Categoria: Minas Gerais

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Petrobras é flagrada desviando esgoto tratado pela Copasa sem autorização

Petrobras é flagrada desviando esgoto tratado pela Copasa sem autorização

O presidente da Copasa, Guilherme Duarte, e a deputada Ione Pinheiro (União) druante vistoria na Regap (Foto: Guilherme Bergamini/ALMG)

Um sistema de bombeamento funcionando a pleno vapor, retirando sem autorização esgoto tratado pela Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) e levando para a Refinaria Gabriel Passos (Regap), pertencente à Petrobras. Esse foi o cenário encontrado pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) em visita à Estação de Tratamento de Esgot(ETE) da Copasa, em Ibirité (Região Metropolitana de BH), nesta segunda-feira (18).

“Nós fomos surpreendidos pela operação. Nós já notificamos a Petrobras duas vezes de maneira extrajudicial e nossa equipe está estudando as medidas judiciais cabíveis”, afirmou o presidente da Copasa, Guilherme Duarte, que acompanhou a visita.

Ele explica que, em 2012, foi celebrado um pré-acordo de permuta, no qual foi cedida, pela empresa petroleira, a área onde hoje está construída a estação de tratamento. O acordo previa como contrapartida o fornecimento do esgoto tratado para reúso pela Petrobrás na Regap. Contudo, o início da operação para retirada do efluente (esgoto tratado) da ETE estaria condicionado a um novo contrato, nunca assinado.

“Esse segundo documento, que seria o responsável por dar a quitação pela cessão da área, nunca foi celebrado entre as partes. Logo, a Petrobrás não tem a autorização para retirar nosso efluente aqui”, disse Duarte.

Segundo o presidente da companhia, a expectativa era de que a empresa estatal aguardasse as discussões em curso, junto ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e à ALMG, sobre a parceria e os impactos para a Lagoa de Ibirité, ou Lagoa da Petrobrás, antes de começar a bombear o esgoto tratado para fora da ETE.

“Nós imaginávamos que a Petrobrás fosse aguardar o desfecho dessa mesa de negociação para que ela pudesse, enfim, começar. Ela se antecipou, iniciando sem o contrato assinado e sem a autorização da Copasa.”

Ele anunciou ainda que, caso o contrato para confirmar a permuta não venha a ser celebrado, a Copasa pretende comprar da estatal o terreno onde está localizada a ETE, desfazendo o acordo inicial previsto em 2012.

PREJUÍZOS

“A Lagoa de Ibirité vai se tornar uma fossa sem tampa, porque vai ser esgoto industrial e doméstico concentrado”, previu a deputada Ione Pinheiro (União), vice-presidente da Comissão de Meio Ambiente e responsável pela visita à ETE.

A descrição se refere ao possível resultado do projeto entre Copasa e Petrobrás. A parceria prevê o reúso, pela Regap, de todo esgoto tratado na ETE. Após ser utilizado na refinaria, o efluente passaria pela Estação de Tratamento de Despejos Industriais (ETDI) da Regap e seria então despejado no Córrego Pintado, que deságua na Lagoa de Ibirité, na forma de esgoto industrial tratado.

Em visita à ETDI em abril deste ano, contudo, a Comissão de Meio Ambiente da ALMG verificou que os efluentes industriais resultantes do tratamento pela Regap não seguiam parâmetros mínimos recomendados. Foram encontrados indícios de óleo e metais pesados na lagoa como resultado do despejamento dos efluentes industriais.

Por outro lado, segundo a deputada Ione Pinheiro, “já está comprovado pelos exames que a Copasa realizou que o esgoto tratado na ETE ajuda muito na qualidade da água”. A parlamentar lamenta que o efluente devidamente tratado pela ETE será utilizado apenas para fins industriais.

Atualmente, a Copasa consegue tratar cerca de 60% do esgoto doméstico de Ibirité e região, enquanto 40% é despejado na lagoa sem tratamento. Com a efetivação da parceria com a Regap, além desse esgoto doméstico não tratado, serão despejados também os efluentes industriais da ETDI.

