Categoria: Minas Gerais

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Fila de espera por medicamentos especiais no Estado têm 25 mil processos

Fila de espera por medicamentos especiais no Estado têm 25 mil processos

A fila de espera para acessar medicamentos de componente especializado (remédios, em geral, caros e de uso prolongado) é de 25 mil processos, em Minas Gerais. A informação foi apresentada pela representante da Secretaria de Saúde (SES), Grazielle Dias da Silva, em audiência pública para discutir as dificuldades de acesso a remédios por pessoas transplantadas.

Na reunião, realizada nesta quarta-feira (24) pela Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), os problemas foram atribuídos pelo governo estadual à falta de pessoal para analisar os documentos. Outros convidados, porém, apontaram que há um ano o governo estadual aumentou a burocracia para os pedidos, o que tem atrapalhado o fluxo.

Os remédios para as pessoas transplantadas são os chamados “imunosupressores”, medicamentos cujo principal objetivo é evitar a rejeição dos órgãos recebidos. Eles precisam ser tomados ao longo de toda a vida depois da cirurgia, e a interrupção do tratamento ou redução da dosagem recomendada pode causar perda do órgão e ter resultados fatais.

Conforme argumentou o representante da Santa Casa de Belo Horizonte, Pedro Augusto de Souza, o acesso aos remédios deve ser o menos burocrático possível. Segundo ele, há um ano, o paciente transplantado reunia os documentos, os apresentava na Farmácia Minas e saia de lá com os remédios. Agora, aumentou-se um passo nessa trajetória, com os documentos sendo primeiro analisados na secretaria e depois levados à Farmácia Minas.

“O Estado já distribuiu o órgão para aquele paciente, já registrou a cirurgia, o que há tanto a se analisar nessa documentação? A omissão de uma dose é o início da rejeição do órgão”m afirmou Pedro Augusto Macedo.

Algumas pessoas que já fizeram transplantes e dependem dos medicamentos também estiveram presentes e levantaram o mesmo problema. Além do passo adicional na análise atrasar a entrega dos remédios, ele causa problemas, porque exige o deslocamento de pessoas, muitas vezes, até outros municípios, já que não há postos para recebimento dos documentos em todas as cidades.

De acordo com o promotor Luciano Moreira de Oliveira, coordenador do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça de Defesa da Saúde (CAO-Saúde), o órgão tem recebido muitas demandas sobre o atraso desses medicamentos, que chegam a levar mais de quatro meses para serem entregues. Ele afirmou que há também demandas relativas à falta de alguns remédios.

Sobre a falta de medicamentos, Grazielle da Silva, da SES, indicou que houve um atraso de um mês na entrega, pelo Ministério da Saúde, de um remédio muito utilizado por pessoas transplantadas. A situação, porém, já teria sido resolvida. Com relação à demora, ela indicou que a secretaria adotou nos últimos anos uma estratégia descentralizada de recebimento de pedidos, o que aumentou a demanda, mas o quadro de servidores para atendê-la não foi ampliado.

Nesse sentido, ela explicou que, atualmente, 14 servidores são dedicados exclusivamente à análise desses pedidos, com uma produção média de 35 processos diários. São recebidos mensalmente cerca de 12 mil solicitações mensais, das quais 10 mil são resolvidas. Como resultado, 25 mil processos estão em atraso. Para resolver o problema, a secretaria estaria atuando na tentativa de aumentar o número de pessoas trabalhando com as análises.

Um dos passos foi mudar a compreensão de que apenas servidores efetivos poderiam atuar nesses processos, que seriam finalísticos da secretaria. Com a mudança, trabalhadores terceirizados via MGS passaram a trabalhar na área, no último mês. Além disso, foi feita uma seleção interna na secretaria, recrutando servidores com atuação em outras áreas, para analisar pelo menos uma vez por semana esses processos.

