Autor: Jota

Polícia Federal conclui inquérito sobre assassinato de jornalista e indigenista no governo Bolsonaro

Polícia Federal conclui inquérito sobre assassinato de jornalista e indigenista no governo Bolsonaro

Dom e Bruno, mortos em 2018 (Foto: CPI dos Isolados)

Após quase dois anos e meio de investigações, a Polícia Federal (PF) concluiu, na última sexta-feira (1º), o inquérito sobre os assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips. Mortos durante o governo Bolsonaro, os dois investigavam a atuação do garimpo ilegal na Amazônia durante o governo de Jair Bolsonaro.

“A investigação confirmou que os assassinatos foram em decorrência das atividades fiscalizatórias promovidas por Bruno Pereira na região. A vítima atuava em defesa da preservação ambiental e na garantia dos direitos indígenas”, diz nota.

Pereira e Phillips foram mortos a tiros em 5 de junho de 2022, em Atalaia do Norte, no Amazonas, quando visitavam comunidades próximas à Terra Indígena Vale do Javari, a segunda maior área do país destinada ao usufruto exclusivo indígena e que abriga a maior concentração de povos isolados em todo o mundo.

No relatório final sobre a apuração, a PF manteve o indiciamento de nove investigados. Ou seja, o órgão ofereceu denúncia ao Ministério Público Federal (MPF) de nove pessoas contra as quais assegura ter reunido provas suficientes para acusá-las de participar do duplo homicídio. O MPF pode pedir o arquivamento, caso entenda não haver elementos probatórios contra os investigados, ou denunciá-los à Justiça Federal, transformando-os em réus.

Entre os indiciados está Ruben Dario da Silva Villar, apontado como mandante do crime. Sem citar nomes, a PF informou que os outros oito indiciados tiveram papéis na execução dos homicídios e na ocultação dos cadáveres das vítimas.

“Temos provas de que ele [Colômbia] fornecia munições para o Jefferson e o Amarildo, as mesmas encontradas no caso”, disse, na época, o então superintendente regional da PF no Amazonas, Alexandre Fontes, afirmando que Villar também pagou as despesas iniciais com a defesa de Amarildo da Costa Oliveira, o Pelado, primeiro suspeito a ser preso, em 7 de junho de 2022.

INTERESSES CONTRARIADOS

Colaborador de publicações jornalísticas prestigiadas, como os jornais britânico The Guardian e os estado-unidenses The New York Times e Washington Post, Dom Phillips, 57 anos, viajou à região com o propósito de entrevistar lideranças indígenas e ribeirinhos para um novo livro-reportagem sobre a Amazônia que planejava escrever.

Embora falasse português fluentemente e já tivesse visitado a região outras vezes, Phillips viajava na companhia de Pereira por este ser um experiente indigenista Pereira. Com 41 anos de idade, estava licenciado da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) desde fevereiro de 2020, por questões políticas, e atuava como consultor técnico da organização não governamental União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja).

Os agentes da PF responsáveis pela apuração do crime concluíram que Pereira e Phillips foram mortos em decorrência do trabalho do indigenista. Mesmo licenciado da Funai, Pereira continuou contrariando interesses de grupos que ameaçam o bem-estar e a integridade de parte da população local. Na Univaja, auxiliava na implementação de projetos para permitir às comunidades tradicionais proteger seus territórios e os recursos naturais neles existentes.

“A vítima atuava em defesa da preservação ambiental e na garantia dos direitos indígenas”, destacou a PF, na nota que divulgou nesta segunda-feira (4) – e na qual reforça que segue monitorando os riscos aos habitantes da região do Vale do Javari e que continua investigando ameaças contra indígenas que vivem na mesma região onde Pereira e Phillips foram mortos.

Fonte: Agência Brasil

Servidoras municipais de Divinópolis participam de Congresso Internacional de Saúde Mental

Servidoras municipais de Divinópolis participam de Congresso Internacional de Saúde Mental

Agressões a servidores apontam para necessidade de capacitação da classe que atua na área psiquiátrica do município

“A especialização de servidores que trabalham nos sistema de saúde público deve ser permanente e o apoio do ente empregador deve ser política de governo. O servidor capacitado sabe lidar com todas as situações que se apresentam no sistema de saúde, desde aquelas mais elementares até as mais complexas”. Esse é o trecho de um documento de 1993 do Conselho Nacional de Saúde (CNS) em recomendação interna sobre a necessidade permanente de especialização de servidores públicos.

