A Diretoria do Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Divinópolis e Região Centro-Oeste (Sintram) se manifestou nesta segunda-feira (14) sobre a situação do sistema de Saúde de Divinópolis. Em meio à maior crise sanitária já vivida pelo município e com o aumento do número de mortos e de casos da covid-19 (ver matéria), a cidade continua sem um titular na Secretaria Municipal de Saúde (Semusa). Desde a última sexta-feira, após o afastamento de Amarildo Sousa do cargo por determinação judicial, o município está sem um interino para comandar a pasta. O afastamento do secretário foi motivado por operação realizada pela Polícia Federal, com participação de auditores da Controladoria Geral da União (CGU), que investiga possível desvio de recursos destinados ao combate à pandemia do coronavirus em Divinópolis. A investigação também apura possível favorecimento ao Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Social (IBDS), no processo licitatório realizado no ano passado para a escolha da organização social que passou a administrar a UPA 24h.
O afastamento de Amarildo Sousa foi oficializado pelo decreto 14.058, assinado na sexta-feira (11) pelo prefeito Galileu Machado (MDB) e publicado na edição desta segunda-feira (14) do Diário Oficial dos Municípios. “Em cumprimento da ordem judicial exarada pelo Juízo da 1ª Vara Federal Cível e Criminal de Divinópolis, nos autos do processo nº 1004847-75.2020.4.01.3811, fica, cautelarmente, determinado o afastamento de AMARILDO DE SOUSA do cargo de Secretário Municipal de Saúde de Divinópolis”, diz o decreto. Apesar de ter publicado o decreto de afastamento do secretário, o prefeito Galileu Machado ainda não indicou o interino e não sinalizou qual a medida será adotada.
A presidente do Sintram, Luciana Santos, entende que nesse momento não há condições de o município continuar sem um chefe para o sistema de saúde. “Nesse momento em que a pandemia atinge o pico mais alto na cidade, não é possível que a Semusa fique sem um chefe para continuar na coordenação do trabalho. Estamos realmente preocupados com a situação dos servidores, seja os que estão na linha de frente de combate à pandemia, seja aqueles que estão na área administrativa da Secretaria. Por mais organizado que o trabalho possa estar, não há como enfrentar uma crise sanitária dessa magnitude sem alguém com poderes de decisão. Os servidores precisam de segurança para continuar o incansável trabalho de combate à pandemia e não há dúvida que isso passa especialmente pelo comando. Precisamos de decisões técnicas imediatas e sabemos que há muitos servidores de carreira na Semusa com capacidade para assumir o cargo nesse momento de transição e garantir que o sistema continue funcionando com segurança”, disse a presidente.
O vice-presidente do Sintram, Wellington Silva, alertou que sem uma chefia há o risco de haver um descontrole na execução do combate à pandemia. “Nossa grande preocupação é a segurança dos servidores e de toda população, que depende unicamente do trabalho executado pelos servidores que estão na linha de frente. As chefias imediatas podem não ser suficientes para garantir a continuidade de um trabalho que depende de todos, mas que precisa ter à frente quem pode tomar as decisões nos momentos mais críticos. Pelo bem dos servidores, pelo bem do cidadão, é preciso que haja a nomeação imediata de um interino para a Semusa”, disse o vice-presidente.
Na sexta-feira, a Prefeitura publicou uma nota declarando apoio ao então secretário Amarildo Sousa e destacou que acompanha com serenidade e cooperação as investigações capitaneadas pela Polícia Federal com relação à pessoa jurídica IBDS. O Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Social, pivô da crise, permanece em silêncio.
Até o fechamento dessa reportagem, todos os telefones da Prefeitura ligados à Saúde (Secretaria, Vigilância em Saúde, Diretoria de Comunicação e números pessoais de assessores) não atenderam aos chamados feitos pela Assessoria de Comunicação do Sintram.
Reportagem: Jotha Lee
Comunicação Sintram