
A situação dos moradores de rua ganhou espaço esse ano, após o prefeito Gleidson Azevedo (Novo) e o vereador Matheus Dias (Avante), acusarem municípios vizinhos de estarem retirando essa população de suas cidades e enviando para Divinópolis. O discurso do prefeito e do vereador inflamou parcela da população de alto poder aquisitivo, que se sente incomodada com a presença dos sem-teto morando nas ruas da cidade. Até a Igreja Católica, cuja orientação é de acolhimento, se mostrou incomodada com a presença da população de rua próxima ao Santuário de Santo Antônio.
O fato ocorreu no início do mês de setembro vindo a seguir uma acalorada discussão, que culminou em um discurso de ódio de um pastor evangélico, uma investigação no MP e um pedido de cassação na Câmara do prefeito e do vereador. Na Câmara, o pedido de cassação, como era amplamente aguardado, foi engavetado. O MP ainda não deu nenhuma resposta sobre um provável procedimento investigatório ao discurso de ódio promovido pelo pastor Wilson Botelho, que falou até em matar cidadãos residentes nas ruas.
Também foram ignoradas denúncias de atendimento discriminatório aos moradores de rua pelas entidades assistenciais que prestam o serviço de acolhimento através de convênios com o município. O que poderia ser um debate para buscar soluções conjuntas, acabou se transformando na demonização de uma população que vive nas ruas, em sua maioria absoluta por falta de opção e envolvimento com drogas.
QUASE R$ 3 MILHÕES
No dia 14 de setembro, ainda no calor do debate, em nota publicada no site da Prefeitura, a Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas) informou que conta com dois equipamentos para acolhimento de adultos e famílias em situação de rua. A Casa de Passagem São Francisco de Assis e Casa de Acolhimento Santa Teresa de Calcutá.
Ainda segundo a Semas, a Casa de Passagem São Francisco de Assis oferece atendimento 24 horas de forma imediata e emergencial para pessoas em situação de rua e desabrigo, por motivos de abandono, migração e ausência de residência. Ainda oferece, das 13h às 16h, refeição e condições de higiene, banho e atendimento psicossocial para as pessoas que não aderem ao acolhimento. O serviço tem capacidade para 20 pessoas. A Casa de Passagem fica na rua do Chumbo nº 297 no bairro Niterói. O telefone para contado é o (37) 3213-8390.
Já a Casa de Acolhimento Santa Teresa, segundo a Semas, oferece abrigo a pessoas de ambos os sexos que se encontram em situação de rua, desabrigo por motivos de abandono, migração, ausência de residência, sem condições de autossustento, pobreza absoluta e vínculos familiares interrompidos. Conta com equipe técnica composta por psicólogo e assistente social. Tem capacidade para 20 pessoas e está localizada na Avenida Primeiro de Junho, n°15, no Centro.
Essas duas casas são administradas pela Associação Imaculada Conceição, que por sua vez pertence ao Movimento Católico Sacramento de Amor. Esse ano a Associação Imaculada Conceição teve verbas da ordem de R$ 2.985.271,09 em recursos públicos. Para a Casa Santa Isabel foram destinados R$ 1.070.557,23, enquanto para a Casa São Francisco a verba nesse ano totalizará R$ 1.162.162,96. A Associação Imaculada Conceição recebeu, ainda, mais R$ 752.550,90 para outros fins. Esses valores podem ser conferidos no Portal Transparência da Prefeitura de Divinópolis.
Reportagem: Jotha Lee
Sintram Comunicação