Autor: Gerência de Comunicação

Profissionais da educação querem revisão da política de carreiras

Profissionais da educação querem revisão da política de carreiras

As demandas são tantas que o Auditório José Alencar, o maior da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), não foi suficiente para receber o público presente, que se espalhou também pelo Espaço Democrático José Aparecido de Oliveira para participar de audiência da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia, nesta quarta-feira (7/6/23).

Em pauta estava a situação da política de carreira dos profissionais da educação da rede estadual, que se queixaram também do posicionamento do governo em relação à categoria, de forma geral.

Logo no início da audiência, José João Maciel, professor em Turmalina (Jequitinhonha/Mucuri), resumiu os principais pontos de descontentamento: baixa remuneração, sobrecarga de trabalho, descumprimento do piso salarial nacional, falta de infraestrutura de trabalho, burocracia para a concessão de benefícios e aposentadoria e a municipalização do ensino fundamental.

Promoção e progressão

Denise Romano, coordenadora-geral do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (Sind-UTE), citou a promoção por escolaridade, que só se dá após 15 anos de efetivo exercício, no caso de mestrado, e 20 anos, para doutorado, mesmo que os pretendentes já tenham a titulação.

Ela também cobrou a regularização do pagamento do Adicional de Valorização da Educação Básica (Adveb), correspondente a 5% do vencimento básico dos servidores a cada cinco anos de trabalho, e a quitação imediata de verbas retidas, como férias-prêmio convertidas em espécie e progressões e promoções não pagas.

Estas últimas têm se acumulado devido à burocracia para sua publicação, conforme denunciaram diversos convidados. Joelisa Gama, que trabalha em uma instituição de ensino de Araçuaí (Jequitinhonha/Mucuri), disse que sua progressão já está atrasada há dois anos.

Já Aroldo Lima e Geraldo da Costa, ambos auxiliares de serviço da educação básica (ASBs) em Montes Claros (Norte de Minas), reclamaram da exclusão desses servidores do concurso público aberto para a educação.

Eles ponderaram que, mesmo com a iminente terceirização do serviço, será necessário passar por uma seleção, a mesma que poderia ser aplicada em um concurso, que lhes daria segurança, uma carreira e direitos previdenciários.

Mãos Dadas

Sil Rosa, professora de Belo Horizonte, abordou o Mãos Dadas, do governo, que prevê a municipalização dos anos iniciais do ensino fundamental. Para ela, a consequência é a precarização da vida dos profissionais atingidos, até mesmo por não haver garantia de realocação na escola municipalizada ou em outra próxima à sua casa.

Parlamentares reforçam necessidade de mobilização da categoria

A deputada Lohanna (PV) lembrou a importância da mobilização dos servidores na luta que é comandada pelos sindicatos e outras entidades para mudar o quadro que classifica de ataque à educação em Minas Gerais. Ela defendeu, inclusive, a convocação pela comissão dos titulares da Secretaria de Educação e das Secretarias de Fazenda e de Planejamento e Gestão, que detêm o poder de liberar os pagamentos.

“Sempre será necessária muita pressão de vocês, fortes e unidos, para que as leis, como as da carreira, sejam cumpridas por este governo”, observou.

Na mesma linha, Beatriz Cerqueira (PT), que preside a comissão e solicitou a audiência, cobrou esclarecimentos definitivos do Executivo sobre o cumprimento de aspectos da carreira, como o pagamento da Adveb e o tempo demasiado longo para a promoção por escolaridade.

Ela lembrou a convocação do titular da pasta da Educação, Igor Alvarenga, no próximo dia 21 de junho, quando ele terá que comparecer ao Assembleia Fiscaliza, evento de prestação de contas do Executivo à ALMG.

Por fim, o deputado Professor Cleiton (PV) reforçou que, na maioria dos casos, a decisão de cumprir a carreira dos servidores esbarra na oposição de outras áreas, como as Secretarias de Fazenda e de Planejamento.

Ele salientou que estimativas independentes apontam que o governo tem em caixa mais de R$ 31 bilhões. Enquanto isso, comparou, o Executivo não cumpre a carreira dos servidores da educação, mas confere renúncia fiscal a locadoras de veículos.

Secretaria diz cumprir a legislação

Em resposta aos questionamentos apresentados ao longo da audiência, o superintendente de Desenvolvimento e Avaliação da Secretaria de Educação, Paulo Henrique Rodrigues, argumentou que a pasta vem cumprindo estritamente o que está nas normas legais, como a Lei 15.293, de 2004, que estabelece os intervalos para promoção e progressão nas carreiras, inclusive com relação a aspectos da escolaridade.

O pagamento do Adveb, segundo o gestor, está sendo negociado com a Secretaria de Planejamento para que possa ser feito o mais rápido possível. “Quanto ao passivo da promoção e progressão, temos feito um esforço muito grande para tentar diminuir o prazo entre a obtenção do direito pelo servidor e a publicação dele”, justificou.

