IBGE explica diferença populacional de Divinópolis entre a estimativa e o resultado final do censo 2022

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Divinópolis está entre centenas de cidades brasileiras cuja população oficial ficou abaixo da estimativa feita em 2021 pelo IBGE (Foto: Jotha Lee/Sintram)

O resultado do Censo 2022, divulgado na semana passada, trouxe uma surpresa desagradável para Divinópolis. A populacional oficial teve uma queda considerável em relação à última estimativa feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

De acordo com a estimativa feita em dezembro de 2021, a população de Divinópolis seria de 242.505 habitantes. Entretanto, o Censo Demográfico 2022, que é a contagem oficial da população, revelou que até 31 de dezembro do ano passado, a cidade possuía 231.091 moradores. A diferente para menos foi de 11.414 habitantes. Apesar de a população ter ficado abaixo da estimativa de 2021, o número de moradores da cidade aumentou em  8,48% na comparação com o Censo de 2010, quando oficialmente o IBGE contabilizou 213.016 habitantes para o município.

O presidente substituto do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Cimar Azeredo, afirmou que a falta de atualização de dados antes da coleta feita para o Censo 2022/2023 é a explicação para a diferença entre o total da população divulgado pelo Instituto e as estimativas populacionais apresentadas antes pelo próprio órgão.

O total da população do país, por exemplo, caiu da estimativa de 213,3 feita em 2021, para 203,6 milhões de acordo com o censo.

No caso da edição do Censo 2022/2023, além do atraso, uma vez que o censo deveria ter sido feito em 2020, não houve a contagem populacional que costuma ser feita no meio da década. Com isso, os dados deixaram de ser atualizados, explicou Cimar Azeredo. Ainda no caso de Divinópolis, á o agravante de que o Censo não conseguiu contar a população de cerca de três mil domicílios, que se encontravam fechados ou o morador se negou a atender ao recenseador.

“A última vez que nós fizemos um censo no IBGE foi em 2010. A última contagem de população foi em 2010. Deveria ter sido feita uma contagem em 2015, mas não foi feita. O governo não deu recurso para o IBGE fazer essa contagem. A conclusão disso é que chegamos em 2022 com o cadastro desatualizado, muito desatualizado e, por isso, nós estimamos diferente do que realmente aconteceu agora”, explicou o presidente substituto do IBGE.

Segundo ele, todo censo é calculado a partir das informações da edição anterior. “A estrutura de uma estimativa é variar o Censo de 2000 para 2010. Esse avanço, essa tendência de crescimento vão se replicar ao longo da década seguinte. Se um município cresceu, vou replicar esse crescimento e adicionar os movimentos dos componentes demográficos, como migração, fecundação, mortalidade. Só que o método implica que, no meio da década, haja uma contagem”, acrescentou.

Segundo o IBGE, o aumento de 12 milhões, 306 mil e 713 pessoas em todo o país na comparação com o censo de 2010 é a menor taxa geométrica de crescimento populacional desde em 1872, quando foi realizado o primeiro censo no Brasil. O Instituto disse ainda que o ritmo de crescimento, conforme as últimas edições, tem sido cada vez menor, o que reforça a

PERDAS PARA OS MUNICÍPIOS

A Confederação Nacional dos Municípios (CNM) apontou perdas para cidades nas quais houve redução no número de habitantes. Em nota, a CNM avaliou que os dados do censo “não representam com fidedignidade a realidade do país e impactam diretamente nos recursos transferidos aos entes locais, especialmente em relação ao Fundo de Participação dos Municípios e a diversos programas federais que consideram o porte populacional”.

De acordo com a confederação, os desvios muito acentuados entre a população estimada e a efetiva observados no censo indicam “erros de estimativas com sérias consequências para a gestão municipal”.

O presidente interino do IBGE, Cimar Azeredo, disse que o fato de o município perder população não é provocado pelo censo, e o município vai ganhar com os dados disponíveis na pesquisa censitária, uma vez que disporá de informações fundamentais para a elaboração de políticas públicas. “O impacto que o censo provoca nos municípios é sempre positivo, dando informações e permitindo que o prefeito e a sociedade civil, munidos dessas informações, possam fazer o município crescer. Perder população não foi por conta do censo, que só acusa isso e mostra que o Fundo de Participação dos Municípios pode ser melhor distribuído”, afirmou Azeredo.

A CNM informou que, “por entender a relevância dessa radiografia para o país”, vai atuar junto ao Congresso Nacional e ao Executivo para que nova contagem populacional seja feita em 2025, para assegurar dados efetivos e corrigir as distorções decorrentes do levantamento. Essa contagem em 2025 é a do meio da década que Cimar Azeredo considera fundamental em todas as edições do censo e espera que ocorra na data certa.

Reportagem: Jotha Lee
Comunicação Sintram

 

 

 

 


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