Horários são cortados sem prévio aviso e passageiros esperam até duas horas

Início de noite desta segunda-feira (22), com muita chuva em Divinópolis entre 17 e 19h30 e dezenas de usuários do transporte coletivo de Divinópolis ficaram sem ônibus nesse período. Exatamente por se tratar do horário de retorno de milhares de trabalhadores após um exaustivo dia de trabalho, foi fácil identificar nos pontos de ônibus pessoas cansadas e revoltadas por não ter como retornar para casa. Especialmente em um dia de chuva inesperada, o que torna as cosias ainda mais difíceis para quem precisa utilizar o transporte público.
A faxineira Celeste Raimunda (41 anos) moradora do Bairro Maria Helena estava entre os usuários sem transporte ontem entre 17h e 19h30. Ela aguardava o ônibus no ponto da Rua Pernambuco, quase esquina com Avenida Getúlio Vargas e conta que há mais de dois meses os usuários não sabem se podem ou não contar com o ônibus de reforço nesse horário. “A situação está uma bagunça. Tem dia que o reforço vem, quando vem passa com 20 minutos até meia hora de atraso e na maioria dos dias, como hoje, o ônibus não vem e a gente tem que ficar aqui quase duas horas, porque para o Bairro Maria Helena só tem uma opção de ônibus”, contou a usuária.

A reportagem do Portal do Sintram conversou com alguns motoristas da Trancid e ouviu denúncias sérias. Sobre os ônibus que fazem o reforço em várias linhas que atendem as regiões Sudeste e Nordeste da cidade, um motorista disse que o problema é a falta de veículos. “Quando o reforço não vem é porque o ônibus está na manutenção. Aí não tem outro carro para atender e simplesmente o reforço não vem. Se a manutenção atrasa, o reforço também atrasa para o passageiro”, contou. Também houve denúncias de ônibus rodando com problemas mecânicos, que colocam em risco os usuários.
Diante das denúncias, a reportagem fez ontem a noite o percurso da linha 16, que atende regularmente aos bairros Maria Helena e Mangabeiras e constatou que os problemas são realmente graves. O veículo perdia tração em aclives, como aconteceu na subida da Rua Goiás, no Porto Velho e os freios apresentavam aquele ruído tradicional de falta de fluído. Um mecânico explica que a falta do fluído diminui a capacidade de frenagem, podendo causar a perda total dos freios, e aumenta os riscos de acidentes graves.
Mais indignado, José Luís de Sousa (52 anos), que trabalha como cobrador de uma instituição beneficente, entende que a responsabilidade é da Prefeitura. Ele estava no ônibus da linha 16. “Cadê o prefeito? Ele fala que Divinópolis tem prefeito, será que tem mesmo? Ele [prefeito] prometeu que ia resolver esse problema dos ônibus, que ia tirar a Trancid, que ia fazer isso e aquilo. Fez? Não fez nada e a gente fica sendo feito de bobo esperando duas horas pra voltar pra casa”.
A reportagem constatou que o “apagão” nos ônibus de reforço atinge vários bairros da cidade, o que ocasiona superlotação e atrasos nas linhas regulares. O efeito dominó causa prejuízo, cansaço e impaciência de centenas de usuários todos os dias. Não há fiscalização da Prefeitura para verificar essas situações, o que permite o descumprimento contratual.
Reportagem: Jotha Lee
Sintram Comunicação