A limitação é de que necessariamente precisam ser profissionais de saúde, com registro em conselho de classe. Outro problema, segundo a representante da SES, é que a Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag) não tem autorizado o pagamento de horas extras para os servidores, impedindo a extensão da jornada deles para reduzir a fila de espera.

Outras ações estariam em processo de planejamento na secretaria. Uma delas é a reavaliação da lista de medicamentos do componente especial, de forma a levar alguns para os componentes básicos. Dessa maneira, o acesso a esses remédios seria mais rápido.

Com informações da ALMG

Projeto de Zema propõe aumentar recolhimento do Ipsemg em até 108%

Projeto de Zema propõe aumentar recolhimento do Ipsemg em até 108%

Em audiência na ALMG, beneficiários do Ipsemg protestaram contra projeto de Zema (Fotos: Daniel Protzner)

Está tramitando na  Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) o Projeto de Lei 2.238/24, do governador Romeu Zema (Novo) que propõe alteração das alíquotas de contribuição para o Ipsemg Saúde. A proposta foi discutida m audiência realizada pela Comissão de Administração Pública da ALMG nesta terça-feira (23). De acordo com o governo, com um déficit projetado de R$ 260 milhões para 2024 no Ipsemg, “a proposta busca garantir uma arrecadação capaz de manter os serviços de saúde esperados pelos beneficiários, proporcionando maior eficiência e ampliando a oferta de atendimentos”. Atualmente o Ipsemg possui pouco mais de 825 mil beneficiários, que são os servidores estaduais, os aposentados, pensionistas e seus familiares.

Em uma simulação apresentada durante a audiência pelo Sind-UTE, uma auxiliar de serviços gerais com cônjuge e dois filhos menores de 21 anos e salário de R$ 1.401,82 paga hoje R$ 123,36 para o Ipsemg Saúde. Caso as alterações sejam aprovadas, o valor desse desconto passaria a ser de R$ 246,72, o que representa um aumento de 100%. “As pessoas vão sair do Ipsemg porque vão ter que escolher: ou elas comem ou pagam a contribuição”, afirmou coordenadora-geral do Sindicato Único dos Trabalhadores da Educação (Sind-UTE), Denise Romano.

Servidores e pensionistas do Estado contribuem com 3,2% de sua remuneração para terem direito a assistência médica, hospitalar, farmacêutica e odontológica pelo Instituto de Previdência dos Servidores de Minas Gerais (Ipsemg). Eles podem incluir seus dependentes como beneficiários e o Estado recolhe uma contribuição patronal para sustentar os atendimentos.

O projeto de Zema propõe a atualização dos valores mínimo e máximo descontados dos contracheques. De acordo com a proposta, o piso de contribuição passaria de R$ 33,02 para R$ 60, enquanto o teto seria reajustado de R$ 275,15 para R$ 500.

A proposição também prevê o fim da isenção de contribuição para dependentes de servidores com até 21 anos de idade, o fim das isenções indiretas para cônjuges e a cobrança de uma alíquota adicional de 1,2% para usuários com mais de 59 anos de idade.

Em outra simulação feita pelo Sind-UTE, uma professora com mais de 59 anos, com um cônjuge da mesma idade e dois filhos menores de 21 anos, com remuneração de R$ 2.652,29, recolhe atualmente R$ 169,75. Com as novas regras propostas pelo governo, esse desconto subiria para R$ 353,40, o que representaria um aumento de 108,18%.

As demais categorias de servidores também criticaram a proposta governamental. Todos consideraram que o funcionalismo está penalizado por anos de defasagem salarial e argumentaram que a aprovação do projeto pode levar ao sucateamento do Ipsemg.  O presidente do Sindicato dos Servidores da Justiça de Primeira Instância (Serjusmig), Eduardo Mendonça Couto, reclamou que a venda de patrimônio imobiliário, conforme previsto no projeto, não foi discutida previamente com os sindicalistas. “Zema quer vender tudo. Só não vende o servidor porque acha que ele não tem valor”, criticou.

