Há três anos, Divinópolis registrou o primeiro caso de covid-19 de Minas Gerais

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A primeira dose da vacina contra covid-19 foi aplicada em Divinópolis no dia 19 de janeiro de 2021; A técnica de enfermagem Fernanda Cândida foi a primeira pessoa vacinada na cidade

Em 26 de fevereiro de 2020, o Brasil registrava o primeiro caso de infecção por covid-19. O paciente, um homem de 61 anos, deu entrada no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, com histórico de viagem pela Itália.

De lá para cá, quase 700 mil brasileiros morreram com diagnóstico da doença. Dentre os óbitos, 1,3 mil eram profissionais de medicina e enfermagem. As primeiras ondas da doença impactaram fortemente a saúde física, mental e emocional dos que atendiam na linha de frente das emergências hospitalares.

Embora o Ministério da Saúde tenha registrado oficialmente o primeiro caso de covid-19 no dia 26 de fevereiro de 2020, a primeira morte provocada pela doença foi registrada no país no dia 23 de janeiro do mesmo ano e ocorreu em Minas Gerais. O Ministério informou à época, que uma investigação retroativa, detectou que a primeira morte foi registrada no dia 23 de janeiro, em Minas Gerais e a vítima foi uma mulher de 75 anos.

Em Divinópolis, o primeiro caso oficial de infecção pela covid-19 registrado em março de 2020. O primeiro óbito provocado pela infecção na cidade foi confirmado pela Semusa no dia 8 de abril do mesmo ano e a vítima foi a médica oftalmologista Ana Cláudia Monteiro, de 46 anos, que estava internada no Hospital Santa Mônica, onde ficou 14 dias lutando contra a doença.

Três anos após o início da pandemia, Divinópolis chegou a 189.301 casos notificados, dos quais 46.045 foram confirmados. Já são 764 mortes, sendo 406 homens e 358 mulheres.

SERVIDORES PÚBILCOS

Nesse período de pandemia, os servidores municipais de Divinópolis enfrentaram muitas dificuldades, uma delas foi a falta de equipamentos de proteção, além da extensa carga horária. Muitos servidores que atuaram na linha de frente hoje estão recebendo atendimento psicológico, diante do quadro aterrorizante que enfrentaram durante a pandemia.

Em três anos de pandemia, a Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) nunca apresentou uma estatística sobre a incidência da covid-19 entre os servidores públicos municipais de Divinópolis. Um levantamento extra-oficial realizado pelo Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Divinópolis e Região Centro-Oeste (Sintram) constatou 39 óbitos de servidores até  o ano passado. Ao publicar o levantamento, a Diretoria do Sindicato alertou que esse número deveria ser maior, já que mesmo com recorrentes pedidos, a Semusa nunca forneceu uma estatística oficial.

No ano passado, em razão das sequelas deixadas pela pandemia, Divinópolis criou a Equipe Complementar de Saúde. Com verba do governo estadual, a equipe complementar tem como finalidade prestar assistência psicológica aos profissionais da Rede de Atenção à Saúde, que estavam na linha de frente de combate à covid-19.

“Quem esteve lá dentro do hospital nunca mais vai ser a mesma pessoa. É impossível. As pessoas que entravam na UTI muitas vezes não sairiam mais. Você, como médico, era a última pessoa que elas veriam. Lembro de alguns pacientes que eu precisaria entubar e de falar pra lembrarem das pessoas que amavam. Se acontecesse alguma coisa e eles não voltassem, a última frase que tinham ouvido era que alguém os amava. Até hoje enche meus olhos de lágrima só de pensar que isso aconteceu tantas vezes.” O depoimento é da cardiologista Ana Karyn Ehrenfried, que trabalhava na Santa Casa de Curitiba e na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Fazendinha, também na capital do Paraná.

Uma enfermeira de Divinópolis, que pediu para preservar sua identidade, contou ao Portal do Sintram que até hoje ainda tem pesadelos com os dias mais difíceis que enfrentou em longos plantões no Complexo de Saúde São João de Deus. “A gente não sabe ao certo quantos companheiros foram vítimas da doença, mas foram muitos. Vi gente morrendo muitas vezes. Isso não sairá da minha mente, do meu coração”.

VACINA

Apesar do negacionismo do governo anterior, a vacina contra a covid-19 comprovou sua eficácia. Em todo o país, acabou a estatística macabra do número interminável de mortes diárias. Mas as autoridades de saúde lembram que o vírus da covid-19 continua circulando e ainda continuará fazendo vítimas por muito tempo, só sendo mesmo erradicado quando toda a população estiver imunizada.

Reportagem: Jotha Lee
Comunicação Sintram

 

 


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