Gleidson Azevedo trabalha com mais dinheiro do que prefeitos anteriores, mas gasta mais do que arrecada

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Atual gestão já pediu R$ 70 milhões em empréstimos e dívida fundada deve atingir a R$ 160 milhões

Com mais dinheiro em caixa, Prefeito tem folga orçamentária para administrar Divinópolis (Foto: Jotha Lee/Sintram)

O prefeito de Divinópolis, Gleidson Azevedo (Novo) não tem o que reclamar. Desde que assumiu a Prefeitura em 2021, a arrecadação do município supera as previsões. Com mais dinheiro em caixa, o prefeito tem dinheiro de sobra para obras, investimentos e melhorias no atendimento ao cidadão. Além disso, se fosse vontade do Executivo, os servidores hoje teriam maior valorização salarial, sem afetar a movimentação da máquina. Dinheiro tem e os números oficiais mostram isso.

O prefeito que antecedeu Gleidson Azevedo passou por maus momentos nos dois penúltimos anos de governo. Galileu Machado enfrentou uma das maiores crises financeiras da história do município. Em 2018 a Prefeitura conseguiu arrecadar apenas R$ 524,9 milhões, enquanto a previsão orçamentária era de R$ 644,3 milhões. A arrecadação ficou R$ 151,6 milhões abaixo da previsão.

A crise obrigou a decretação do estado de emergência financeira e os servidores municipais foram diretamente afetados, já que não foi concedida revisão salarial, que deveria ser de, no mínimo, 3,94%. Entretanto, os arrochos promovidos por Galileu, permitiram ao município gastar menos e as despesas da Prefeitura fecharam 2018 em R$ 494,2 milhões.

Em 2019, a situação se repetiu e a receita ficou longe da previsão de arrecadação. A expectativa orçamentária era de uma arrecadação de R$ 703 milhões, entretanto a receita ficou em R$ 590,9 milhões, 147,1 milhões abaixo do previsto. As despesas também foram reduzidas, com cortes em investimentos, e fecharam em 526,2 milhões. Nesse ano, os servidores tiveram revisão salarial de 4,59%.

Em 2020, a situação financeira do município melhorou. Finalmente a arrecadação da Prefeitura se equilibrou com a previsão orçamentária. A administração teve uma receita de R$ 730,9 milhões, enquanto a expectativa era de R$ 719,5 milhões. A despesa fechou em R$ 624,4 milhões. Os servidores tiveram revisão nos salários de 5,23%.

ERA GLEIDSON

Prefeito pediu empréstimo de R$ 20 milhões para consertar estragos da chuva, como essa calçada quebrada desde janeiro na Rua João Ferreira de Morais, Mangabeiras (Foto: Jotha Lee/Sintram)

Na era Gleidson Azevedo, a arrecadação da Prefeitura vem batendo recordes consecutivos e o prefeito tem dinheiro para administrar sem maiores dores de cabeça. Com mais recursos, esperava-se que a Prefeitura cumprisse seus cronogramas de investimentos, mas não é exatamente isso que acontece. Muitas obras estão atrasadas, entre elas a recuperação da Avenida Magalhães Pinto, que deveria ser concluída e deve ficar pronta somente em abril.

Apesar de ter maior arrecadação, o atual prefeito está aumentando a dívida pública com empréstimos de longo prazo. O Executivo já tem autorização da Câmara para dois empréstimos, sendo R$ 50 milhões para construção de uma ponte ligando os bairros Maria Peçanha e Realengo, e mais R$ 20 milhões para recuperar a cidade dos estragos provocados pelas chuvas de janeiro. A dívida fundada da Prefeitura vai saltar de R$ 90 milhões para mais de R$ 160 milhões.

NÚMEROS

Em 2021, no primeiro ano de mandato de Gleidson Azevedno, o município arrecadou R$ 786,4 milhões, contra uma previsão de R$ 763,5 milhões. O prefeito gastou mais do que arrecadou, ficando a despesa em R$ 782,7 milhões. No primeiro ano de governo, Gleidson Azevedo deu o calote na revisão salarial dos servidores, que deveria ser de 5,03%.

Em 2022, a receita foi de R$ 924,3 milhões, enquanto a previsão orçamentária era de R$ 809,6 milhões. A despesa fechou em R$ 925,2 milhões, superando a receita corrente. Nesse ano, os servidores tiveram 9,63% de revisão salarial correspondente ao IPCA/Ipead acumulado. A revisão foi parcelada em duas vezes.

Em 2023, pela primeira vez, o orçamento atingiu a 10 dígitos. A receita atingiu a R$ 1 bilhão, conforme previa a lei orçamentária. A despesa, de R$ 1,056 bilhão, ficou R$ 20 milhões acima da receita. A revisão salarial para os servidores foi de 6,33%.

No ano passado, a receita foi de R$ 1,223 bilhão, acima da previsão que era de R$ 1,212 bilhão. Já a despesa fechou em R$ 1,169 bilhão.Para os servidores, a recomposição salarial foi de 6,8%.

2025

Para esse ano, o orçamento do município prevê receita e despesa da ordem de R$ R$ 1,452 bilhão. Esses recursos são divididos entre Prefeitura, Instituto de Previdência dos Servidores Municipais (Diviprev) e Empresa Municipal de Obras Públicas e Serviços (Emop). Veja como é feita a divisão do bolo orçamentário:

Arrecadação total do município: R$ 1.451.952.161,24

  • Prefeitura: R$ 1.229.105.760,68 (Previsão inicial)
  • Diviprev: R$ 175.403.239,32
  • Emop: R$ 51.952.161,24

Apesar de números grandiosos, chama a atenção alguns cortes importantes feitos pelo Executivo, principalmente em educação, assistência social, infraestrutura e investimentos. 

Entre os cortes mais significativos estão 23,4% em investimentos, 116,63% em manutenção de escolas e 45,51% em infraestrutura. Veja no quadro abaixo onde ocorreram os principais cortes de gastos para esse ano:

O DINHEIRO QUE JÁ ENTROU

Os números citados nesta reportagem estão disponíveis no Portal Transparência da Prefeitura e se referem à receita corrente liquida da administração direta.  Até as 16h04 desta segunda-feira (24) a Prefeitura já havia arrecadado R$ 221,5 milhões. As despesas, até as 9h38 desta terça-feira (25) já haviam atingido a R$ 390,8 milhões. Apesar da despesa muito acima da receita, essa é uma situação de normalidade, já que boa parte das despesas lançadas são pagamentos futuros.

Reportagem: Jotha Lee
Sintram Comunicação


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