Autor: Jota

Prefeitura de Divinópolis aciona a Justiça com pedido de censura ao Portal do Sintram

Prefeitura de Divinópolis aciona a Justiça com pedido de censura ao Portal do Sintram

Depois de curtir o carnaval, Gleidson Azevedo retornou ao trabalho e quer censura ao Sintram (Foto: Reprodução)

Por determinação do prefeito Gleidson Azevedo (Novo), a procuradoria geral da Prefeitura impetrou ação na Vara de Fazendas Públicas e Autarquias contra o Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Divinópolis e Região Centro-Oeste (Sintram). A ação pede indenização de R$ 1.518,00 e censura ao Portal do Sintram, o site de notícias do sindicato.

A ação foi motivada pela reportagem Candidatos aprovados no concurso público da Prefeitura de Divinópolis não serão nomeados esse ano”, publicada no dia 28 de fevereiro. A reportagem faz uma análise do atual quadro da Prefeitura e o inchaço da máquina com as contratações temporárias, que já totalizam 1.647 funcionários. Mostra, ainda, que nomeações dos aprovados para os cargos com o maior número de contratados ficam impossibilitadas esse ano, já que estão sendo ocupadas por trabalhadores temporários. Na petição, a Prefeitura contesta também a informação sobre os atrasos na execução do cronograma do concurso, que até hoje ainda não foi publicado integralmente.

A Prefeitura contesta a informação sobre a possibilidade de não ocorrer nomeações dos candidatos aprovados no concurso ainda esse ano, porém em nenhum momento sinaliza que isso poderá ocorrer até o final de 2025, indicando que a reportagem não mentiu, apenas contrariou o Chefe do Executivo ao expor uma realidade que vem sendo mascarada desde o primeiro governo do prefeito Gleidson Azevedo, quando ele prometeu o imediato concurso público, o que só se tornou realidade quatro anos depois.

Desde 2023, o Portal do Sintram vem publicando reportagens que mostram o descumprimento dos prazos anunciados pela própria Prefeitura. Veja:

Reportagem do dia 23 de maio de 2023: Prefeito de Divinópolis tenta pela segunda vez aumentar prazos de duração dos contratos temporários de trabalho

Reportagem do dia 20 de dezembro de 2023: Administração de Gleidson Azevedo empurra realização do concurso público para a próxima gestão

Reportagem do dia 26 de dezembro de 2023: Prefeito de Divinópolis enrola mais uma vez e não publica nota oficial sobre o concurso público

Reportagem do dia 2 de janeiro de 2024: Prefeitura de Divinópolis divulga vagas e cargos para concurso público sem data para ser realizado

Reportagem do dia 24 de maio de 2024: Prefeito de Divinópolis nomeia segunda comissão organizadora do concurso público; a primeira não deu em nada

Reportagem do dia 19 de abril de 2024: Prefeito de Divinópolis aproveita concurso para fazer política e mente sobre data de realização do certame

Reportagem do dia 31 de julho de 2024: Inscrições para o concurso público da Prefeitura de Divinópolis começam na semana que vem que a publicação do cronograma

Foram outras dezenas de reportagem mostrando o descumprimento dos prazos anunciados oficialmente pelo próprio Executivo até que as provas foram realizadas em outubro do ano passado. Cinco meses após a realização das provas, a Prefeitura ainda não divulgou o cronograma completo e diz que as próximas fases serão anunciadas em breve.

A AÇÃO

A ação contra o sindicato também contesta a informação de que o Prefeito teria sido multado em R$ 2 mil pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) após análise de uma denúncia feita pelo servidor Bruno Camargos sobre o excesso de contratações irregulares. Neste caso, a Prefeitura tem razão. Houve um equívoco na publicação da matéria, que divulgou a informação com base no voto do relator do processo no TCE, conselheiro Mauri Torres, que votou pela aplicação da multa. No entanto, o relator foi voto vencido e optou-se por uma recomendação ao prefeito para cumprir as normas constitucionais que regem as contratações temporárias. Entretanto, o TCE reconheceu que houve irregularidades nas contratações temporárias.

CENSURA

A ação, com pedido de liminar, além de dano moral, visa também censurar o Portal do Sintram, com o pedido de remoção da reportagem, além de impedir a divulgação de notícias que do ponto de vista do  Executivo são “fantasiosas” envolvendo a Prefeitura, seus gestores (prefeito e vice-prefeita) e seu secretariado.