“Muito se falava que o grande prejuízo à lagoa viria da Copasa. Hoje está mais do que comprovado que o inimigo é o esgoto industrial, com sua alta condutividade elétrica, presença de sulfato e amônia.”

A deputada lembrou durante a visita que está aguardando um estudo encomendado à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) para avaliar os reais impactos do projeto de reúso da Regap para a Lagoa de Ibirité.

O secretário de Meio Ambiente de Sarzedo (Região Metropolitana de BH), André Matos, afirmou durante a visita que há mais de 30 anos os municípios limítrofes à lagoa lutam por sua melhoria. Criada na instalação da Regap, em 1968, a Lagoa de Ibirité ou Lagoa da Petrobras tem por objetivo garantir o fornecimento de água para o funcionamento das instalações da refinaria. Desde o início, a beleza do local ganhou fama e atraiu moradores e turistas. Atualmente, ao contrário, o estado é de abandono.

“A lagoa recebe muito esgoto doméstico e a Copasa tem trabalhado para diminuir essa quantidade”, afirmou o secretário, que também vê com preocupação o lançamento de efluentes industriais pela Regap. Ele acredita que, por ser a verdadeira dona, a responsabilidade de manutenção da lagoa deveria ser da Petrobrás.

“O que a gente quer da Petrobras é que ela trate da lagoa que é dela. Ela foi construída para o refino do petróleo. É despoluir a lagoa, desassorear, colocar investimento financeiro”, finalizou.

Fonte: ALMG

Governo de Romeu Zema protocola na Assembleia projetos de privatização da Cemig e da Copasa

Governo de Romeu Zema protocola na Assembleia projetos de privatização da Cemig e da Copasa

Vendas das duas estatais mineiras esbarram em regra da Constituição Estadual

O vice-governador Mateus Simões, que atuou como testa de ferro de Zema para protocolar os projetos na ALMG, disse em entrevista coletiva que o referendo e só uma “questão burocrática” (Foto: Luiz Santana/ALMG)

No início da tarde de quinta-feira (14), véspera do feriado de Proclamação da República, o governador do Estado em exercício, Mateus Simões, protocolou na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) dois projetos para a privatização da Cemig e da Copasa. As proposições ainda precisam ser recebidas em Plenário para iniciar a tramitação.

Em entrevista coletiva à imprensa, Simões defendeu as propostas e afirmou que espera uma tramitação ágil. “As duas estatais precisam passar por um processo de modernização. Estamos confiantes de que a discussão está madura e que será uma tramitação de semanas ou poucos meses”, afirmou.

Segundo ele, as empresas, em conjunto, valem mais de R$ 15 bilhões. Indagado sobre possível reajuste das tarifas para a população e sobre a situação dos trabalhadores das estatais, o governador em exercício foi taxativo: “Não há nenhuma possibilidade de aumento de tarifa, nem prejuízo para os trabalhadores”.

Sobre a previsão constitucional de realização de referendo popular para a privatização das estatais, Mateus Simões afirmou que o Executivo espera que a exigência da consulta popular seja retirada da Constituição Mineira, mas admitiu a possibilidade de realizá-la. “Para nós, fazer o referendo não é um problema, mas uma burocracia”, afirmou.

Em outubro do ano passado, o governador Romeu Zema enviou a ALMG a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 24/23, que retira a exigência de referendo popular para a desestatização. A proposta, que aguarda parecer na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), foi tema de várias audiências públicas no Legislativo Mineiro desde então.

A atual redação da Constituição do Estado exige que a privatização de empresas estatais seja aprovada em referendo popular. Como a tentativa de Zema de tirar essa obrigatoriedade da Constituição Mineira ainda não foi votada, as propostas de privatização de duas das maiores estatais mineiras não deverá passar pela Comissão de Constituição e Justiça. Entretanto, segundo fontes, Zema espera conseguir mudar a constituição estadual, já que tem maioria dos votos na Assembleia

Reportagem: Jotha Lee
Comunicação Sintram
Com informações da ALMG