Os áudios da portaria do condomínio onde mora o presidente Jair Baolsonaro no qual os dois suspeitos de terem assassinado a vereadora Marielle Franco se encontraram horas antes do crime só foram periciados um dia após a divulgação do depoimento do porteiro pelo Jornal Nacional e a análise ficou pronta em aproximadamente 2h25.
A perícia da gravação foi solicitada oficialmente às 13h05m11s desta quarta-feira (30). Por volta das 15h30, após a análise, o Ministério Público (MP) afirmou que o porteiro mentiu e que Élcio Queiroz não recebeu autorização para entrar pela casa 58, onde fica uma residência do presidente Jair Bolsonaro (PSL).
AUTORIZAÇÃO DO STF
O MP tinha acesso a essas gravações pelo menos desde 14 de outubro. No dia 15, os áudios foram enviados à perícia, mas a formalização dos critérios da análise só foi feita nesta quarta-feira (30). As informações são do Estado de S. Paulo.
Na solicitação da perícia, todas as sete perguntas feitas pelo MP são referentes à casa 65/66, onde mora o policial militar aposentado Ronnie Lessa, que também é suspeito no crime. Como Bolsonaro é presidente, uma possível investigação contra ele precisaria da autorização do Supremo Tribunal Federal (STF).
Em reportagem da Folha de S. Paulo, peritos defenderam que a análise apresentada pelo MP deixou lacunas. De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Criminalística, Leandro Cerqueira, não é possível identificar se um arquivo foi apagado ou renomeado, sem acesso à máquina em que as gravações foram geradas.
Já a Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais disse à Folha que é temerário o possível arquivamento de uma notícia de fato sem o devido exame pericial oficial. A instituição acredita que isso abre espaço para uma guerra de versões e opiniões distante dos fatos.
PORTEIRO MENCIONOU BOLSONARO
Na terça-feira (29), o Jornal Nacional divulgou que o porteiro do condomínio de Bolsonaro, no Rio de Janeiro, havia mencionado o nome do militar em um depoimento à polícia do Rio, no âmbito da investigação que apura o assassinato da vereadora Marielle Franco e de Anderson Gomes.
De acordo com a reportagem, o funcionário afirmou que um dos suspeitos de matar a vereadora esteve na região horas antes do crime e teve autorização de alguém identificado como o “senhor Jair”, na casa 58, onde mora o presidente, para entrar. O ex-policial Elcio Queiroz, no entanto, dirigiu-se para a casa de outro suspeito que também mora no condomínio, Ronnie Lessa. Naquela data, Bolsonaro estava em Brasília, participando de atividades na Câmara. Ambas as informações estavam na reportagem da Globo.
Fonte: Estadão Conteúdo