Israel da Farmácia repete censura e atitude autoritária para impedir cobranças ao Legislativo

A Câmara Municipal de Divinópolis viveu nesta quinta-feira (3) um dos momentos mais vergonhosos da história do legislativo divinopolitano. Momentos constrangedores e de desrespeito ao povo divinopolitano são corriqueiros na Câmara. Censura, ataques a pessoas e instituições sob a proteção da imunidade e aprovação de propostas inúteis ou contra os interesses públicos são situações rotineiras, que inclusive, já se normalizaram junto a sociedade, que nem reage mais.
Na reunião da Câmara desta quinta-feira (3), o presidente Israel Mendonça, o Israel da Farmácia (PP), repetiu a atitude autoritária, que vem sendo marca registrada ao longo do seu mandato à frente da Mesa Diretora. Ele mandou que fosse retirada do plenário a ativista da causa animal e dos direitos de pessoas com deficiência, Flávia Castro, embaixadora do Instituto Helena Antipoff em Divinópolis.

A cena grotesca e vergonhosa de uma jovem sendo praticamente expulsa do plenário pelos brutamontes seguranças da Câmara a mando do presidente, não é o primeiro ato de censura imposto por Israel da Farmácia. No dia 18 de junho do ano passado, ele impediu a dona de casa Anta Lúcia Ferreira Duarte de fazer uma cobrança pública ao deputado estadual Eduardo Azevedo (PL). Ana Lúcia ocupava a Tribuna Livre para pedir esclarecimentos sobre a morte de sua filha Isabela Cristina Cordeiro, de 27 anos, que morreu na UPA 24h, e o corpo foi transportado para a cidade de Oliveira. Ao tentar fazer uma cobrança publica ao deputado Eduardo Azevedo, Ana Lúcia foi impedida pelo presidente da Câmara. Leia reportagem completa.

NESTA QUINTA-FEIRA
Embora as situações sejam diferentes, o que aconteceu nesta quinta-feira (3 de junho de 2025) na Câmara Municipal, é muito parecido com a censura imposta por Israel da Farmácia no dia 18 de junho do ano passado.
A embaixadora do Instituto Helena Antipoff, Flávia Castro, é uma jovem mãe de três filhos, um deles, João Guilherme, de 4 anos, é autista. Flávia se engajou no ativismo em defesa dos direitos dos deficientes e também é incansável na defesa da causa animal.
Flávia Castro representa um grupo de mães atípicas, termo usado para definir mães que cuidam de filhos com deficiências físicas, intelectuais, emocionais ou comportamentais, como autismo, síndrome de Down, TDAH, entre outras condições. A Sociedade Brasileira de Psicologia diz que “a maternidade atípica envolve lidar com uma rotina mais complexa, com terapias, tratamentos e adaptações necessárias para atender às necessidades da criança”. Diz ainda que “essas mães frequentemente enfrentam desafios emocionais, como a necessidade de se adaptar à realidade da maternidade que diverge da expectativa inicial, e também podem enfrentar preconceitos e falta de compreensão por parte da sociedade”.

(Foto: Reprodução/Instagram)
Flávia Castro transformou essas dificuldades em força interior para abraçar a causa. Hoje é ativa no Instituto Helena Antipoff e é a principal voz das famílias atípicas de Divinópolis. Flávia contou que havia requisitado e recebido sinal verde da Câmara para a utilização do plenário nesta sexta-feira (4) para a terceira reunião pública das famílias atípicas de Divinópolis.
Segundo ela, a terceira reunião foi agendada para discutir os muitos problemas que as famílias atípicas de Divinópolis enfrentam. “As famílias enfrentam problemas com a concessão do passe livre [no transporte público], as famílias enfrentam a falta de médicos especializados, tanto neuropediatras quanto psiquiatras infantis. Há famílias que estão há mais de três anos na fila única de Divinópolis, as famílias enfrentam problemas enormes nas escolas e é por isso que essa reunião foi agendada”, afirmou Flávia.
Flávia solicitou a utilização do plenário a 10 dias. Na quarta-feira (2), às 12h17, ela recebeu da secretária do presidente da Câmara a confirmação da liberação do plenário. Pouco horas depois, através de uma mensagem de texto, Flávia foi informada que a reunião não poderia ocorrer, uma vez que a liberação do plenário só poderia ser feita através do pedido de uma instituição e, no caso, a solicitação havia sido protocolada por uma pessoa física. “Ela [a secretária do presidente] confirmou essa reunião, deu o aval para realizar o convite público às famílias”, esclareceu Flávia Castro.
Durante a sessão da Câmara desta quinta-feira (3), Flávia tentou protestar contra o cancelamento da reunião e, no momento em que falava com as pessoas que estavam no plenário sobre essa situação, foi expulsa pela segurança da Câmara, a mando de Israel da Farmácia. O vergonhoso ato do presidente repercutiu de forma negativa, inclusive entre alguns vereadores.
“Não serei silenciada e intimidada por abusos de autoridade e violência de gênero. A maioria dos vereadores após minha fala se solidarizou, com exceção do presidente Israel da Farmácia e da Presidente da Comissão das Pessoas com deficiência Ana Paula do Quintino, que inclusive, foi a primeira a protestar e incitar a tentativa de nos impor o silêncio”, contou Flávia em seu Instragram, onde dezenas de pessoas fizeram questão de deixar uma palavra de solidariedade.
MÃES E PAIS BARRADOS

Nesta sexta-feira (4), no horário marcado para a terceira reunião das famílilas atípicas, dezenas de pais e mães compareceram à Cãmara Municipal. Entretanto, em mais um ato de truculência, por ordem de Iarael da Farmácia, mães e pais de crianças e familiares especiais, foram impedidos de entrar na sede do Legislativo. Uma concentração se formou em frente à sede da Câmara. A Polícia Militar foi chamada por Flávia Castro e compareceu ao local com três viaturas.

Com a chegada da Polícia, pais e mães foram chamados para conversar com o secretário geral da Câmara, Flávio Ramos. Com a presença da Polícia Militar, o secretário tentou argumentar que havia uma portaria que impedia a reunão, já que o pedido de uso do plenário teria que ser feito por uma instituição, o que não foi o caso, já que a solicitação do espaço fora feita por Flávia Castro, como pessoa física. Dezenas de pais e mães protestaram nos corredores da Cãmara e depois de uma longa negociação, o plenário foi liberado e a terceira reunão de famílias atípicas aconteceu conforme estava programado.
Reportagem: Jotha Lee
Sintram Comunicação
- Essa reportagem foi atualizada as 15h14 para acrescentar a informação sobre a decisão da Câmara de impedir pais e mães de acessarem o plenário para realizar a reunião