Arteferia: Servidores e outros artistas da cidade reúnem talentos poéticos em fanzine

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O gosto pela leitura e escrita uniu poetas de Divinópolis em um único propósito. Alguns são  servidores públicos, outros não, mas todos com o mesmo desejo: compartilhar a arte da poesia.  “Arteferia” é o nome desse grupo de  20  poetas, que se reúnem e organizam um fanzine bimensal, com os poemas produzidos. Além do jornal, a ideia de divulgar a poesia avança agora para a produção de camisas, nas quais serão estampados poemas  do grupo  e também de autores de destaque nacional. O Arteferia está em busca de patrocínio e é aberto a participação de outros escritores.

Fanzine é produzido por grupo de poetas de Divinópolis

Três integrantes do Arteferia, que são servidores públicos, estiveram na sede do Sintram, na última semana,  falando do amor pela poesia, divulgando o trabalho do grupo e a busca de apoio para o projeto. Cláudio Guadalupe, servidor municipal de Divinópolis, que é um dos veteranos do Arteferia, explica que desde a década de 80 escreve letras de músicas e há dois anos começou a escrever poemas. Junto a outros artistas  criou o Arteferia.  No ano passado, Guadalupe inclusive lançou seu primeiro livro, “Cantos de Meu Tempo”, e esteve no Sintram para divulgar aos colegas.

O servidor explica que devido à pandemia do Covid-19 o fanzine foi suspenso por um período, mas agora a proposta é voltar com as produções e divulgações nas ruas.  “A ideia do Arteferia é dar oportunidade para que as pessoas possam se expressar através da poesia. O fanzine foi um instrumento, que criamos há dois anos, que é  um jornal poético, bimensal, mas devido à pandemia deu uma parada, mas estamos voltando agora e lançamos em janeiro  a edição  número quatro”, disse.

TEMA

Cláudio explica que em cada edição do fanzine o grupo aborda um tema. “- Aos nossos mortos- é o tema dessa quarta edição e foi escolhido em razão da pandemia, da situação social e  política do país”, justificou. O servidor conta que inicialmente a tiragem do fanzine era de 250 cópias, mas devido à pandemia foi reduzida para 200.  “Estamos em busca de apoiadores, para ver a possibilidade de parceria e a ideia é divulgar os textos e fazer com que as pessoas conheçam realmente e tenham acesso à poesia”, disse.

A distribuição dos jornais está programada para este mês e cada um será vendido ao valor de R$2,00, para custear o valor das próximas edições. “A ideia é irmos para os pontos de ônibus, vender se possível, caso contrário, entregar mesmo para as pessoas, para que elas possam sentir esse movimento de valorização da poesia na nossa cidade”, explicou.

SENTIMENTOS

Marcelo Martins, servidor estadual aposentado, também é um dos integrantes do Arteferia. Ele conta que sempre gostou de poesia e participava da “Noite da Poesia”, promovida pela Biblioteca Pública Ataliba Lago. O convite para integrar o Arteferia surgiu através do amigo, Cláudio Guadalupe, e há dois anos, está no grupo.

Marcelo conta que em 1996 teve uma depressão muito profunda e foi o ato de escrever poemas, que o ajudou a superar essa fase. “Superei a depressão praticamente escrevendo e o que você descobre neste processo é que a depressão é um buraco, que não existe, são criações mentais nossas. O ideal é que as pessoas evitassem passar por onde passei e fazer uma reflexão diária sobre a vida, para que não sofram tanto. Vale a pena a pessoa colocar seus sentimentos em forma de arte, através da escrita, da música, não importa , o importante é que a pessoa dê o seu melhor na forma de expressar na vida”, recomendou.

Marcelo fez o convite a todas as pessoas que gostam de escrever para conhecerem o trabalho do Arteferia e compartilhar seus talentos. “Seria bom que as pessoas, que gostam da arte, principalmente da poesia, que entrem em contato conosco, teremos  muito prazer em receber essas pessoas e conhecer universos diferentes”, disse.

LIVROS

Mauro Oliveira é servidor de Divinópolis e atua como fiscal de trânsito na Secretaria de Trânsito e Transportes.  Ele  chegou ao Arteferia a pouco tempo, mas sua história com a arte é antiga, inclusive já tem dois livros produzidos.   “A arte sempre esteve presente na minha vida, através da música principalmente e quando mais jovem lia muitos poemas de vários poetas brasileiros e até internacionais. Há 20 anos, comecei a escrever poemas e  durante um tempo produzia com mais inspiração, outros sumiam as inspirações, mas há oito anos estou me dedicando mais à poesia”, disse, explicando que agora tem mais tempo para dedicar, após os filhos já estarem maiores.