O presidente do Sintram, Marco Aurélio Gomes, diz que o sindicato está cumprindo sua missão. “É função do Sindicato analisar e divulgar os atos do Executivo. A ação repressora impetrada pelo Executivo não passa de mais um ato de intimidação como já aconteceu anteriormente. O nosso Portal continuará divulgando as notícias da Prefeitura, sempre tendo como meta mostrar o nosso ponto de vista sobre as atitudes que são tomadas pelo Executivo. É claro que, se houver uma decisão judicial que nos proíba de divulgar informações sobre a Prefeitura, nós vamos acatar, mas não sem antes utilizarmos todas as ferramentas jurídicas que nos dão a liberdade de expressão e a função inequívoca e inabalável de defesa do servidor público”, afirmou.

Reportagem: Jotha Lee
Sintram Comunicação

Sintram realiza visitas preparatórias para assembleia que pode definir pela greve dos servidores municipais

Sintram realiza visitas preparatórias para assembleia que pode definir pela greve dos servidores municipais

Funcionária comissionada do Centro de Atendimento ao Cidadão tenta impedir ação do Sindicato

O presidente do Sintram, Marco Aurélio Gomes, lembrou a greve de 2016: centenas de servidores parados (Foto: arquivo/Sintram-2016)

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Divinópolis e Região Centro-Oeste (Sintram), Marco Aurélio Gomes, acompanhado de membros da diretoria, está realizando essa semana visitas a vários departamentos da Prefeitura. As visitas fazem parte dos preparativos para a assembleia geral extraordinária marcada para o próximo dia 12, as 18h, no auditório do Sintram, ocasião em que os servidores municipais poderão votar a proposta de greve por tempo indeterminado.

“Estamos encontrando servidores revoltados com a situação na Prefeitura, seja pela questão salarial, relacionamento com chefias e condições de trabalho. A categoria já está chegando ao seu limite e isso a gente pode observar na conversa durante as visitas”, relata o Diretor Financeiro do Sintram, Elder Cássio Ferreira Quadros.

A categoria está em estado de greve após o prefeito Gleidson Azevedo (Novo) ignorar as decisões aprovadas em assembleia, além de ter recusado o pedido de uma reunião com o Sintram para discutir as reivindicações que constam da pauta da campanha salarial. “A administração trata o servidor com total menosprezo. Pedimos uma reunião com o Executivo para abrir uma mesa de negociação no dia 24 de janeiro e nem obtivemos resposta. Quando o prefeito e sua equipe ignoram e desrespeitam o sindicato, os atingidos são os servidores, que hoje acumulam uma perda salarial gigantesca, um vale alimentação vergonhoso, além de enfrentar situações de assédio e péssimas condições de trabalho”, destaca Marco Aurélio Gomes.

Nesta quinta-feira (6) os diretores do Sintram tiveram uma demonstração da forma como ocupantes de cargos comissionados que não são efetivos desdenham dos servidores de carreira. Durante uma visita ao Centro de Atendimento ao Cidadão (CAC) uma funcionária comissionada tentou impedir os diretores do Sintram de afixar no local uma convocação para a assembleia do próximo dia 12. Os representantes do Sindicato ignoraram a ameaça, porém antes de deixar o CAC, ouviram da comissionada que o aviso seria rasgado.

“A truculência está presente em todos os setores do governo. O servidor continua trabalhando com eficiência pelo comprometimento que a categoria tem com sua função, não pelos patrões temporários que ocupam a Prefeitura. Vamos continuar trabalhando e nos esforçando para uma relação civilizada com o Executivo, porém se o servidor entender que a greve é a única saída, o sindicato acatará a decisão”, afirmou o presidente do Sintram.

2016

GREVE DE 2016: insatisfeitos com o governo Vladimir Azevedo, servidores municipais lotaram as ruas da cidade (Foto: Arquivo/Sintram)

Marco Aurélio Gomes lembrou a grande greve de 2016, quando centenas de servidores aderiram a uma greve que durou 38 dias. “Aquela greve deve servir como inspiração aos servidores de que o slogan “unidos somos mais fortes” não é apenas uma peça de propaganda sindical. É a realidade.  Milhares de servidores foram para as ruas e mostramos a nossa força”, declarou.

Ele lembra, ainda, que foram feitas dezenas de tentativas por parte do então prefeito Vladimir Azevedo de esvaziar o movimento. “Todo mundo se lembra que em 2016 enfrentamos uma administração autoritária e truculenta, como estamos enfrentando hoje. Houve muitas tentativas de desmobilizar a categoria, como estamos enfrentando hoje. Mas a união de todos permitiu recuperar muitos direitos que poderiam ter sido perdidos. Infelizmente nada mudou nos últimos anos, temos que reagir”, concluiu o presidente.

Reportagem: Jotha Lee
Sitnram Comunicação