Divinópolis não comparece à eleição do Consórcio que vai trazer o lixo de 32 cidades para o município

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Consórcio diz que já tem o plano pronto para a concessão do tratamento do lixo regional

André Melgaço, eleito presidente do Cias, ladeado pelos prefeitos Léo Camilo, de Samonte, e Fernando Andrade (Foto: Assessoria/Cias)

Está tudo praticamente pronto para Divinópolis receber o lixo de 32 cidades da região, conforme já foi definido no ano passado entre os municípios que pertencem ao Consórcio Intermunicipal Multifinalitário do Centro-Oeste Mineiro (Cias-Centro-Oeste). A discussão em torno da instalação do lixão regional em Divinópolis foi abafada pela Prefeitura e pela Câmara Municipal antes das eleições de outubro do ano passado, uma vez que há forte resistência de moradores da região do Complexo da Ferradura, onde o lixão regional deverá ser instalado. Entretanto, dentro do Consórcio, as discussões estão avançadas e já há uma proposta para a contratação da empresa que vai tratar o lixo que virá de outras cidades.

Enquanto as discussões avançam dentro do Consórcio e após o aval do prefeito Gleidson Azevedo (Novo) para a instalação do lixão regional na cidade, Divinópolis, como principal interessada já que será a sede o lixão regional, se afasta dos debates deixando as decisões que interessam à população da cidade nas mãos de terceiros. Foi assim nas duas últimas assembleias do Cias-Centro-Oeste, quando a Prefeitura não mandou nenhum representante para participar das discussões.

A última assembleia do Consórcio ocorreu no 15 de janeiro desse ano e na ocasião foi eleita a nova diretoria do Cias. A assembleia, com mais de 75 participantes das cidades da região, entre eles 20 prefeitos, além de vereadores e secretários municipais, não teve nenhum representante de Divinópolis. Na ocasião, o prefeito de Pequi, André Luís Melgaço (Avante), foi eleito o novo presidente do Consórcio. Melgaço está no seu segundo mandato à frente da Prefeitura de Pequi e foi reeleito numa eleição de candidatura única.

André Luís Melgaço substitui na presidência do Cias o prefeito de Santo Antônio do Monte, Leonardo Camilo (PSD). Ao deixar o cargo, Camilo disse que “o Consórcio já possui uma proposta de valor muito bem fundamentada para solucionar de maneira definitiva o problema dos resíduos sólidos da região”.

Num encontro que reuniu 20 prefeitos da região para discutir o lixão regional em Divinópolis, o prefeito Gleideson Azevedo, princiçpal interessado, não apareceu e nem enviou representante (Foto: Assessoria Cias)

O novo presidente do Cias, André Luís Melgaço, confirmou que o lixão regional será mesmo instalado em Divinópolis conforme o cronograma original. Disse que vai conversar com o prefeito de Divinópolis, Gleidson Azevedo “para viabilizar a assinatura do contrato de programa, a fim de cumprir o cronograma do projeto de concessão” do tratamento do lixo na usina que será instalada em Divinópolis.

Já está definido que o terreno para o futuro lixão regional será cedido pela Prefeitura de Divinópolis e a concessionária vencedora da concessão terá a obrigação de disponibilizar um aterro para destinação ambientalmente adequada dos resíduos sólidos.

Entretanto, os movimentos ambientais de Divinópolis temem as obrigações ambientais não sejam respeitadas e reclamam que o prefeito de Divinópolis está conduzindo todo o processo em surdina. O vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Divinópolis e Região Centro-Oeste (Sintram), Darly Salvador, ambientalista da ong Águas de Minas, critica a falta de transparência no processo. “Nós estamos acompanhando essa situação desde o ano passado. Todo mundo sabe que o lixão regional vem para Divinópolis, mas a Prefeitura e a Câmara fogem do debate, não há transparência e ninguém sabe o que a Prefeitura pretende fazer”, analisa Darly Salvador.

O vice-presidente do Sintram destaca, ainda, que no ano passado as tentativas de um debate publico amplo sobre o tema foram abafadas pelo poder público da cidade. “No ano passado o presidente da Câmara, Israel da Farmácia, se negou a ceder o plenário da Câmara para que o assunto fosse discutido. É isso que estamos enfrentando em Divinópolis, um completo e total desrespeito ao meio ambiente e o resultado está aí com a cidade um verdadeiro caos, enfrentando eventos climáticos que poderiam ser minimizados se houvesse uma política ambiental série e respeitosa por parte do Executivo”, finaliza.

Reportagem: Jotha Lee
Sintram Comunicação


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