Disputa política polarizada nas redes sociais tira emprego de dezenas de “entregadores de santinhos”

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A utilização de banners fincados nas esquinas das ruas centrais também caiu no gosto dos candidatos (Foto: Jotha Lee/Sintram)

Os chamados “santinhos”, uma das mais tradicionais formas de campanha eleitoral, esse ano saíram de moda, pelo menos em Divinópolis. Poucos são os candidatos que ainda utilizam o método, ainda assim, o intuito é mesmo garantir que o eleitor tenha uma cópia do número de sua candidatura. Ao contrário de outros anos, as ruas estão limpas, as varandas das casas ainda estão preservadas e poucos são os cabos eleitorais que param o eleitor na rua para entregar o famoso “santinho” do seu candidato.

Essa redução significativa na propaganda impressa, pelo menos até agora, é fruto da utilização das redes sociais para as campanhas eleitorais. Candidatos a prefeito, vice-prefeito e vereadores, apostam na tecnologia como forma de chegar ao eleitor e inundam as redes sociais com vídeos em que se autodeclaram competentes, capazes, honestos e, quase sempre, estão muito compromissados com a saúde e a educação.

As redes também servem para esculachos ao adversário, respostas a questionamentos de eleitores, visitas a grupos políticos, fábricas, comércio e andanças dos candidatos pela cidade. Repetem-se cenas tão comuns, com muitos tapinhas nas costas, sorrisos, dar o colo para crianças e recém nascidos, então, é o apogeu da popularidade do candidato. Tudo isso direto das ruas, para as redes sociais.

As dezenas de pessoas que aproveitavam o período eleitoral para garantir um dinheiro extra, seja entregando santinhos, segurando faixas na rua, ou exercendo qualquer outra atividade, ficaram sem essa oportunidade esse ano. Ainda há a distribuição de propaganda impressa, mas esse ano o volume é muito menor.

O uso das redes sociais também reduziu os gastos de campanha. Em um mês de campanha, o candidato à reeleição Gleidson Azevedo (Novo) gastou apenas R$ 43,2 mil. Os gastos foram com material impresso, fotográfico e audiovisual. Não há um gasto, sequer, com pagamento de mão de obra para a entrega dos “santinhos” nas ruas.

A candidata da oposição, Laiz Soares (Novo), sem a máquina administrativa nas mãos para turbinar sua campanha, gastou um pouco mais. Do início da campanha até agora ela declarou gastos de R$ 107.926,00. Desse total, reduz-se o valor de R$ 20 mil, que foram doados por sua coligação a candidatos e outros partidos. Laiz também não registrou gastos para pagamento dos cabos eleitorais que atuam na distribuição de santinhos.

O PERIGO

Se por um lado, o efeito “redes sociais” nas eleições se apresenta positivo com a redução da sujeira nas ruas com as fartas distribuição de santinhos, a má utilização dos perfis é o grande mal hoje não só em Divinópolis, mas em todo o país. Os chamados “influenciadores digitais”, nunca incluídos nas folhas de pagamentos, mas sabidamente regiamente remunerados por outras vias, utilizam seus perfis para distribuir mentiras e atacar os candidatos que se opõem aos seus patrocinadores políticos.

A Justiça Eleitoral de Minas Gerais está repleta de recursos, ações e representações contra campanhas difamatórias que atacam candidatos nas redes por diversos motivos, a maioria deles para tirar-lhes a credibilidade em benefício de outras correntes política. Em Divinópolis, são 15 representações em andamento que investigam uso irregular de redes sociais em desfavor de candidaturas.

A Justiça Eleitoral mantém um canal aberto para receber denúncias de crimes eleitorais, inclusive nas redes sociais. A denúncia pode ser feita pelo aplicativo Pardal, que permite o envio de fotos, áudios e vídeos como evidências de maneira segura, seguindo a Lei Geral de Proteção de Dados (Lei 13.709/2018).

O Pardal pode ser baixado gratuitamente em celulares e tablets ou acessado por meio de um formulário disponível na internet. As denúncias serão direcionadas à zona eleitoral do município onde a propaganda está sendo veiculada, para averiguação.

Além de irregularidades na propaganda, é possível denunciar outras práticas proibidas pela legislação eleitoral, tais como compra de votos, abuso de poder econômico, abuso de poder político, uso da máquina pública para fins eleitorais, uso indevido dos meios de comunicação social e outros crimes eleitorais. A apuração desses tipos de irregularidade compete ao Ministério Público Eleitoral.

O aplicativo também traz orientações sobre o que pode e não pode no período eleitoral. São informações sobre o uso de alto-falantes e amplificadores de som, camisetas, adesivos, material gráfico, propaganda em vias públicas, comícios e participação de artistas em campanhas, entre outros tópicos.

Reportagem: Jotha Lee
Comunicação Sintram


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