Passados 33 anos, o documento do CNS permanece atual. A especialização de servidores hoje se torna ainda mais importante, não apenas para cuidar da saúde da população, mas também para ter a capacitação para lidar com situações adversas que exigem conhecimento e habilidade. É o caso da violência no sistema, especialmente em se tratamento de estabelecimentos que atuam no cuidado da Saúde Mental.

A Lei 8.080, de 1990, que trata da organização do Sistema Único de Saúde (SUS), também estabelece a necessidade de uma política permanente de capacitação. No Título IV, que trata dos recursos humanos, a lei determina que em todas as esferas de governo, deve haver “a organização de um sistema de formação de recursos humanos em todos os níveis de ensino, inclusive de pós-graduação, além da elaboração de programas de permanente aperfeiçoamento de pessoal”.

DIVINÓPOLIS

Em Divinópolis a Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) tem procurado cumprir essas regras e permanentemente ocorrem programas de capacitação para todas as áreas. Além disso, a Semusa incentiva os servidores a participarem de congressos, workshops, entre outras atividades que permitam ampliar o conhecimento e aprendizagem de novas técnicas. Nesse sentido, duas servidoras da Semusa participarão nos dias 7 e 8 desse mês, em Vitória, no Espírito Santo, do lll Congresso Internacional: Novas Abordagens em Saúde Mental.

A psicóloga Leila Maria Pimentel Madeira, e a farmacêutica Aline Michele Silveira, lotadas no CAPS l Infanto-Juvenil, participarão do Congresso e já foram liberadas pela Semusa e pela Secretaria de Administração. Apesar de tratar de especialização específica para as áreas em que atuam no serviço público municipal, as duas servidoras terão que repor os dois dias em que se ausentarão para a viagem.

O CONGRESSO

O britânico Paulo Baker será um dos palestrantes no Congresso (Foto: Reprodução)

O evento, que reunirá 600 participantes de todo o país, vai apresentar e debater as novas práticas em saúde mental, visando o desenvolvimento da qualidade dos serviços em articulação com a comunidade. O tema central será a importância da reforma psiquiátrica para a sociedade e as colaborações das boas práticas em saúde mental para a reforma.

Seis debatedores especializados no tema vão participar dos debates, entre eles o britânico Paul Baker, formado em Sociologia e Serviço Social na Universidade de Manchester e pós graduação em Saúde Mental. Baker desenvolveu projetos na área da saúde mental em Trieste (Itália), Servia, Croácia, Inglaterra e País de Gales. Realizou workshops em mais 15 países e é autor do livro A Voz Interior (The Voice Inside – título original).

AGRESSÕES A SERVIDORES

Em Divinópolis, dois recentes episódios mostram que a capacitação na área de saúde mental precisa ser incentivada pelo governo municipal. A formação profissional com a aprendizagem de novas técnicas de abordagem poderão ser importantes para contribuir na redução de episódios de violência.

Em fevereiro do ano passado uma médica psiquiatra foi agredida por uma paciente no Serviço de Referência em Saúde Mental (Sersam). Na ocasião, a Semusa informou que a paciente não concordou com a avaliação da profissional e agrediu a médica com socos e chutes, chegando a jogá-la no chão. Após a agressão, a Semusa se limitou a divulgar uma nota pouco esclarecedora e sem anunciar nenhuma medida ou estudo para dar mais segurança aos servidores do sistema de saúde. Na nota, a Semusa se limitou a repudiar o caso.

No dia 10 desse mês uma servidora também lotada no Sersam foi agredida no rosto por um paciente da Residência Terapêutica. Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) disse que “se compromete a acompanhar o caso, dando o suporte necessário, físico e emocional, que ela precise e merece receber”. Foi feito um boletim de ocorrência e, segundo a Semusa, a servidora “teve atendimento médico no local de sua preferência”.

Reportagem: Jotha Lee
Comunicação Sintram