Categoria: Minas Gerais

No Portal Sintram, você acompanha as principais notícias do funcionalismo público de Minas Gerais e da região centro-oeste do estado

Aposentados da educação reclamam de baixa remuneração e dos serviços do Ipsemg

Aposentados da educação reclamam de baixa remuneração e dos serviços do Ipsemg

Os aposentados da educação básica não têm encontrado a tranquilidade que esperavam depois de décadas de serviços prestados na rede pública, por não conseguirem arcar com despesas básicas nem terem acesso ao atendimento de saúde que necessitam no Instituto de Previdência dos Servidores do Estado (Ipsemg).

É o que relataram representantes da categoria reunidos em audiência pública da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia, nesta quarta-feira (14/6/23), na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

Sobre os proventos de aposentadoria, além da queixa comum aos trabalhadores da ativa quanto aos baixos valores em si, inferiores ao piso nacional, se soma o desconto previdenciário que passou a ser cobrado de quem ganha acima de três salários mínimos após a reforma da previdência estadual. Antes, só quem ganhava acima do teto do regime geral de previdência contribuía.

Segundo o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE), 38% dos aposentados que anteriormente à reforma estavam isentos passaram a ter o desconto em seus rendimentos.

Essa nova realidade, junto aos gastos com medicamentos e consultas a especialistas que costumam vir com a idade, tem feito muitas famílias fecharem o mês no vermelho e terem que recorrer a empréstimos para bancar o mínimo. Diversos participantes da audiência pediram, então, o fim do desconto previdenciário.

Atendimento precário

Ângela Damasceno, educadora de Curvelo (Região Central), se aposentou por invalidez por causa de um câncer, mas teve que recorrer ao Ministério Público para conseguir ao menos o transporte para o tratamento até a Capital, que estava muito pesado no seu orçamento.

Ela foi mais uma a se queixar também da dificuldade de atendimento pelo Ipsemg, principalmente no interior. João Henrique Gomes, aposentado de Governador Valadares (Vale do Rio Doce), reforçou que consultas com especialistas são especialmente difíceis.

Na mesma linha, Maria Ferreira dos Santos, de Unaí (Noroeste), que tem doença de chagas, lamentou o fato de o Ipsemg não cobrir os exames caros que precisa realizar periodicamente, resultando em gastos superiores aos seus rendimentos.

Gérson Guedes atuou por mais de 20 anos como diretor de escola e relatou que os professores estão precisando recorrer a cestas básicas.

Burocracia atrasa em anos publicação de aposentadorias

Outra crítica comum feita pelos convidados é a de morosidade para a publicação das aposentadorias, que em alguns casos passa de cinco anos em relação ao afastamento preliminar do servidor. E o que é pior, conforme informou a coordenadora-geral do Sind-UTE, Denise Romano, uma falha do governo gera ainda mais dor de cabeça aos trabalhadores, que precisam devolver ao Estado o que receberam a mais nesse período até a oficialização da aposentadoria.

Isso porque a aposentadoria pela média é inferior ao último vencimento recebido pelos servidores, que continua sendo pagonesse limbo entre a solicitação da aposentadoria e sua confirmação. Cabe aos educadores, depois, restituir essa diferença.

Alguns convidados, como Catarina Vale, de Divinópolis (Centro-Oeste), abordaram também o direito à aposentadoria em dois cargos, mas que não estaria sendo respeitado pelo Executivo, que consideraria apenas um.

Cartazes também lembravam os representantes do governo do reajuste de 12,84% para todas as carreiras da educação previsto no Projeto de Lei (PL) 822/23, do próprio governador, que ainda não começou a tramitar. A correção do piso nacional este ano foi de 14,95%.

“Não temos um minuto de sossego. O governo elegeu a educação como inimiga”, resumiu Elaine Cristina, do Triângulo Mineiro.

Deputada cobra transparência

A deputada Beatriz Cerqueira (PT), que preside a comissão e solicitou a audiência, trouxe outras cobranças dos aposentados, como o pagamento de verbas retidas decorrentes de direitos adquiridos, como férias-prêmio convertidas em espécie, e a explicação dos critérios para o cálculo das aposentadorias, que muitas vezes precisam ser revistas.

Ela sugeriu que o governo trate essas informações com mais transparência, de forma que todos os servidores possam ficar a par de sua situação.

O deputado Leleco Pimentel (PT) disse sair com o sentimento de que o Estado trabalha com a política de evitar a publicação dos direitos dos servidores para não ter que pagá-los.

O superintendente de Administração de Pessoal da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag), Rafael Vasconcelos, justificou que as regras para aposentadoria na educação são específicas, com várias etapas de validação até a homologação pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE). “Temos que ser muito rigorosos”, afirmou, acrescentando que o tribunal pode questionar diversos aspectos e pedir esclarecimentos.

Ele disse que, até janeiro de 2022, todas as informações ainda ficavam na pasta funcional física, o que atrasava o processo. A partir desse ano, os novos processos de aposentadoria migraram para o meio digital, o que vai diminuir os prazos. Segundo o gestor, o tempo médio para concluir o processo tem sido de quatro anos.

Em relação aos questionamentos sobre férias-prêmio, ele explicou que havia um passivo grande, mas que, desde setembro de 2021, mais de R$ 1 bilhão foi pago. “Atualmente, o que é publicado e lançado no sistema tem sido pago”, disse.

Sobre a reivindicação de aprovação do projeto de reajuste para a educação, o líder do governo, deputado Gustavo Valadares (PMN), garantiu que a proposição será votada em Plenário até o final de junho, no mais tardar na primeira semana de julho.

