Categoria: Minas Gerais

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Sindicato dos Servidores Municipais consegue liminar para suspensão de concurso público com oferta de mais de 1.400 vagas

Sindicato dos Servidores Municipais consegue liminar para suspensão de concurso público com oferta de mais de 1.400 vagas

O TCE confirmoiu suspensão do concurso da Prefeitura de Ibirité (Foto: Reprodução/TV TCE)

O colegiado da Segunda Câmara do Tribunal de Contas de Minas Gerais (TCE) reforçou a determinação do conselheiro Mauri Torres de suspender o concurso público regido pelo edital 002/2024, promovido pela prefeitura de Ibirité, município pertencente à grande Belo Horizonte. A suspensão do concurso, já formalizada pela Prefietura da cidade após a decisão do TCE, atendeu a uma denúncia formulada pelo Sindicato dos Servidores Públicos Municipais da cidade, que entre outros apontamentos de irregularidades, citou a realização do concurso em período eleitoral ferindo a Lei 9.504/1997, que estabelece as regras para as eleições.

O concurso público da Prefeitura de Ibirité visa o preenchimento de 1.402 vagas em diversos cargos. Foram 27.348 inscrições homologadas de 23.735 candidatos. As provas foram realizadas em setembro. O TCE considerou procedente a denúncia do Sindicato dos Servidores Municipais e determinou a suspensão do certame.

Informações prestadas ao Tribunal pelo próprio município de Ibirité  confirmam a realização do certame durante o período de vedação legal, a teor do art. 73 da Lei n. 9504/1997, que diz serem proibidas aos agentes públicos, servidores ou não, condutas tendentes a afetar a igualdade de oportunidades entre candidatos nos pleitos eleitorais, entre elas, “nomear, contratar ou de qualquer forma admitir, demitir sem justa causa, suprimir ou readaptar vantagens ou por outros meios dificultar ou impedir o exercício funcional”; e, também, nomear aprovados em concursos públicos homologados no período que compreende três meses antes da data da eleição até a posse dos eleitos.

O TCE determinou a urgente paralisação do processo, e, além de suspender o concurso público, sob pena de multa diária de R$ 1 mil  até o limite de R$ 10 mil. Na quarta-feira, 30 de outubro, a Prefietura de Ibirité cumpriu a determinação e publicou a suspensão do concurso.

Reportagem: Jotha Lee
Comunicação Sintram

TCE suspende segunda tentativa de Romeu Zema de livrar o Estado das escolas da rede pública

TCE suspende segunda tentativa de Romeu Zema de livrar o Estado das escolas da rede pública

Em decisão liminar, Tribunal suspende edital do governo do Estado para entregar escolas para organizações sociais

A deputada Beatriz Cerqueira foi autora do pedido que culminou com a suspensão do edital (Foto: Guilherme Dardanhan)

O governador Romeu Zema (Novo) está fazendo um grande esforço para tirar do Estado a responsabilidade de administração das escolas da rede pública e entregá-las para administração de terceiros. Primeiro Zema tentou a municipalização, através do Projeto Mãos Dadas, que prevê a entrega das escolas estaduais para administração das Prefeituras. As fortes reações à proposta praticamente sepultaram o Mãos Dadas, voltado para os anos iniciais do ensino fundamental.

Quatro anos depois de lançado, o projeto de municipalização do governador Romeu Zema não decolou por vários motivos, entre eles as fortes reações dos sindicatos representativos dos professores, além de interesses políticos locais, já que a municipalização depende de aprovação das câmaras municipais.

Apenas pequenos municípios de regiões mais pobres, como o Norte do Estado, aceitaram a municipalização. Entre esses municípios estão Capitão Enéias, Claro dos Poções, Grão Mongol, São João da Ponte e São João do Paraíso, todos na região Norte. Na região Leste ocorreu a adesão das cidades de Fervedouro, Santa Bárbara do Leste, Taiobeiras e Inhapim. A Secretaria de Estado da Educação garante que 163 já aderiram à municipalização. Nenhuma cidade com mais de 50 mil habitantes aceitou municipalizar as escolas.

O Sindicato dos Profissionais de Especialista em Educação do Ensino Público de Minas Gerais (Sindespe) diz que o Mãos Dadas é a “transferência de competência das funções precípuas do Estado” e acrescenta que “é notório que o Governo do Estado tem interesse em retirar sua competência em relação à educação”. 

SEGUNDA TENTATVIA

O fracasso do Projeto Mãos Dadas levou o governo Zema a buscar uma segunda alternativa ainda mais extrema para tirar do Estado a obrigação de gestão das escolas públicas. Agora o governador quer terceirizar a educação, entregando as escolas da rede pública para Organizações Sociais “sem fins lucrativos”. Na prática seria terceirizar as escolas públicas estaduais, entregando sua gestão administrativa para organizações sociais, como ocorre, por exemplo no sistema de Saúde em alguns municípios.

Entretanto, o Tribunal de Contas do Estado (TCE/MG) em decisão liminar suspendeu o edital de credenciamento de organizações da sociedade civil (OSCs) interessadas em gerir as escolas da rede de educação pública, aberto em jiulho e batizado pelo governo Romeu Zema (Novo) de Projeto Somar.

A representação pedindo a suspensão foi feita pela deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT). Segundo ela, a transferência da gestão para o terceiro setor “nada mais é do que a privatização da educação pública no estado, tanto da gestão quanto da questão pedagógica”. O pedido de suspensão foi protocolado no último dia 16 de outubro e, nesta quarta-feira (30), foi acatado pelo pleno do TCE, que, por unanimidade, acompanhou o voto do relator conselheiro Cláudio Terrão.

Em seu parecer, o relator destaca que o edital traz um “ambiente de incertezas”, uma vez que não há no texto limite quanto à proporção e ao alcance da utilização dessa parceria com a iniciativa privada. Terrão afirmou ainda que o edital prevê a possibilidade da completa delegação da atividade pedagógica do ensino público, em todas as suas etapas, para a iniciativa privada, usurpando a responsabilidade do estado.

“O governo Zema não poderá entregar nossas escolas para essas organizações que ele credenciou”, afirma Beatriz Cerqueira. Segundo ela, algumas das credenciadas não têm competência na área da educação e apresentam inúmeros problemas na Justiça do Trabalho. Beatriz afirma ainda que a transferência da gestão administrativa e pedagógica do ensino público para a iniciativa privada é inconstitucional.

O Projeto Somar foi implantado pelo governo Zema em 2022, inicialmente em três escolas-piloto. O edital suspenso tem como objetivo ampliar esse modelo de gestão para 80 unidades, abrangendo os anos finais do ensino fundamental, ensino médio e a Educação de Jovens e Adultos (EJA). Dez organizações já foram credenciadas.

Reportagem: Jotha Lee
Comunicação Sintram