura divuigou nova nota oficial nesta segunda-feira e disse estar “surpresa” com a paralisação. Veja a íntegra da nota:
A Prefeitura de Divinópolis, por meio da Settrans [Secretaria de Trânsito], informa que foi surpreendida, às 4h desta segunda-feira, pelo início da paralisação do transporte coletivo.
Reconhecemos o direito dos motoristas de reivindicar melhores condições de trabalho. No entanto, na reunião realizada na última sexta-feira, no Gabinete do Prefeito, a Diretoria do sindicato dos motoristas, após receber uma nova proposta do consórcio, afirmou que não haveria paralisação na data de hoje e que seria realizada nova assembleia para apresentar a proposta aos trabalhadores, tendo inclusive gravado um vídeo anunciando isso para toda população.
Diante disso, o movimento inesperado contraria o que foi acordado previamente, gerando transtornos à população que depende do transporte público.
Na última reunião, o consórcio apresentou uma proposta de reajuste salarial de 15%, garantindo um ganho real de quase 10%, já que o índice de reajuste é de 4.77%. O próprio sindicato reconheceu a proposta como positiva e afirmou que a defenderia em assembleia, sem qualquer indicativo de paralisação no momento.
Reforçamos nosso compromisso em buscar soluções que garantam tanto a valorização dos trabalhadores quanto a continuidade do serviço essencial à cidade.
APLICATIVOS – Com a greve no transporte público, os motoristas de aplicativos tiveram uma demanda de corridas muito acima dos dias mais movimentados. Com isso, os valores das corridas foram majorados de forma absurda. Em um desses aplicativos, a corrida entre o bairro Padre Eustáquio e o Centro chegou a R$ 60. Em outro, que atendeu a uma cliente do Bairro Serra Verde, a corrida foi de R$ 74.
Todos os ônibus do transporte coletivo urbano estão parados na garagem. Os motoristas, que receberam com vaias vereadores que foram à concentração da classe no início da tarde para fazer populismo, estão decididos a manter a paralisação total por tempo indeterminado.
Reportagem: Jotha Lee
Sintram Comunicação