Em depoimento emocionado, mãe de menina que morreu na UPA diz que precisa saber a causa da morte da filha

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Juliana Pinto fez seu doloroso depoimento na Câmara com uma foto da filha Thallya exposta no púlpito da Tribuna (Foto: Reprodução/TV Câmara)

“Eu quero saber o que aconteceu com minha filha, porque até agora eu estou sem entender”. Foi assim que Juliana da Silva Pinto iniciou seu pronunciamento na Tribuna Livre da Câmara Municipal, na sessão realizada nesta quinta-feira (2). Juliana é mãe da menina Thallya Beatriz, de 3 anos, que engrossa a trágica estatística de mortes ocorridas na UPA Padre Roberto Cordeiro (UPA 24h) somente esse ano. Thallya morreu na última sexta-feira (26/04).

Nesta quinta-feira (2) a Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) informou que instaurou uma sindicância para apurar a morte da criança. Segundo a nota, a sindicância vai apurar os procedimentos de atendimento à menina nos dias 24 e 26 de abril.

Na Tribuna, com uma foto da criança nas mãos e outra exposta no púlpito da Tribuna, Juliana relatou que chegou à UPA no meio da tarde de quarta-feira (24 de abril) e que a menina se queixava de fortes dores em uma das pernas. Acrescentou que só foi atendida à noite e disse que a médica, responsável pelo atendimento, foi grosseira e afirmou que a criança “não tinha nada”. Ainda segundo Juliana, a médica disse que “se a criança estivesse sentido dores, ela estaria chorando”.

“Ela [a médica] não fez nada por minha filha. Fui pra casa quase meia-noite”, contou Juliana. Ela relatou que na sexta-feira (26) o quadro da criança piorou e novamente buscou socorro na UPA. Ainda de acordo com a mãe, foram feitos alguns exames preliminares e, enquanto aguardava para seguir o atendimento, Thallya pediu para ir ao banheiro. Disse que logo depois o quadro de sua filha piorou. Contou que foi levada novamente para a triagem. “Eles falaram que minha filha estava tendo uma parada respiratória, depois colocaram que era uma convulsão. Minha filha nunca teve convulsão”, afirmou.

“Uma hora eles falam que minha filha teve convulsão, outra hora eles falam que ela estava com problemas respiratórios. Minha filha não tinha problema respiratório. Ela foi [para a UPA] com dor na perna”, disse Juliana.

Emocionada, a mãe da criança disse que quer justiça. “Eu quero saber do que a minha filha morreu”. Juliana disse que no momento da morte da criança “eles ficaram tentando reanimar ela por uma hora e meia”. Ela questiona: “Por que eles quiseram tirar minha filha rápido da UPA? Não fez autópsia, não fez nada. Eu quero saber do que minha filha morreu”.

Juliano Pinto questiona a causa-mortis que consta no documento fornecido pela UPA. “Eles colocaram que ela morreu por crise compulsiva. Minha filha não tinha crise compulsiva”.

Mãe de outros três filhos, Juliana disse que não está se alimentando, não está dormindo, não está vivendo. “Eu quero entender, eu quero justiça. Justiça pela Thallya. Não vai trazer a Thallya de volta, mas eu quero saber do que minha filha morreu”, concluiu.

SINDICÂNCIA

A morte de Thallya aumenta estatística de mortes ocorridas na UPA 24h, com graves denúncias de negligência no atendimento em todos os casos. A Prefeitura, mais uma vez anuncia uma sindicância e diz que o resultado sai em 30 dias. Espera-se que a sindicância apresente resultados transparentes, ao contrário de outras investigações envolvendo o Instituto Brasileiro de Polícias Públicas (Ibrapp), responsável pela administração da UPA, que se arrastam ao longo dos últimos dois anos sem nenhuma transparência e com o Conselho Municipal de Saúde (CMS) e a Comissão de Saúde da Câmara nos ridículos papéis de não cumprir suas funções.

Reportagem: Jotha Lee
Comunicação Sintram


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