Ele exemplificou que, no último mês de maio, foram publicados 3.360 atos de progressão, que serão pagos na folha de junho, enquanto em todo o ano passado foram publicados cerca de 46 mil atos de progressão e outros 12 mil de promoção.

Fonte: ALMG

Foto: Guilherme Bergamini

Ausência do Plano de Saúde de Divinópolis preocupa comissão

Ausência do Plano de Saúde de Divinópolis preocupa comissão

ausência do Plano Municipal de Saúde 2022-2025 de Divinópolis (Centro-Oeste) e suas consequências para a população da cidade e de toda a macrorregião de saúde, liderada por esse município, serão debatidas na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

Sem a aprovação do plano, Divinópolis e a macrorregião composta por 54 municípios permanecem sem diretrizes, metas e previsão de financiamento das ações e serviços de saúde, fundamentais para atender de forma adequada às necessidades da população.

A falta desse plano e os impactos dessa ausência serão tema de reunião conjunta das Comissões Extraordinária de Prevenção e Enfrentamento ao Câncer e de Assuntos Municipais e Regionalização. Requerida pela deputada Lohanna (PV), a audiência acontece nesta terça-feira (13/6/23), às 9h30, no Auditório do andar SE.

Plano reprovado

De acordo com a justificativa do requerimento, Divinópolis vem sofrendo com a ausência de um Plano Municipal de Saúde – o último PMS foi aprovado para o período de 2018 a 2021. Já o plano subsequente, referente ao período de 2022-2025, foi reprovado pelo Conselho Municipal de Saúde (CMS) local, conforme consta da Resolução CMS-DIV 2/23, assinada pelo presidente do órgão, em fevereiro deste ano.

Quando ainda era vereadora em Divinópolis, Lohanna apresentou denúncia ao Ministério Público do Tribunal de Contas do Estado (MP-TCE), sobre a ausência do PMS 2022/2025. O órgão acatou a representação da parlamentar e pediu esclarecimentos a Prefeitura de Divinópolis quanto a esse fato e, ainda, em relação ao número insuficiente de médicos no atendimento municipal.

O documento, assinado pelo procurador do MP-TCE, Daniel Guimarães, de maio deste ano, aponta que há indícios de violação do artigo 4º, inciso III e parágrafo único da Lei Federal 8.142, de 1990, e recomenda a instauração de procedimento preparatório.

A Lei 8.142 dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde. Já o inciso III do artigo 4º prevê a apresentação do Plano de Saúde como requisito essencial para o ente federado (município, estado ou Distrito Federal) receber os recursos do Fundo Nacional de Saúde.

Necessidade do concurso público

O procurador afirmou também que o concurso público para provimento de pessoal na área médica é a medida adequada para proporcionar atendimento de qualidade em observância às diretrizes do SUS. De acordo com o MP-TCE, as contratações temporárias de médicos não estão suprindo a demanda e, “no cenário atual, o município tem capacidade para contratar mais médicos”. O órgão entendeu também que há irregularidade na ausência de publicação do PMS 2022/2025.

A deputada Lohanna justificou sua denúncia por avaliar que Divinópolis, como polo regional de saúde, recebe verbas federais e estaduais e qualquer irregularidade no uso desses recursos afeta, não só o município, mas toda a macrorregião Oeste de saúde.

Conselho devolveu plano à Secretaria de Saúde

Na Resolução do CMS-DIV, o Conselho recomendou a devolução do Plano Municipal de Saúde 2022-2025 à Secretaria Municipal de Saúde (SMS), para que fossem feitas as adequações sugeridas no parecer. No entanto, conforme o requerimento da deputada Lohanna, até o presente momento, a SMS não promoveu as adequações. Esse fato deixou desprotegida a população divinopolitana e, indiretamente, a macrorregião abarcada por ela. O plano contém, além de diretrizes e metas, a previsão de financiamento de ações e serviços de saúde para atender os usuários locais e da região.

Ainda segundo o requerimento, o plano municipal de saúde é um documento legal, mas de características flexíveis e dinâmicas, que deve ser consultado, ajustado, executado e não engavetado. O objetivo disso é operacionalizar as decisões tomadas em torno do que fazer para enfrentar problemas e atender necessidades de saúde da população de cada município.

Plano participativo

Na avaliação do gabinete da deputada Lohanna, é importante que a elaboração do PMS ocorra de forma participativa, para que a comunidade eleja os principais problemas a atacar, minimize os conflitos de interesse, defina as ações prioritárias e as estratégias exequíveis de intervenção.

“Todos os atores sociais têm direito de serem ouvidos nos conselhos de saúde; suas opiniões e preferências devem ser respeitadas, já que os cidadãos se situam no centro do modelo de prestação de cuidados de saúde”, afirma o requerimento.

Fonte: ALMG

Foto: Alair Vieira