Carlos Bolsonaro é alvo da PF em operação sobre uso ilegal da Agência Brasileira de Inteligência

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O celular de Carlos Bolsonaro também foi apreendido na operação de hoje (Foto: CMRJ)

O vereado pelo Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, está entre os alvos da Operação Vigilância Aproximada, deflagrada nesta segunda-feira (29) pela Polícia Federal. A Câmara Municipal do Rio de Janeiro informou que policiais federais estiveram no gabinete do vereador para cumprir mandado judicial de busca e apreensão.

“A diligência ocorreu das 7h às 9h, e foi acompanhada pela [equipe de] segurança da Casa e um assessor do parlamentar”, informou nota da assessoria do órgão.

Segundo informações da Polícia Federal, Carlos Bolsonaro é “a principal pessoa da família Bolsonaro que recebia informações da Abin paralela”. As investigações indicam ainda que teria partido dele a ideia de criar esse grupo de Inteligência paralelo, para usar a estrutura da Agência Brasileira de Informação no monitoramento ilegal de autoridades públicas e outras pessoas.

Ao anunciar que a operação de hoje pretende identificar os “principais destinatários e beneficiários” de informações produzidas ilegalmente pela Associação Brasileira de Inteligência (Abin), a PF informou que cumpre oito mandados de busca e apreensão. Cinco deles no Rio de Janeiro e os demais em Brasília, Formosa (GO) e Salvador (BA).

Durante o cumprimento dos mandados de busca e apreensão contra Carlos Bolsonaro, foram encontrados equipamentos que seriam de propriedade da Abin. Diante disso, a coordenação de comunicação social da agência informou que “iniciou imediatamente apuração sobre o caso”. A defesa de Carlos Bolsonaro ainda não se manifestou.

ENTENDA A OPERAÇÃO

A Operação Vigilância Aproximada foi deflagrada na quinta-feira passada (25) com o propósito de investigar organização criminosa que se instalou na Abin. A PF suspeita que, nessas ações, “eram utilizadas técnicas de investigação próprias das polícias judiciárias, sem, contudo, qualquer controle judicial ou do Ministério Público.”

A investigação deflagrada na semana passada teve como alvo o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ). Ele foi nomeado diretor-geral da Abin em 2019 pelo ex-presidente Jair Bolsonaro – cargo do qual foi exonerado em março de 2022, já durante o governo Lula.

O uso ilegal da Abin consistia no monitoramento ilegal de autoridades públicas e outras pessoas, utilizando-se de ferramentas de geolocalização de dispositivos móveis sem a devida autorização judicial. Esse monitoramento teria sido feito por meio da ferramenta First Mile, utilizada para geolocalização de dispositivos móveis.

A utilização irregular desse sistema de geolocalização já havia sido denunciada à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) por operadoras de telefonia. A Anatel confirmou à Agência Brasil que “há três processos a respeito do assunto em andamento”, mas que “os documentos estão com restrições de acesso de acordo com hipóteses previstas na legislação”.

A operação é uma continuação das investigações da Operação Última Milha, deflagrada em outubro do ano passado. As provas obtidas pela corporação à época indicam que o grupo criou uma estrutura paralela na Abin e utilizou ferramentas do Estado para produzir informações para uso político e midiático, “para a obtenção de proveitos pessoais e até mesmo para interferir em investigações da Polícia Federal”.

Segundo a PF, os investigados podem responder pelos crimes de invasão de dispositivo informático alheio, organização criminosa e interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei.

PESCARIA

O assessor e advogado de Jair Bolsonaro (PL), Fabio Wajngarten, negou que o ex-presidente tenha sido acordado ou surpreendido por agentes da Polícia Federal (PF) nesta segunda-feira (29). De acordo com ele, Bolsonaro, que está em Angra dos Reis (RJ), saiu para pescar às 5h com filhos e com amigos, “bem antes de qualquer notícia”.

A referência foi à busca e apreensão que teve como alvo o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), na manhã desta segunda. Foram cumpridos mandados na casa da região dos Lagos em que Carlos está com o pai e os irmãos, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), além de sua casa na capital fluminense e em seu gabinete na Câmara Municipal do Rio de Janeiro.

Wajngarten também negou ter sido encontrado um computador “de quem quer que seja” na casa ou no gabinete parlamentar de Carlos. A Polícia Federal confirmou que um computador que pertence à Agência Brasileira de Inteligência (Abin) foi encontrado na operação, que mira o esquema de espionagem ilegal praticado pelo órgão contra opositores do governo Bolsonaro.

Com informações da Polícia Federal

 

 

 


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