Autor: Gerência de Comunicação

CAE aprova novas regras para o Fundo de Participação dos Municípios

CAE aprova novas regras para o Fundo de Participação dos Municípios

A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) aprovou nesta terça-feira (6) o Projeto de Lei Complementar (PLP) 139/2022, que prevê transição de dez anos para os municípios do interior que tiveram diminuição de população serem reenquadrados em índices de distribuição de recursos do Fundo de Participação dos Municípios (FPM).

O projeto foi apresentado pelo ex-deputado federal e hoje senador Efraim Filho (União-PB) e já foi aprovado na Câmara. Recebeu parecer favorável do relator na CAE, Rogerio Marinho (PL-RN), que também solicitou urgência para a análise da proposta. O texto agora segue para o Plenário.

Distribuição do FPM

A matéria trata da parcela do FPM conhecida como “FPM-Interior”, que corresponde a 86,4% do total do FPM. O restante é destinado às capitais (10% do total) e a uma “reserva” para os municípios interioranos com mais de 142.633 habitantes (3,6% do total).

O cálculo para a fixação dos coeficientes individuais de participação dos municípios no FPM é realizado com base em duas variáveis: as populações de cada cidade e a renda per capita de cada estado. Ambas são calculadas e divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Aos municípios com população entre 10.189 e 13.584 se atribui o coeficiente 0,8. Aos com população entre 13.585 e 16.980, o coeficiente 1. Os coeficientes aumentam 0,2 a cada faixa, até atingir o valor 4, atribuído aos municípios com 156.217 ou mais habitantes.

A distribuição do FPM-Interior é proporcional ao coeficiente: municípios de coeficientes a 1,8, por exemplo, recebem 80% a mais do que aqueles com coeficiente 1. As cotas-parte dos municípios situados em estados diferentes poderão diferir mesmo que os seus coeficientes sejam idênticos, a depender da quantidade de municípios criados desde 1990 — quanto maior o número de entes criados, menor será a cota-parte.

Transição

Os resultados preliminares do censo demográfico de 2022, ainda inconcluso, apontam que os coeficientes de várias prefeituras cairão neste exercício de 2023. A Confederação Nacional dos Municípios (CNM) estima que os coeficientes de 601 prefeituras diminuirão em decorrência do censo 2022. Ademais, outros 178 municípios, cujos coeficientes foram congelados pela Lei Complementar 165, de 2019, deixarão de contar com essa salvaguarda com o fim do recenseamento.

O projeto prevê uma regra de transição para que os recursos do FPM não sejam tão reduzidos de imediato, beneficiando um total de 779 municípios.

O texto determina que, a partir de 2024, os municípios recebedores do FPM-Interior que teriam redução automática dos recursos contarão com uma redução gradativa de recursos do fundo de 10% ao ano ao longo de dez anos. Assim, somente após esse período é que os novos índices valerão integralmente em função da diminuição da população.

Essa transição gradual já foi aplicada outras três vezes: em 1997 (Lei Complementar 91), em 2001 (Lei Complementar 106) e em 2019 (Lei Complementar 165).

Em caso de novo censo populacional, a regra de transição será suspensa, e os recursos serão distribuídos de acordo com os novos quantitativos populacionais.

Municípios com aumento de população

O texto ainda determina que o Tribunal de Contas da União (TCU) publique nova instrução normativa com os cálculos das quotas do fundo segundo as regras do projeto e permita que os municípios que ganharam coeficientes (ou seja, aumentaram a população) sejam contemplados com elevação do FPM ainda em 2023.

— A aprovação da proposta ora analisada proverá segurança jurídica e sustentabilidade financeira aos planos plurianuais, às leis de diretrizes orçamentárias e às leis orçamentárias anuais das prefeituras com populações declinantes. Afinal, o FPM é um fator determinante para a saúde dos tesouros municipais, sendo indispensável assegurar-lhes previsibilidade quanto aos recursos com que poderão contar para fazer frente às suas múltiplas responsabilidades — afirmou o relator, que apresentou apenas uma emenda de redação à ementa do projeto.