Fonte: ALMG

Foto: Ricardo Barbosa 

Divinópolis deve continuar sem Plano Municipal de Saúde

Divinópolis deve continuar sem Plano Municipal de Saúde

A Prefeitura Municipal de Divinópolis (Centro-Oeste) não apresentou justificativa ou cronograma para o estabelecimento do Plano Municipal de Saúde na cidade. Reunião conjunta das Comissões de Prevenção e Enfrentamento ao Câncer e de Assuntos Municipais e Regionalização debateu o tema na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) na manhã desta terça-feira (13/6/23).

O Secretário Municipal de Saúde de Divinópolis, Alan Rodrigo da Silva, preferiu focar sua fala nos avanços que a atual gestão teria trazido à cidade. Segundo ele, têm sido feitas “melhorias gradativas” pela administração municipal que “levarão um tempo” até serem sentidas pela população.

“Não tivemos um diagnóstico da nossa rede porque assumimos em transição pandêmica. Estamos num cenário de aumento na cobertura de atenção primária, estamos investindo pesado nisso. Inauguramos duas unidades de postos de saúde e a previsão é de que mais unidades sejam inauguradas até o fim do ano”.

Além disso, ele alegou que a prefeitura teria investido mais de R$1 milhão no cabeamento em fibra óptica na rede de saúde da cidade. “Menos de 70% das unidades de saúde no País têm conectividade. E precisamos avançar em prontuário eletrônico e cadastramento da população, por isso fizemos esse investimento”, afirmou.

O secretário também não comentou as acusações de plágio do Plano Municipal de Saúde, que foi entregue ao Conselho Municipal de Saúde de Divinópolis para ser votado com o título de “Plano Municipal de Saúde de Belo Horizonte”. De acordo com o presidente do Conselho Municipal de Saúde de Divinópolis, Guilherme Lacerda Teixeira, o plano plagiado já nasceu morto, tendo em vista que foi construído sem ouvir a população.

“Quem dera tivéssemos a mesma estrutura de BH. Estamos muito aquém. Além disso, mais de 30 audiências públicas foram feitas para conceber o plano em BH, o que em Divinópolis não ocorreu. Nós nunca nos furtamos de aprovar o plano, mas fizemos os debates que eram necessários, tendo em vista as circunstâncias. Mesmo que o plano apresentado seja aprovado, precisa ser alterado e as pessoas serem ouvidas, o mais rápido possível”, considerou.

Ex-presidente do Conselho Municipal de Saúde de Divinópolis, Warlon Carlos Elias denunciou que a prefeitura ignorou o conselho em diversas ocasiões. “A inexistência do planejamento básico coloca o prefeito sob possível situação de crime de responsabilidade. Ele gastou em desacordo com os dispositivos legais vigentes. E as contas foram e continuarão a ser reprovadas, já que a cidade não tem o básico, que são os instrumentos de gestão”.

Warlon Elias afirmou também que o Conselho Municipal precisa ser recomposto com as cadeiras faltantes antes do plano ser votado, por segurança jurídica. “Nunca nos negamos a aprovar qualquer coisa. Houve embates, mas porque não concordamos com o que nos foi apresentado”, explicou.

A deputada Lohanna (PV) denunciou que os conselheiros municipais têm sido atacados em redes sociais como sendo os culpados pela cidade não ter Plano Municipal de Saúde, o que não seria verdade. “Os conselheiros são voluntários, querem construir uma saúde de qualidade para a cidade. Mas têm sido ignorados pela prefeitura”, disse.

Ela ainda afirmou que, hoje, Divinópolis está entre os 40 piores desempenhos no atendimento à saúde no Estado. “Duas denúncias nossas foram acatadas pelo Ministério Público: o plágio e a falta de médicos. Sem plano municipal, a secretaria não podia fazer nada, a cidade está refém da vontade do prefeito. O MP também deu 30 dias para a prefeitura fornecer informações de concursos públicos para cargos de médicos, já que mais da metade das vagas previstas em lei estão desocupadas.”

O deputado Eduardo Azevedo (PSC) intercedeu em favor da administração municipal, alegando que a falta de médicos é um problema em todo o Estado e que a imprensa tem noticiado a falta de pediatras e o enfrentamento de violências pelos profissionais em postos de saúde.

“Estou destinando recursos para a ampliação da pediatria na UPA da cidade e acredito que a atual gestão será a que mais inaugurou e construiu postos de saúde em Divinópolis”, afirmou.

No entanto, Lohanna criticou o posicionamento da prefeitura de comemorar em redes sociais o orçamento recorde destinado à cidade este ano, de cerca de R$ 1 bilhão, mas sem fazer os investimentos necessários na área.

“A cobertura de Divinópolis é uma das menores da região, mesmo com credenciamentos abertos no site do Ministério da Saúde. Não há médicos nem nos postos de saúde nem na Unidade de Pronto Atendimento (UPA). A administração da UPA foi entregue à iniciativa privada e a diretoria não está cumprindo os termos do contrato, não contratando médicos como deveria. Mas é a prefeitura que gere o contrato, tem mecanismos legais para agir em caso de necessidade, contra a administração. E a prefeitura não está fazendo nada”, ressaltou.

Diretora-presidente da Fundação Geraldo Corrêa, que é responsável pelo Complexo de Saúde São João de Deus, Elis Regina Guimarães reforçou que a falta de médicos e de investimentos na atenção primária vem penalizando os profissionais do hospital.

“Hoje nossos atendimentos são 82% via SUS e temos orgulho disso, porque acredito que essa seja a nossa vocação. Mas sozinhos não damos conta. A emergência estourou na região, estamos sem leitos de CTI e sem cirurgias eletivas. Os entes públicos precisam estar dispostos a sentar e fazer um desenho saudável da saúde do município, sem isso não tem como a situação melhorar”, completou.

Fonte: ALMG

Foto:  Clarissa Barçante