Com o objetivo de averiguar denúncias relativas a restrições de acesso impostas pela Gerdau Açominas a seus trabalhadores, a Comissão do Trabalho, da Previdência e da Assistência Social da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizou audiência pública na manhã desta segunda-feira (26).
A audiência foi pedida pelos deputados Leleco Pimentel (PT) e Professor Wendel Mesquita (Solidariedade), que em março participaram de uma audiência pública em Conselheiro Lafaiete (Central), para discutir excessos da empresa no trato com seus trabalhadores
Os empregados relataram situações de discriminação e exclusão que configurariam práticas abusivas e desumanas no ambiente de trabalho. As restrições de acesso estariam sendo utilizadas como instrumento para controlar e limitar a participação dos trabalhadores. A prática, segundo os deputados, evidencia uma política discriminatória que prejudica a fiscalização interna e o acesso a informações sobre as condições laborais.
A AUDIÊNCIA
Mais de 300 trabalhadores, aprovados em processos seletivos e em cursos de capacitação, estariam sendo impedidos de ingressar na planta da Gerdau de Conselheiro Lafaiete para começar as atividades efetivas, sem haver explicações por parte da empresa, segundo denúncias apresentadas nesta segunda-feira.
O presidente da 2ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/MG), Rafael Ank, demonstrou trocas de mensagens que evidenciam a prática de bloqueio por meio do cadastro Bancodoc. “As pessoas precisam trabalhar, ficam na expectativa de conseguir o emprego e, de repente, descobrem que seu nome está em uma lista restritiva”, explicou.
“O motorista chega com o veículo carregado e descobre que está impedido de entrar”, descreveu a presidente da Associação dos Caminhoneiros e Amigos do Alto Paraopeba, Camila dos Santos. De acordo com ela, as grandes transportadoras estão recebendo prioridade em detrimento dos terceirizados.
“Estou há mais tempo que a Gerdau no município, mas tenho menos direitos”, desabafou o soldador Fabrício Valadares, natural de Ouro Branco (Região Central). Como contou, a preferência pela contratação de pessoas de outros lugares marginaliza os nativos e prejudica a qualidade de vida de toda população, já que a cidade não conta com infraestrutura para receber tantos moradores novos.
No seu depoimento, o consultor jurídico da Gerdau, Guilherme Mattos, listou dados para enaltecer a capacidade produtiva e o compromisso com o desenvolvimento sustentável. Ao ser questionado sobre o uso dos aplicativos Bancodoc e Betruck, ele respondeu que o processo de contratação, incluindo a gestão documental, fica sob responsabilidade de empresas terceirizadas.
Diante disso, o deputado Professor Wendel anunciou que um pedido de informações será enviado a elas. “Na verdade, o trabalhador é barrado pela Gerdau, mas é sempre a mesma história: a culpa é da terceira”, sintetizou o vereador de Conselheiro Lafaiete, Samuel Carlos (Podemos).
O Superintendente regional do Trabalho e Emprego em Minas Gerais, Carlos Calazans, propôs uma negociação com representantes da Gerdau. Para ele, o acordo ideal abrangeria a obrigação de realizar contratações intermediadas pelo Sistema Nacional de Emprego (Sine) e compor a mão de obra com 80% dos trabalhadores locais.
Com informações da ALMG