Antiga Lei de licitações

O projeto também inclui trecho da Medida Provisória 1.167/2023, que prorroga a vigência das leis de licitação anteriores à Lei 14.133, de 2021, a nova lei sobre o tema. Assim, valerão até 30 de dezembro de 2023 a antiga Lei de licitações (Lei 8.666, de 1993), o Decreto do Pregão Eletrônico (Decreto 10.024, de 2019) e a Lei do Regime Diferenciado de Contratações (Lei 12.462, de 2011).

Fonte: Agência Senado

Foto: Edilson Rodrigues

Sindicatos devem ajudar governo a pressionar Congresso por causas em prol do trabalhador

Sindicatos devem ajudar governo a pressionar Congresso por causas em prol do trabalhador

O ministro do Trabalho e Emprego (MTE), Luiz Marinho, conclamou o movimento sindical mineiro e nacional a se unir ao presidente Lula no esforço para sensibilizar toda a sociedade brasileira e assim pressionar o Congresso Nacional na aprovação de medidas em prol de causas prioritárias para o trabalhador.

Entre elas estão medidas para combater o trabalho análogo à escravidão, como a expropriação de propriedades, e a revisão de retrocessos provocados pelas reformas trabalhistas e da Previdência, aprovadas ainda no governo Bolsonaro. O apelo foi feito na noite desta segunda-feira (5/6/23), em audiência pública da Comissão do Trabalho, da Previdência e da Assistência Social da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

Deputados estaduais e federais, lideranças sindicais e centenas de trabalhadores lotaram as dependências do Espaço José Aparecido de Oliveira (Edjao) para o ato que, mais do que representar um novo momento de mobilização das entidades sindicais, foi palco de homenagens a lideranças e lutas históricas dos trabalhadores em Minas Gerais e contou com a apresentação de diversos documentos com listas de reivindicações ao ministro.

“Estamos num momento de reconstrução do País e para isso acontecer necessariamente passa por boa parte do que foi pedido aqui, que também deve ser aprovado pelo Congresso. O resultado das eleições mostrou a divisão extremada da nossa sociedade e, se dependesse do nosso desejo, teríamos um congresso bem diferente do que este que está aí”, criticou Luiz Marinho, que classificou como “arcaico” a composição majoritária do Parlamento federal.

O ministro pediu aos presentes que “mantenham os pés no chão” para lutar pelos avanços que neste momento são possíveis e, sobretudo, para valorizar o que já está em andamento pelo governo Lula e as conquistas já obtidas em tão pouco tempo. Nesse caso, citou Luiz Marinho, estaria a aprovação do projeto de igualdade salarial e de critérios remuneratórios entre mulheres e homens para trabalho de igual valor ou no exercício da mesma função.

“Vivemos um período de trevas em que retrocedemos em tudo. De 2003 a 2016 combatemos a fome e chegamos a sexta economia do mundo. Mais uma vez queremos combater a fome, dar dignidade ao trabalhador e voltar à mesma posição mundial. Mas para isso precisamos de todo mundo unido”, avaliou Luiz Marinho.

O ministro ainda fez coro a críticas ao governador Romeu Zema, que segundo ele com falas preconceituosas estimula a rivalidade entre regiões do país. Ele ainda elencou uma lista de medidas do governo federal que tem beneficiado Minas Gerais.

Luiz Marinho também anunciou a realização de concurso para fiscais do Trabalho no segundo semestre deste ano, mas alertou que, sem a mobilização da sociedade contra problemas como o trabalho infantil e análogo à escravidão, a fiscalização sempre estará um passo atrás.

“Deixamos claro para os empresários que não aceitamos isso, mas se a sociedade não se envolver, nunca vai ter fiscal suficiente. Precisamos que a sociedade nos ajude a fiscalizar, a cobrar vergonha na cara dos empregadores”, apontou Luiz Marinho.

Sindicalismo mineiro e brasileiro vivem renascimento

Autor do requerimento que possibilitou a reunião, o vice-presidente da Comissão do Trabalho, Celinho Sintrocel (PCdoB), lembrou o simbolismo do ato com as principais lideranças sindicais em Minas Gerais. “Há muito não se via uma foto do movimento sindical unido disposto a recuperar tudo o que foi estraçalhado pelo governo federal”, pontuou.

Apesar de agradecer ao ministro o fortalecimento da Superintendência do MTE em Minas Gerais, Celinho Sintrocel elencou diversos temas que devem ser prioridade da atual gestão do Ministério do Trabalho, como a volta do protagonismo da negociação coletiva, o fim da terceirização, a liberdade de instalação de dissídios coletivos sem anuência dos patrões, a regulamentação do financiamento das entidades sindicais e a garantia da liberdade de ação dos seus dirigentes.

Betão (PT) também comemorou a retomada do protagonismo da superintendência e anunciou uma parceria desta com a Comissão do Trabalho, da qual é presidente, em pautas essenciais como o combate ao trabalho análogo à escravidão e a situação dos funcionários do metrô de Belo Horizonte, sob ameaça de demissão já que o serviço foi recentemente privatizado pelo Executivo estadual.

“Nos últimos anos os acidentes de trabalho foram subnotificados em consequência da reforma trabalhista, que assim como a reforma da Previdência precisa ser revogada pelo presidente Lula. Os trabalhadores uberizados não têm para quem recorrer pois, na prática, não têm direito a praticamente nada”, afirmou Betão.

Na mesma linha, a 1ª-vice-presidenta da ALMG, deputada Leninha (PT) celebrou a presença do ministro no Parlamento mineiro e a abertura de um canal direto de diálogo na defesa de pautas em prol dos trabalhadores mais fragilizados. “A ALMG também é uma trincheira de luta pelos direitos dos trabalhadores e na luta contra os desmandos desse governo de Minas Gerais. Não podemos mais recuar na luta por direitos e pela garantia do trabalho digno”, disse.

Ao longo da audiência outros parlamentares, estaduais e federais, e sindicalistas se revezaram para comemorar a vitória de um trabalhador para presidência da República, críticas ao Executivo estadual e a defesa de pautas trabalhistas. Foi o caso das deputadas estaduais Andréia de Jesus (PT), Bella (Psol), Beatriz Cerqueira (PT) e dos deputados estaduais Doutor Jean Freire (PT) e Leleco Pimentel (PT).

Greve de 1968 e Chacina de Unaí são lembradas

O superintendente do MTE em Minas Gerais, Carlos Calazans, comandou, logo no início da audiência, diversas homenagens ao movimento sindical mineiro. Foi lembrado, por exemplo, os 55 anos da histórica greve dos metalúrgicos de Contagem (RMBH), deflagrada em 16 de abril de 1968, num dos momentos de maior repressão promovida pela Ditadura Militar.

O movimento foi a primeira grande greve de trabalhadores após o golpe militar e o início de uma política de arrocho dos salários. Iniciada pelos operários da Belgo-Mineira, a paralisação foi logo seguida por outros milhares em dezenas de empresas e por outra grande greve também em Osasco (SP), mobilizando o aparato de repressão da Ditadura que, por fim, recuou e cedeu um abono de 10%.

Foram entregues placas com homenagens às lideranças daquela greve ou seus representantes, entre eles Ênio Seabra, liderança dos petroleiros da Refinaria Gabriel Passos, em Betim (RMBH), que chegou a ser preso na época. “Nós fizemos uma greve heroica logo início da Ditadura e isso nos manteve unidos na luta pelos trabalhadores durante todos esses anos”, contou.

Também foram lembrados o sindicalista mineiro Clodesmidt Riani, que aos 103 anos é uma figura histórica do sindicalismo brasileiro que também foi preso e torturado na Ditadura Militar. O ministro Luiz Marinho foi presenteado por Carlos Calazans com dois volumes biográficos do sindicalista.

Também foi lembrado o sindicalista José Alves, ex-diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de BH/Contagem e Região, falecido no mês passado aos 83 anos.

Por fim, foram homenageados as vítimas da Chacina de Unaí, nome pelo qual ficou conhecida no Brasil e até no exterior a execução por pistoleiros de três auditores-fiscais e um motorista do Ministério do Trabalho, em 24 de janeiro de 2004, durante uma fiscalização de rotina contra o trabalho análogo à escravidão naquela cidade do Noroeste do Estado.

“São quase 20 anos desses assassinatos que são símbolo da luta contra o trabalho escravo e pela dignidade dos trabalhadores mais humildes. Meu desafio é que o que aconteceu lá não fique impune e nunca seja esquecido”, afirmou Carlos Calazans, que puxou o grito de “presente” assim que o nome de cada vítima foi anunciado.

Fonte: ALMG

Foto: Willian Dias