Funcionário do São João de Deus nega ter furado a fila da vacina e afirma que postagem em rede social foi apenas um teste

Compartilhe essa reportagem:

A denúncia de desrespeito às regras para a vacinação contra a covid-19 pelo Complexo de Saúde São João de Deus e UPA Padre Roberto feita pelo Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Divinópolis e Região Centro-Oeste (Sintram) ainda não obteve um posicionamento oficial a Secretaria Municipal de Saúde (Semusa). Na terça-feira passada, a presidente do Sintram, Luciana Santos, recebeu cópia de postagem feita em rede social por um funcionário do Hospital São João de Deus que não está no grupo prioritário, na qual ele comemorava ter sido um dos vacinados contra a covid-19.

A postagem feita por Rubens Souza sugere que ele foi vacinado, mesmo sem estar no grupo prioritário

Rubens Souza Cabral, assessor de comunicação do São João de Deus, postou em seu perfil no Facebook, que havia sido vacinado. O fato chamou a atenção já que ele não é do grupo prioritário e sua atividade está longe da linha de frente de combate à pandemia.

Logo após receber a denúncia ligada ao São João de Deus e dos relatos de servidores de que na UPA 24h foram vacinados os agentes administrativos, a presidente do Sintram encaminhou ofício à Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) e ao Conselho Municipal de Saúde (CAS), solicitando a abertura imediata de uma investigação. “Tomamos essa medida para proteger os profissionais que estão na linha de frente de combate à pandemia. É fato que os profissionais que integram o grupo prioritário ainda não foram vacinados em sua totalidade e conceder privilégios nesse momento é inadmissível”, afirmou Luciana Santos.

DESMENTIDO

Na mesma rede social em que postou já ter sido vacinado, Rubens Souza negou que tenha recebido a imunização. Em um texto publicado na tarde desta terça-feira (26) ele disse que a postagem era apenas um teste. “A imagem foi publicada por mim mesmo em minha rede social Facebook para que pudesse realizar uma análise de arte gráfica, para que os colaboradores do Complexo de Saúde São João de Deus pudessem desenvolver uma campanha com o objetivo de registrar e demonstrar a satisfação dos profissionais da linha de frente daquela instituição em estarem, por fim, vacinados contra a COVID-19. Após realizada a análise, a imagem foi imediatamente retirada do ar. Entretanto, a imagem foi copiada, arquivada digitalmente e disseminada como se de fato estivesse recebido a vacina (…) Afirmo ainda não ser verdade que outros profissionais daquela instituição, senão aqueles assistenciais diretos, foram vacinados”, escreveu.

“Se foi ou não um teste de arte gráfica, queremos uma resposta oficial conforme o pedido de investigação que formulamos junto aos órgãos competentes. E diante dos rumores que circulam pela cidade, essa resposta tem que ser imediata para acalmar não apenas os servidores, mas toda a população”, ponderou Luciana Santos. “O momento exige respostas oficiais, pois pipocam pelo país afora, os registros de privilégios concedidos nesta campanha. Nossa função é zelar pela segurança do servidor e pedir uma resposta oficial não significa tornar ninguém culpado”, acrescentou.

O Hospital São João de Deus se negou a dar sua versão oficial, conforme solicitação feita pela Assessoria de Comunicação do Sintram e, através da Ouvidoria, disse que prevalecia a versão dada por seu funcionário.

UPA E PREFEITURA

Já a Prefeitura e o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Social (IBDS), responsável ela gestão a UPA, permanecem em silêncio sobre a denúncia de que a unidade privilegiou os agentes administrativos, que foram vacinados na primeira etapa, mesmo não integrando o grupo prioritário.

Em nota divulgada pela Diretoria de Comunicação, a Secretaria Municipal de Saúde se limitou a informar que 2.320 profissionais da área da saúde já receberam a primeira dose da vacina contra a Covid-19. Disse ainda que as seis equipes de tático móvel já concluíram a vacinação em três instituições hospitalares, UPA, Samu e unidades básicas de saúde e, nesta terça-feira (26) retornaram ao Complexo de Saúde São João de Deus para finalização da vacinação de profissionais da unidade. Sem precisar uma data, a Semusa disse que “ainda essa semana as equipes táticas iniciam a vacinação nas Instituições de Longa Permanência de Idosos (ILPI)”.

“Mantemos o nosso pedido de investigação tanto na UPA quanto no Hospital São João de Deus. Queremos que as explicações venham de um ato oficial, conduzido pela Semusa, que é responsável pela organização e fiscalização da vacinação. Nossa posição não é baseada em fuxicos, mas em pedido formal feito por servidores, aos quais representamos. Esses servidores, que estão se expondo desde o início da pandemia, enfrentando situações de alto risco de contágio, precisam ter a segurança de que não há nenhum tipo de privilégio e que as regras estão sendo cumpridas rigorosamente. Nossa função e obrigação estatutária é zelar pela classe que representamos e é apenas isso que estamos fazendo”, finalizou Luciana Santos.

Reportagem: Jotha Lee
Comunicação Sintram

 

 


Compartilhe essa reportagem: