Em um interrogatório com mais de três horas de duração, a Comissão Processante da Câmara que conduz o processo de cassação dos vereadores afastados Rodrigo Vasconcelos kaboja (PSD) e Eduardo Print Júnior (PSDB) realizou nesta quinta-feira (22) o interrogatório dos dois acusados. Print Júnior e Kaboja foram afastados após a Operação Gola Alva, realizada em maio do ano passado pelo Ministério Público, após notícia-crime apresentada pelo prefeito Gleidson Azevedo (Novo). Os dois vereadores foram acusados de comandar um esquema de propina na Câmara para apresentação e aprovação de projetos de mudança de zoneamento. A Comissão Processante da Câmara conduz o processo que pede a cassação dos mandatos dos dois vereadores, que já são réus em uma ação criminal na 2ª Vara Criminal de Divinópolis.
Com argumentos frágeis Rodrigo Kaboja e Eduardo Print Júnior negaram todas as acusações, principalmente terem recebido dinheiro de empresários para aprovação de projetos de mudança de zoneamento. Primeiro a ser ouvido, Kaboja se esmerou nos auto-elogios, negou recebimento de propina e mandou algumas indiretas para o prefeito. “Eu jamais apresentei um projeto de mudança de zoneamento urbano nessa Casa, sem antes ter uma reunião, longa reunião, com o prefeito de Divinópolis. Todos os projetos que eu apresentei nessa Casas, talvez os melhores projetos, trouxeram emprego e renda”, afirmou.
Disse que “pensava” que o prefeito era um grande amigo. “Eu e o Gleidson fomos construindo uma grande amizade. Eu achei que ele era um grande amigo. Tudo, tudo, tudo, eu relatava para o prefeito”, garantiu
Kaboja disse ainda que foi vítima de um complô de empresários, que um dia após a Operação Gola Alva se reuniram para criar uma “narrativa” para prejudicá-lo. “Eles [empresários] reuniram no bar do Senhor Geraldo, no Sidil, e criaram uma narrativa para sair do processo criminal para deixar só eu e o Eduardo”, afirmou Kaboja.
Antes de encerrar o depoimento, Kaboja reafirmou ser inocente, estar vivendo sob efeitos de medicamentos e disse ser um dos maiores benfeitores de Divinópolis. “Eu acho que eu sou o maior benfeitor dos vereadores de Divinópolis”, afirmou.
PRINT JÚNIOR
Segundo a depor, Eduardo Print Júnior também negou o recebimento de qualquer vantagem para aprovação de projetos de mudança de zoneamento. Disparou contra o Ministério Público e afirmou que tudo não passou de uma armação do prefeito para acusá-lo de corrupção. Garantiu, ainda, que nunca participou de reunião com o prefeito para discutir esse assunto. “Eu não fui e não participei de nenhuma reunião com esses empresários na Prefeitura”, afirmou.
Eduardo Print Junior partiu para o ataque contra o prefeito. Disse que em um churrasco entre amigos, o prefeito estava “filmando” a todos os presentes. “Uma pessoa que vai a um churrasco para filmar outra e usar contra ele depois, não serve para estar no meu círculo. Não existe homem que grava homem em um churrasco de amigos”, disse Print Júnior, justificando seu rompimento com o prefeito.
Disse ainda que foi vítima de retaliação por ter denunciado a compra pela Secretaria Municipal de Educação de brinquedos play-ball, ao custo superfaturado de R$ 10 mil cada, causando um prejuízo de mais de R$ 1,2 milhão ao município. Disse também que denunciou o mau uso do dinheiro na contratação da Betha Sistemas, e disparou. “Porque paga R$ 600 mil mensal para Betha, se o sistema é uma bosta”? E acrescentou: “Por um fato político, apresentaram uma denúncia política sem nenhuma prova. Qual a prova que eu tenha recebido vantagem, dinheiro, de quem quer que seja para mudança de zoneamento?”, desafiou.
O presidente da Comissão, Ney Burger, informou que agora o relatório será fechado, mas não deu nenhuma informação sobre o depoimento do prefeito Gleidson Azevedo que ele e Zé Braz autorizaram ser feito por escrito, contrariando as regras legais. Disse que o relatório final será votado em reunião especial, em data ainda a ser marcada.
Reportagem: Jotha Lee
Comunicação Sintram