“As estações” e “Poemas Urbanos” são os títulos dos livros produzidos  e registrados por Mauro, porém ainda não publicados. Atualmente, o poeta está trabalhando na sua terceira obra, “Para falar de Amor”.  Além de divulgar seus poemas no fanzine, Mauro em parceria com a filha, que tem afinidade com artes plásticas, compartilha seus textos no instagram, no perfil @hibiscusarte. E foi pelo instagram, que servidor Marcelo Martins viu os poemas de Mauro e convidou para juntar-se ao Arteferia.

CONCURSO

Mauro convida todos os colegas, que tem aptidão para escrever poemas, crônicas,  para somar forças ao grupo e futuramente sonha em organizar um concurso literário entre a categoria. “Gostaria de convida a todos, que tem essa aptidão em escrever poemas, crônicas para juntar a nós na tentativa de fazer um concurso literário de abrangência do servidor municipal para incentivar a cultura, a escrita, a leitura, o contato com outras pessoas,  que estão também produzindo, a troca de ideias , isso tudo é muito saudável”, disse.

EDITORAS

Mauro explica que não publicou seus livros porque o gênero poesia, infelizmente não é valorizado pelas editoras e encontrou no Instagram e no Arteferia meios para divulgar seus textos. “Não é um gênero muito lido, então não tem muito interesse  das editoras em publicá-los”, explicou Mauro.

Cláudio Guadalupe comentou também sobre essa “marginalização da poesia”, onde o mercado literário não abre espaço para as publicações do gênero. “Na década de 70,  tivemos o movimento da poesia marginal, marginal porque estava fora do padrão das editoras. As editoras só se interessavam por escritores, que já tinham um nome, como Carlos Drummond de Andrade, que aí vende. Mas se você pega um nome novo, Paulo Leminski, que na época, ele foi um dos líderes do movimento da poesia marginal, as pessoas não conheciam, não reconheciam. Ele teve que fazer um esforço muito grande para ser reconhecido depois, e é um grande poeta”, destacou Cláudio.

 ARTE NA RUA

Essa dificuldade do mercado literário está sendo contornada pelo grupo e além da publicação dos poemas no fanzine, os escritores já estiveram presentes em eventos culturais da cidade, como o “Festival da Cultura da Universidade Estadual de Minas Gerais – UEMG” e da “Virada Cultural”, promovida pela Boutique do Livro e Prefeitura de Divinópolis. Cláudio conta que em todos esses eventos o público teve interesse e interação pelas produções. “Na Virada Cultural era meia noite e estava cheio de gente escutando poesia, falando, declamando, foi muito bom”, comentou. O grupo adianta que em breve estará presente em um sarau poético virtual em promovido pela Boutique do Livro.

Guadalupe comenta sobre outros movimentos no Brasil  com esse mesmo propósito da divulgação da poesia nas ruas. “Em Belo Horizonte, na década de 60, chegaram até a jogar poesias dos prédios para as pessoas pegarem e ler, para ver se as pessoas despertam aquilo, que tem de belo dentro de si e o belo que tem na natureza. Perceber as dimensões, que vivemos e se posicionar também, porque a poesia dá esse elemento ético de fazer as pessoas pensarem”, comentou.

 NOVOS INTEGRANTES

Os escritores destacam que o Arteferia está sempre aberto a novos integrantes. “O grupo não é fechado, está sempre aberto, sempre estamos convidando pessoas para participar”, disse Cláudio. Outra frente de trabalho do Arteferia, que teve início recentemente, é  a produção de camisas. A primeira produzida trouxe poema de Paulo Leminski, mas as próximas a ideia  é ter um poema de escritores do Arteferia e outro de poetas de destaque nacional.

Os interessados em fazer parte do grupo ou aqueles que tiverem interesse  em comprar as camisas deverão  entrar em contato pelo número (37)9-9807-5040 e falar com Cláudio Guadalupe.

Saiba mais sobre o projeto em: @coletivo.arteferia

 Reportagem: Flávia Brandão
Comunicação Sintram

 

 


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