Para o vice-presidente do Sindicato dos Servidores da Tributação, Fiscalização e Arrecadação (Sinfazfisco-MG), João Batista Soares, os problemas do Ipsemg Saúde têm origem na queda da contribuição patronal entre 2019 e 2023.

Ele apresentou dados que mostram que o montante de contribuições dos servidores se manteve praticamente estável nesse período. Já o total da contribuição patronal foi reduzido de R$ 938 milhões para R$ 562 milhões, mesmo com o aumento da Receita Corrente Líquida, que passou de R$ 64 bilhões para R$ 91,4 bilhões.

Audiência na ALMG reuniu grande número de servidores

A deputada Beatriz Cerqueira (PT), que solicitou a realização da audiência pública, criticou o projeto por considerar que ele penaliza os servidores com salários mais baixos. “Estamos diante de uma massa salarial enorme que não teve recomposição das perdas inflacionárias. Ao aumentar o desconto nos contracheques, essa mudança vai contribuir para o empobrecimento de milhares de servidores”, afirmou.

A parlamentar ainda criticou a possibilidade de venda de imóveis de propriedade do Ipsemg, conforme previsto no projeto. Ela também disse não concordar com a alteração legislativa por meio de projeto de lei ordinária, uma vez que o Regime Próprio de Previdência e Assistência Social dos Servidores do Estado foi instituído por lei complementar. Por fim, defendeu a suspensão da tramitação do projeto e a realização de um debate mais amplo sobre as mudanças propostas.

O deputado Professor Cleiton (PV) considerou “preguiçosa” a solução para os problemas do Ipsemg proposta pelo governador Romeu Zema. “A saída encontrada foi simplesmente aumentar a alíquota de contribuição dos servidores, e nada mais do que isso”, lamentou.

Já o deputado Lucas Lasmar (Rede) reforçou que a majoração das contribuições vai prejudicar os servidores com menores salários. Ele adiantou que o bloco oposicionista Democracia e Luta vai tentar reduzir os valores propostos pelo PL 2.238/24 e postergar a aprovação do projeto.

O IPSEMG

O presidente do Ipsemg, André Luiz Moreira dos Anjos, disse que o projeto tem o objetivo de atenuar os problemas financeiros que impactam negativamente no atendimento à saúde dos servidores estaduais. Segundo ele, o aumento das receitas não acompanha o crescimento das despesas do Ipsemg Saúde, o que resulta em um déficit projetado em R$ 260 milhões em 2024.

André dos Anjos frisou que tanto o piso quanto o teto de contribuição dos servidores para o Ipsemg Saúde estão desatualizados. Além disso, ele defendeu a necessidade de instituir a cobrança dos dependentes e cônjuges dos segurados. Segundo o dirigente, contam com isenção total dos pagamentos 13 mil cônjuges e 112 mil dependentes.

Quanto à instituição da alíquota adicional para usuários com mais de 59 anos, André dos Anjos justificou que eles representam 66% dos gastos com a assistência à saúde, e o custo médio do atendimento a esses usuários representa cinco vezes o valor dos demais pagantes do sistema.

Outro desafio a ser enfrentado, segundo ele, é a judicialização, que consumiu R$ 56,2 milhões em 2023. Boa parte desses recursos financia cuidados domiciliares, mas há distorções como o pagamento de fraldas, suplementos alimentares e até massagens. Para resolver esse problema, o projeto institui um rol taxativo de procedimentos a serem cobertos pelo Ipsemg Saúde.

Segundo André dos Anjos, a aprovação do projeto deve proporcionar um aumento de receita de R$ 718 milhões. Ele ressaltou que a alíquota de contribuição permanecerá inalterada para 257 mil segurados e garantiu que o aumento proposto para os servidores mais velhos é para garantir a continuidade do atendimento desses usuários. Ele ainda assegurou que as mudanças propostas foram previamente discutidas com representantes dos servidores.

Reportagem: Jotha Lee
Comunicação Sintram
Com informações da ALMG