Incitados por ex-promotor, Bolsonaristas tentam agredir vereadora e deputada eleita Lohanna França

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O ex-promotor Expedito Lucas da Silva na Tribuna da Câmara: incitação de bolsonaristas contra Lohanna França (Fotos: Reprodução/TV Câmara)

 

Um dia após os atos terroristas praticados por bolsonaristas em Brasília, com incêndio de veículos e tentativa de invasão da sede da Polícia Federal, Divinópolis viveu um dia de anarquia promovida pelos seguidores de Jair Bolsonaro na cidade. Um grupo de bolsonaristas, que não aceita a vitória de Lula, permanece acampado em frente ao Tiro de Guerra e, nesta terça-feira (13) cerca de 40 bolsonaristas ocuparam o plenário da Câmara Municipal. O motivo foi acompanhar o pronunciamento do ex-promotor Expedito Lucas da Silva, que usou a Tribuna Livre da Câmara representando os golpistas divinopolitanos.

A ocupação da tribuna pelo ex-promotor teve como objetivo responder à vereadora e deputada estadual eleita, Lohanna França (PV). Alvo preferencial dos bolsonaristas na cidade, a vereadora classificou o grupo como “baderneiros” em vários pronunciamentos no Legislativo. “Nós não somos baderneiros. Somos cidadãos que queremos ver o nosso país no trilho. Somos cidadãos que lutamos por aquilo que acreditamos”, declarou Expedito.

O ex-promotor mentiu, ao firmar que nunca teve pretensões políticas. “Não tenho pretensões políticas, nunca tive, não sou líder, apenas me pediram que falasse em nome dos manifestantes [bolsonaristas]”. Ainda na ativa como promotor, ele pleiteou uma vaga para disputar uma cadeira no Congresso Nacional, instalando um comitê de campanha no Edifício Fagundes e contratando uma equipe de marketing, mas acabou desistindo da candidatura. Em outubro de 2020, ele se engajou na campanha para prefeito do então vereador Sargento Elton, chegando, inclusive, a gravar vídeos pedindo votos.

2020: Expedito pede votos para Sargento Elton e Fernando Malta, dois líderes bolsonaristas da cidade (Reprodução)

Durante seu pronunciamento na Tribuna, Expedito Lucas alimentou a ira dos bolsonaristas presentes contra a vereadora. “Esses baderneiros que a vereadora chama, por favor, levantem-se baderneiros [se dirigindo aos bolsonaristas na plateia]. Aqui nós temos senhoras, senhores, temos delegados federais, temos médicos, temos promotores, temos donas de casa, jovens”, declarou.

LOHANNA

Logo após o pronunciamento de Expedito Lucas, Lohanna França fez o seu discurso já com os bolsonaristas fora do plenário, porém ainda acampados do lado externo da Câmara. Lohanna começou seu discurso fazendo uma denúncia contra a Prefeitura. “Mas quando a Prefeitura de Divinópolis decide autorizar atos antidemocráticos, a minha conversa deixa de ser com a turma de baderneiros e passa a ser com a Prefeitura. No dia 29 de novembro nós denunciamos aqui na Câmara que os baderneiros não tinham autorização para fechar a rua. Muito rapidamente, nós recebemos um ofício da Secretaria de Trânsito, afirmando que no dia 30 o Dr. Expedito solicitou o pedido de autorização. Até o dia 29, eles estavam pelo menos há três semanas sem autorização fechando a rua do Tiro de Guerra”,  declarou a vereadora.

Logo a seguir, a vereadora exibiu uma série de imagens mostrando prints de ameaças e xingamentos que ela vem recebendo. Veja as imagens:



Antes de concluir seu pronunciamento, a vereadora disse aguardar a posse de Lula para a retirada dos bolsonaristas das ruas. “Baderneiros foi gentileza da minha parte. Eu poderia ter utilizado adjetivos muito piores. Eu tenho dó de vocês, com muita sinceridade. Eu espero que o presidente Lula, assim que assumir, cumpra a promessa dele. Que é ordenar, que todas as forças de segurança retirem vocês das ruas imediatamente”, disse a parlamentar.

Ao deixar o plenário para se dirigir à Delegacia de Polícia Civil para prestar mais uma queixa, a vereadora foi cercada pelo grupo. Lohanna foi agredida verbalmente e só não ocorreu agressão física, em razão da proteção que a vereadora recebeu do namorado. Dois seguranças da Câmara foram chamados, mas não fizeram nenhuma tentativa para proteger a vereadora, permanecendo apenas no meio dos bolsonaristas sem nenhuma atitude. Os demais vereadores assistiram passivamente do plenário e nenhum deles saiu em defesa da vereadora.

 

 

A mulher de chapéu é Eliana Miranda Coelho, que atacou verbalmente a vereadora e tentou agredi-la fisicamente (Fotos: Reprodução/TV Câmara)

A reunião foi interrompida  por 10 minutos e na volta apenas dois vereadores abordaram o episódio. Um deles foi Hilton de Aguiar (MDB), que defendeu os golpistas e acusou a vereadora de se vitimizar. O outro foi o presidente da Câmara, Eduardo Print Júnior (PSDB), que se limitou a dar as boas vindas aos bolsonaristas que ameaçaram agredir a vereadora.

Enquanto a vereadora era cercada por Bolsonaristas, vereadores presentes assistiam passivamente do plenário

Reportagem: Jotha Lee
Comunicação Sintram

 

 

 

 


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