Tentativa do prefeito de esvaziar movimento e desacreditar o Sindicato é varrida pelo apoio maciço dos moradores

Os servidores municipais da cidade de Bambuí iniciaram nesta terça-feira (24) greve por tempo indeterminado, em protesto contra a iniciativa do prefeito Firmino Júnior (Podemos), que pretende terceirizar a metade do serviço público, incluindo áreas sensíveis de toda a administração. A iniciativa do prefeito já foi aprovada pela Câmara Municipal através do Projeto de Lei Complementar 02/2025, que vai extinguir 20 cargos do Plano de Carreira, com 150 vagas. Em outro projeto ordinário, o 021/2025, também já aprovado, o prefeito foi autorizado a contratar organizações sociais que deverão assumir a terceirização desses cargos.
“Como já afirmamos, a medida é o desmonte do serviço público municipal de Bambui. A terceirização vai comprometer a prestação de serviços e o mais grave, vai reduzir drasticamente as contribuições para a Previdência dos Servidores, colocando em risco a sobrevivência do Previbam. É uma medida irresponsável, que mostra o total descompromisso com o povo bambuiense”, declara Marco Aurélio Gomes, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Divinóplis e Região Centro-Oeste (Sintram).

GREVE
Na semana passada os servidores fizeram paralisação de um dia e lotaram a Câmara em protesto contra os vereadores que aprovaram a lei a toque de caixa e sem discussão com a categoria. O prefeito se negou a dialogar com os servidores na presença do Sintram e não respondeu ao ofício encaminhado pelo sindicato pedindo a abertura das negociações.
A greve foi deflagrada na manhã desta terça-feira (24), com adesão de um expressivo número de servidores municipais. Cerca de 10% da categoria continua trabalhando para atender a Lei de Greve. O prefeito também sofreu derrota nas ruas. O levantamento fechado no fim da manhã indica que 80% dos professores da rede municipal aderiram ao movimento.
A população de Bambuí, mesmo sabendo que a greve causa transtornos, está apoiando o movimento dos servidores e também se posicionou contra a terceirização dos serviços públicos.
No início da manhã os servidores iniciaram a concentração em frente à Prefeitura e mães de estudantes, que estão sem aulas, decidiram engrossar a concentração. Dezenas de mães já passaram pela praça onde os servidores estão concentrados para expressar apoio à paralisação.
Ontem a comunidade escolar divulgou uma nota em apoio aos servidores. Veja a íntegra da nota:

“Nós, mães de alunos da rede pública municipal, manifestamos nossa profunda preocupação com a intenção da Prefeitura de terceirizar os funcionários públicos que atuam nas escolas.
Essa medida, se concretizada, trará prejuízos diretos à qualidade do ensino e ao cuidado com nossos filhos. A presença dos servidores concursados garante estabilidade, compromisso e vínculo com a comunidade escolar — algo que a terceirização não assegura.
Além disso, a greve causada por essa proposta tem deixado milhares de crianças sem aula e nós, mães trabalhadoras, sem alternativa para garantir os cuidados e a educação de nossos filhos.
Pedimos que o senhor prefeito repense essa decisão. Queremos uma escola pública de qualidade, com servidores valorizados e comprometidos, e não uma educação precarizada.
Educação é um direito. Nossos filhos merecem respeito.
Atenciosamente,
Mães da Comunidade Escolar
CÂMARA
Na noite desta segunda-feira (23), na reunião da Câmara Municipal, totalmente controlada pelo prefeito, mais uma vez o Sintram foi impedido de usar a tribuna. Embora o plenário estivesse lotado com a presença dos servidores, o presidente da Câmara, seguido pelos vereadores do prefeito, não demonstraram nenhum interesse para encontrar uma solução.
Ao final da reunião, sob os gritos dos servidores de “vergonha”, vereadores deixaram a Câmara literalmente correndo para fugir da categoria.
“Lamentamos muito a omissão da Câmara, que nesse caso não está representando o povo e sim o prefeito. A Câmara já mostrou sua irresponsabilidade ao aprovar a terceirização dos serviços e agora, mais uma vez, mostra total descompromisso com a cidade e com os servidores agindo como testa de ferro do prefeito e não atuando para se chegar a uma solução. Nosso movimento é forte, temos o apoio do povo que já entendeu que o prefeito quer entregar a cidade para organizações duvidosas e sem transparência. O Sindicato está aqui e vai permanecer ao lado dos servidores, defendendo intransigentemente seus interesses e por consequência os interesses dos cidadãos de bem de Bambui, antes que o prefeito venda a cidade como se fosse mercadoria de sua propriedade”, declarou o presidente do Sintram, Marco Aurélio Gomes.
Reportagem: Jotha Lee
Sintram Comunicação