Quatro homens foram presos no fim da tarde desta terça-feira (23) no Centro Administrativo da Prefeitura de Divinópolis por agentes da Polícia Federal. O que se sabe até agora é que a quadrilha tentou extorquir um secretário municipal, chegando a ameaçá-lo de morte. Os golpistas exigiam parte de um recurso de R$ 2 milhões, enviados em agosto do ano para a Prefeitura de Divinópolis pelo Ministério da Cultura, via Lei Paulo Gustavo.
Até o momento a Polícia Federal ainda não detalhou a ação. Informou apenas que tão logo recebeu a denúncia da ação dos golpistas, foram iniciadas as diligências para a prisão da quadrilha. Os quatro homens foram levados para a Delegacia da Polícia Federal em Divinópolis, onde foi lavrado o auto de prisão em flagrante pelo crime de extorsão.
A Prefeitura de Divinópolis não comenta o caso. Ao Portal do Sintram, a vice-prefeita Janete Aparecida da Silva (Avante) disse apenas que os detalhes serão fornecidos pela Polícia Federal. O Portal do Sintram aguarda uma resposta da PF ao pedido de informações.
SITE DETALHA AÇÃO
De acordo com o site O FATOR, em 2023, um grupo de lobistas teria se aproximado de um secretário da Prefeitura de Divinópolis apresentando uma proposta de destinar cerca de R$ 2 milhões via Lei Paulo Gustavo, de incentivo à cultura, para o município e, quando o recurso chegasse, uma licitação de fachada seria aberta para a distribuição dos valores. No plano dos investigados, a empresa deles venceria o certame, ficando com metade do recurso. O fato foi então denunciado à Polícia Federal que passou a acompanhar o caso.
Em agosto do ano passado, o repasse foi autorizado pelo governo federal e os R$ 2 milhões foram depositados na conta da Prefeitura. Entretanto, ao contrário da combinação feita com os lobistas, a Prefeitura destinou os repasses da verba para artistas locais, sem abrir licitação. Nesta quarta-feira (24), na sede da Settrans, a Prefeitura realiza solenidade para a entrega dos certificados para os artistas contemplados com a verba. A solenidade estava marcada para a última segunda-feira, dia 22, no Centro Administrativo, e foi adiada em cima da hora, com mudança de local e horário, segundo a prefeitura “devido a mudanças técnicas”.
Segundo o site, na manhã desta terça-feira (23), o grupo de lobistas se exaltou contra um dos secretários e exigiu uma reunião presencial às 17h, dentro da sede da prefeitura, para cobrar os valores. A PF voltou a ser acionada, já que o encontro poderia, de fato, levar risco à vida dos envolvidos.
SEGUNDA VEZ
A prisão dos quatro golpistas nesta terça-feira confirma a fragilidade da segurança no Centro Administrativo, que já havia sido exposta no dia 27 de julho do ano passado, quando dois comerciantes perderam R$ 120 mil. Eles viajaram 514 quilômetros, de Montes Claros, no Norte de Minas, a Divinópolis, atraídos por um falso leilão de pneus. As negociações entre os golpistas e os comerciantes foram feitas via Whathsapp e eles foram induzidos a acreditar que poderiam arrematar 70 pneus. Os três golpistas – dois homens e uma mulher – se passaram por funcionários da Receita Federal e da Prefeitura de Divinópolis.
A quadrilha agiu com tamanha segurança e ousadia, que o Centro Administrativo na Avenida Paraná – prédio que concentra toda estrutura administrativa da prefeitura de Divinópolis – foi utilizado pelos golpistas para receber os comerciantes de Montes Claros.
Na negociação, os golpistas informaram que os pneus deveriam ser retirados na sede da Prefeitura. Os dois compradores receberam uma nota fiscal falsa e foram informados que os pneus se encontravam nos fundos do prédio da Prefeitura. O pagamento, em dinheiro vivo, foi feito no quarto andar do Centro Administrativo, onde estão os gabinetes do prefeito e da vice-prefeita.
Logo após receberem o dinheiro, os golpistas deixaram o local e informaram que voltariam em 10 minutos para a entrega do material. Depois de uma longa espera, os comerciantes entenderam que haviam caído em um golpe e chamaram a polícia.
INSEGURANÇA
Os dois episódios, ocorridos em seis meses, demonstram a fragilidade da segurança no Centro Administrativo, onde trabalham pouco mais de 500 servidores e com um grande público rotativo, que busca prestação de serviços.
A tentativa de extorsão ocorrida nesta terça-feira confirma que é preciso rever a segurança do prédio. Um servidor foi ameaçado de morte e o fato envolvendo verbas públicas federais, aponta que pode haver mais envolvidos na tentativa de extorsão.
Reportagem: Jotha Lee
Comunicação Sintram