A Câmara Municipal de Divinópolis viveu um dos dias mais tristes de sua história. Não se pode afirmar que foi o dia mais triste, uma vez que a Casa já viveu muitos momentos constrangedores, salvando políticos sabidamente envolvidos em maracutaias por força do corporativismo e das barganhas. Mas na tarde desta quinta-feira (23), o Legislativo de Divinópolis se superou ao protagonizar uma sessão vergonhosa e, mais uma vez, impedir o andamento de denúncias contra vereadores. Sem dúvida foi um dos dias mais lamentáveis da política doméstica divinopolitana.
Dois dias após acatar por unanimidade denúncia contra os vereadores Rodrigo Kaboja (PSD) e Eduardo Print Júnior (PSDB) por corrupção ativa e cobrança de propina para apresentação e aprovação de Projetos de mudança de zoneamento urbano, os mesmos vereadores que votaram a favor tiveram uma amnésia profunda e votaram contra o pedido de abertura de investigação contra quatro colegas. Com o coleguismo da maioria, os quatro vereadroes se safaram de um eventual processo de cassação de mandato, acusados de corrupção, pedidos de propina e quebra de decoro.
Logo na abertura da sessão desta quinta-feira (23) foram votadas denúncias com pedido de abertura de investigação contra os vereadores Hilton de Aguiar (MDB), Rodyson do Zé Milton (PV), Josafá Anderson (Cidadania) e Israel da Farmácia (PDT). Não houve unanimidade porém por maioria absoluta de votos, os pedidos para instauração de investigação contra esses vereadores foram negados.
CONSEQUÊNCIAS
A votação foi acompanhada por manifestantes, que se revoltaram com a atitude dos vereadores que dois dias antes haviam votado favoravelmente para abertura do processo de cassação contra Kaboja e Print Júnior. Houve até tentativa de invasão do plenário e a segurança teve que ser acionada.
A sessão dessa tarde foi marcada por alguns fatos que podem acabar na esfera judicial. Como investigado, Israel da Farmácia não poderia presidir a sessão. Israel só deixou a presidência durante a votação do pedido de cassação contra ele. Edsom Sousa, chamado para presidir a sessão na votação do pedido contra Israel da Farmácia, oficialmente naquele momento na condição de presidente da Mesa Diretora, decidiu suspender a sessão. ”Gente, o regimento interno desta Casa foi rasgado nessa tarde. Eu tinha que estar aqui [desde o início] presidindo [a sessão]. Como a sessão está em andamento e eu sou o presidente, suspendo essa reunião até o Judiciário tomar uma posição”.
Entretanto a determinação de Edson Sousa foi ignorada. Na marra, o vereador Israel da Farmácia, acobertado por José Braz e toda a turma da base do prefeito, manteve o andamento da reunião.
Durante a votação do pedido de abertura de investigação contra Israel da Farmácia, aconteceu um dos momentos mais embaraçosos da tarde. Chamado para assumir a vaga de Israel da Farmácia durante a votação contra o presidente da Casa, ao ser citado nominalmente para votar, o suplente de vereador Ricardo Fabrício Douglas de Paula Torres não votou. Usou o microfone do plenário apenas para bradar: “Eu tenho vergonha dessa Casa. Vergonha de ser amigo de alguns aqui”, e deixou o plenário.
É importante destacar que a votação contra Israel interessava a Ricardo Douglas. Uma eventual cassação do mandato de Israel, lhe daria o mandato.
Reportagem: Jotha Lee
Comunicação Sintram