Um ano e meio após encerrar atividades na fábrica de São Bernardo do Campo (SP), a multinacional estadunidense Ford anunciou nesta segunda-feira (11) que não produzirá mais veículos no Brasil. As fábricas de Camaçari (BA), com cerca de três mil trabalhadores, e Taubaté (SP), com 700, fecharão as portas imediatamente. A unidade de Horizonte (CE) permanecerá em atividade até o 4º trimestre de 2021. A previsão da Central Única dos Trabalhadores (CUT) é que cinco mil metalúrgicos vão perder o emprego.
A empresa, que já havia suspendido parte das operações no país em função da pandemia, disse que trabalhará em colaboração com os sindicatos para “minimizar os impactos do encerramento da produção”.
O mercado nacional será abastecido com veículos produzidos, principalmente, na Argentina e no Uruguai, países cujas operações da empresa não serão afetadas. A montadora encerrará as vendas dos modelos EcoSport, Ka e T4 assim que terminarem os estoques.
A empresa manterá apenas o Centro de Desenvolvimento de Produto, na Bahia; o Campo de Provas, em Tatuí (SP); e sua sede regional em São Paulo.
A justificativa é a crise gerada pela pandemia que atinge o mundo desde o início de 2020. Segundo a Ford, a pandemia da covid-19 “amplia a persistente capacidade ociosa da indústria e a redução das vendas, resultando em anos de perdas significativas”.
“A Ford está presente há mais de um século na América do Sul e no Brasil e sabemos que essas são ações muito difíceis, mas necessárias, para a criação de um negócio saudável e sustentável”, disse Jim Farley, presidente e CEO da Ford.
A companhia não informou qual será o número de funcionários demitidos, embora a previsão dos sindicalistas é de que haverá cinco mil demissões. A For disse apenas que trabalhará “com os sindicatos, nossos funcionários e outros parceiros para desenvolver medidas que ajudem a enfrentar o difícil impacto desse anúncio”.
“É surpresa o fechamento da fábrica de Camaçari, mas se analisarmos o que a Ford disse quando fechou a planta de São Bernardo, de que o foco dela seria a produção de picapes e SUVs, não é estranho que abdicasse também da planta de Camaçari. Já a planta de Taubaté para nós era uma incógnita muito forte. O que estranhamos é a rapidez com que a Ford abre mão do mercado brasileiro que, apesar da crise que vem passando, é um mercado promissor quando o mundo voltar ao normal. A Ford vem tratando trabalhadores e sindicatos da mesma forma como agiu no ABC, com surpresa, rapidez e celeridade na forma como divulga as suas decisões, o que deixa na mão milhares e milhares de trabalhadores diretos e indiretos”, disse em nota o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
O fechamento de unidades produtivas no Brasil parece ser uma tendência do setor. Há menos de um mês, a Mercedes Benz anunciou o fechamento de uma fábrica em Iracemápolis (SP), com 370 trabalhadores. A alta do dólar, que encarece a importação de peças para montagem dos automóveis foi considerada um elemento decisivo para o encerramento das atividades.
Com informações da Agência Brasil