A Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) vai investigar a vacinação contra Covid-19 de aproximadamente 500 servidores administrativos da Secretaria de Estado de Saúde (SES), que estariam fora das prioridades definidas no Plano Nacional de Imunização. Nesta quarta-feira (10), ao finalizar Reunião Especial de Plenário na qual foi ouvido o secretário Carlos Eduardo Amaral, o presidente da ALMG, deputado Agostinho Patrus (PV), exigiu a entrega imediata da lista desses servidores, sob o risco de o titular da SES ser convocado a depor em uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) e responder por improbidade administrativa.
Agostinho Patrus garantiu que a Assembleia não vai admitir o que chamou de “trem da alegria” e “escândalo nacional”. “Vamos investigar cada um desses 500 nomes, qual o risco que corriam. É uma casta que se acha privilegiada e toma vacina em local escondido. Não vamos nos contentar com essa conversinha de sigilo”, frisou, referindo-se à alegação de Carlos Eduardo Amaral sobre a privacidade dos dados.
O presidente também falou diretamente ao secretário sobre a decepção dos deputados com ele e seus comandados na SES. “Estamos em uma situação de guerra. Escolher quem sofre, quem morre ou quem vai sobreviver é algo quase divino, e de divino a Secretaria de Saúde não tem nada”, disse.
“Qual o critério para que servidores administrativos tenham sido vacinados”, indagou João Vítor Xavier “Qual o critério para que servidores administrativos tenham sido vacinados”, indagou João Vítor Xavier – Foto:Clarissa Barçante
Ao longo da reunião, que durou quase seis horas, outros deputados trataram da destinação de doses a servidores da secretaria. Um deles foi o presidente da Comissão de Saúde, deputado João Vítor Xavier (Cidadania). “Qual o critério para que servidores administrativos tenham sido vacinados e o mesmo não tenha ocorrido com outros trabalhadores como policiais militares, que trabalham diuturnamente nas ruas?”, perguntou.
RESPOSTAS
O secretário de Estado de Saúde respondeu que o Programa Nacional de Imunização determina que primeiramente seja vacinado quem está na linha de frente, lidando com a Covid-19. “Depois, a previsão é no sentido de preservar os serviços de saúde e os órgãos estruturantes funcionando. Por isso, servidores de secretarias estaduais e municipais são vacinados. Quem viabiliza um respirador chegar a determinado local e quantas vacinas serão destinadas são esses trabalhadores”, declarou.
O secretário ouviu também pedidos e questionamentos de deputados quanto à previsão e os critérios de vacinação, fornecimento de equipamentos e produção de vacinas em Minas, entre outro temas.
De acordo com ele, cerca de seis milhões de mineiros devem estar vacinados até junho. Entretanto, Carlos Eduardo Amaral ressaltou que esta é uma previsão otimista, sujeita a mudanças de acordo com a velocidade de entrega das doses pelo governo federal.
No fim da reunião, o presidente da Comissão de Saúde, deputado João Vítor Xavier, concedeu entrevista coletiva, na qual disse que o secretário se esquivou de responder as principais perguntas relativas ao combate à pandemia em Minas. Ele defendeu a abertura de uma CPI para apurar a atuação da secretaria e a denúncia da imunização de servidores fora da fila de vacinação. O líder do Governo na ALMG, deputado Gustavo Valadares (PSDB), criticou a iniciativa da CPI, que chamou de “contraproducente”. “Estamos no pior momento da pandemia e temos que nos unir”, disse.
Para justificar a vacinação de cerca de 500 servidores fora dos grupos prioritários, a Secretaria de Estado da Saúde disse em nota que muitos de seus servidores visitam hospitais, fazem viagens relacionadas a políticas públicas na área de saúde, razão pela qual são grupos prioritários. “Esses trabalhadores, desde o início da pandemia, atuam junto às equipes municipais, no enfrentamento direto à covid-19, trazendo informação qualificada para a tomada de decisão do governo estadual e para esclarecimento da sociedade, além de gerenciar insumos e equipamentos para garantir o atendimento da população”. A pasta se esquivo a falar sobre a vacinação do secretário.
Com informações da ALMG